Interior

A um mês da festa, Paulo Jacinto se prepara para o tradicional Baile da Chita

Vendas de mesas e ingressos individuais já iniciaram e expectativa de público é de mais de 900 pessoas

Por Lucas França / Tribuna Hoje 20/06/2024 16h09 - Atualizado em 20/06/2024 16h33
A um mês da festa, Paulo Jacinto se prepara para o tradicional Baile da Chita
Baile da Chita reúne gerações de famílias - Foto: Reprodução

Desde que foi anunciado o 72º Baile da Chita, os paulojacintenses não falam em outra coisa. Faltando exatamente um mês para o grande dia, a cidade já se prepara para receber os visitantes e comemorar o maior evento cultural e histórico do município. O 6º Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural de Alagoas será realizado no dia 20 de julho às 23h no Clube Cultural Recreativo PauloJacintense (CRPJ). E a estimativa de público para essa edição é de mais de 900 pessoas.

Além de ser um patrimônio alagoano, o Baile da Chita também se tornou uma marca ao ser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Desde sua divulgação, a procura por ingressos e mesas está sendo intensa, conforme a diretoria do clube. Elvis Pereira e Renato Nascimento, membros da diretoria do CRPJ e da organização do Baile da Chita, afirmam que quase 100% das mesas já foram vendidas/reservadas.

“Seu valor histórico é imensurável para todo o povo de Paulo Jacinto. A cidade já está no clima da festa e as pousadas e restaurantes se preparando para receber os visitantes. Desde a divulgação já vendemos 100 das 110 mesas que serão colocadas nesta edição’’, disse os diretores.

Para Elvis, a expectativa é de mais um ano brilhante, com casa cheia e muita animação por parte das atrações musicais e do público que se fará presente. “Salientamos que o clube conta com o apoio da Prefeitura Municipal e outros parceiros que contribuem para a realização do Tradicional Baile da Chita”.

Este ano, as mesas estão sendo comercializadas por R$ 250 e o ingresso individual por R$ 50. O Baile da Chita é um evento histórico, cultural e sociopolítico de Alagoas e sua realização é muito importante porque estará dando prosseguimento à cultura que foi o pontapé inicial da emancipação política da cidade.

Pauta de diversas reportagens especiais na mídia local e regional, temas de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o famoso baile terá como atrações a Banda Forró Maior e a Orquestra Golden Time.

Izabelle Pereira Mendonça, 16 anos, rainha da edição 2024 do Baile da Chita (Foto: Acervo pessoal)



ECONOMIA E TRADIÇÃO


No período da festa, a movimentação na cidade aumenta. Gerando mais renda para o comércio local. Nessa época as costureiras da cidade faturam, pois muita gente quer ir seguindo a tradição e acaba em busca das profissionais para fazer suas roupas com o tecido chita.

Além de pousadas e restaurantes, quem também fatura com o baile são os pequenos comerciantes e ambulantes que acabam vendendo seus produtos nos arredores do clube.

E como todo baile que se preze, este também tem uma rainha. E ela já foi escolhida pela direção do CRPJ,  a estudante Izabelle Pereira Mendonça, 16 anos, vai representar todas as jovens da cidade nesta edição.

ORIGEM


A história do baile está diretamente ligada à história do município, uma vez que é um ano mais antigo do que a própria cidade, justamente porque o baile foi organizado com o propósito de angariar fundos (recursos) para emancipar a cidade que pertencia a Quebrangulo.

O evento surgiu após várias reuniões entre Josefa Barbosa (a idealizadora), José Aurino de Barros (in memorian), e outros membros da comunidade, que discutiam o que fazer para pagar o advogado e emancipar o povoado que pertencia a Quebrangulo.

Evento agrega outras tradições históricas


Nos preparativos para o primeiro baile, Josefa teve a ideia de colocar uma rainha, uma vez que o baile seria realizado após os festejos juninos, no mês de julho. A rainha era eleita através dos fundos adquiridos, a que mais arrecadasse dinheiro na venda de rifas e bingos seria a eleita. Todos esses acontecimentos se deram por volta da década de 1950.

Como uma forma de dar continuidade à tradição, a escolha da rainha ainda acontece, com algumas modificações. Como não se trata de arrecadação de dinheiro para emancipação, atualmente a escolha da rainha é feita com votos dos diretores ou associados do clube. Para participar deste momento a jovem tem que obedecer a alguns requisitos como, por exemplo, ter idade entre 15 e 18 anos, ser natural da cidade ou morar na cidade.

MUSICALIDADE


A música também se tornou importante. Na época, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá pelos paulojacintenses, por se tornar a chamada de abertura do evento. À época, Luiz Gonzaga estava de passagem pela região Nordeste e ao saber que sua música era considerada a chamada de abertura do baile, em agradecimento e por convite do senhor José Aurino de Barros, prefeito nomeado em 1953, fez questão de realizar um show na cidade já emancipada. Até hoje a música Propriá, ainda é tocada pelas bandas e orquestras convidadas, na abertura do baile, e inclusive ganhou uma paródia cantada por artistas locais e a filha da idealizadora da festa a cantora alagoana Leureny Barros, que foi uma das primeiras rainhas.