No dia 15 de agosto acontece a bicentenária Festa de Meado de Agosto na comunidade Quilombo Lunga, em Taquarana, reunindo fazedores, fazedoras e convidados especiais para celebrar a resistência e a ancestralidade do povo quilombola em Alagoas. O tema desta edição é "Direitos Culturais dos Territórios Quilombolas e o Repasse de Saberes e Suas Cadeias Produtivas e Criativas na Cultura Alagoana", e também faz homenagem ao Mestre Elmiro e o poder da cultura quilombola.

Todos os anos a Festa movimenta a comunidade e toda a Alagoas para o ritual de agradecimento da colheita em terras de sobreviventes, ocupadas por remanescentes da guerra contra o Quilombo dos Palmares. Além disso, também homenageia a história e a cultura da comunidade com muita dança, música, celebrações e ensinamentos ancestrais. Nesta edição, a Festa promete a volta de sua estrutura de palco e shows, além de procissão, leilão, Roda de Diálogos com convidados especiais e o tradicional Ritual do Palácio de Ogum no Rio Lunga.

A Festa do Meado fará homenagem ao Mestre Elmiro, que faleceu em maio deste ano, e que era um grande agricultor e contador de histórias orais e populares sobre a ancestralidade da comunidade Quilombo Lunga, principalmente para os mais jovens. Para o professor e fotógrafo Jadir Pereira, o Mestre Elmiro era uma enciclopédia viva que fazia crescer os conhecimentos através da oratória para os mais novos: “O Quilombo Lunga perdeu, neste ano, uma grande enciclopédia de conhecimentos orais e populares. O camponês quilombola, enraizado com sua terra e cultura, era presença marcante na Festa de Meado de Agosto, onde celebrava junto com a comunidade a colheita do ano. Mestre Elmiro, que era um narrador por excelência, agora habita o sagrado, tal como me ensinou uma vez a liderança quilombola Tonha do Espírito Santo: “nossos mortos estão vivos”. Mestre Elmiro, presente!."

Para o contramestre Gilvânio Araújo, do Instituto Bico de Fulô, Mestre Elmiro foi sinônimo de gratidão pelos ensinamentos em sua vida: “O Mestre Elmiro é um legado para o Quilombo e as comunidades de outros lugares, pois ele é um símbolo de resistência e subsistência com o seu espírito guerreiro. Foi um grande prazer ter passado cerca de 14 anos convivendo com ele na comunidade, ele me ajudou muito a ensinar aos mais jovens durante as aulas de capoeira. E também me ensinou muito sobre a vida”.

Mais uma edição da festa está sendo coordenada pela produtora cultural e relações públicas Keka Rabelo, que opera com núcleos de produção cultural e comunicação comunitária em diversos territórios, e sobre isso ela nos conta que: "Como produtora cultural, me sinto lisonjeada em acompanhar esse território há 15 anos. A importância de se debater os direitos dos territórios culturais em Alagoas é urgente, e fazer isso numa festa bicentenária do Povo Lunga nos coloca na vanguarda dos que estão no campo da memória", disse Rabelo.

Sobre a importância da realização do projeto, o Deputado Paulão fala que: "Tenho orgulho de ser parceiro desse projeto que resgata e celebra a resistência dos povos quilombolas em terras alagoanas. A importância de manter vivo seus costumes, tradições e história de lutas para cultura de Alagoas e do Brasil", disse o Deputado.

Para quem participa da organização da Festa desde os 6 anos de idade e acompanhou a grande matriarca Mestra Firmina Mercê de Jesus, Antônia do Espírito Santo, ou Tonha como é mais conhecida, nos conta como está contente pela volta ao formato normal da Festa que tem mais de 200 anos de tradição: “Passamos 3 anos com a programação reduzida por conta da pandemia, mas nunca deixamos a nossa tradição morrer. Sempre fizemos as nossas celebrações festejando junto da nossa comunidade, que nunca deixou de acreditar no nosso propósito. Meu tio, Mestre Elmiro, ficava muito feliz quando pensava na Festa, e eu sei, assim como ele me disse, que estará sempre presente conosco”, conclui.

Como de costume, a programação começa às 6h30 da manhã e segue com apresentações culturais de música, performance, arte, ritual afro brasileiro, roda de diálogo, leilão, procissão, capoeira, oficinas, e compartilhamento de conhecimentos entre todos os presentes.

Contato para fechamento de pauta: +55 82 8849-2085 / +55 82 98220-3194

PROGRAMAÇÃO

6h30- Ritual Afro Brasileiro/ Catiço/Saravá - Rio Lunga

10h- Roda de diálogos: Direitos Culturais dos Territórios Quilombolas e o Repasse de Saberes e Suas Cadeias Produtivas e Criativas na Cultura Alagoana

12h- Procissão e Terço Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

13h- Leilão

14h30- Apresentação no palco

Baianas do Quilombo Oiteiro - Penedo

Afoxé Ofa Omim

Batuque Mundaú - convidadas Edilza Batista e Roseane Santos

Coco Sensashow

Grupo Circularte

Luiz de Assis Sound System

O Canto Delas

Espetáculo do Mamulengo Caxapá

Roberto Rasta

Alexandre Cordatto

18h - Instituto Bico de Fulô e seus segmentos (Forropoeira, Oficina com público, Samba de Roda, Puxada de rede, Roda de carro-de-boi, Maculelê e Coco de Roda).

Texto escrito por Pei Shung Fon, relações públicas do Projeto de emenda parlamentar Memória e Produção em Territórios Culturais/AL (Consciência Lunga e Mundaú Lagoa Aberta) – do Termo de fomento n. 929345/2022 proposto pelo Gabinete do Deputado Paulão através do Ministério do Turismo.

📍Realização:

Quintal Cultural e Quilombo Lunga

📍 Coordenação Geral:

Keka Rabelo e Instituto Bico de Fulô

📍 Coordenação Técnica:

Instituto Ideal, Coletivo Nois q Faiz, Kuka Melo Empreendimentos

📍 Coordenação de comunicação:

Projeto Bureau Comunicação Comunitária do eixo de desenvolvimento social da Agerrp Ufal, coordenado pela professora Manuela Callou.

SERVIÇO:

Bicentenária Festa do Meado de Agosto 2023 acontece com tema Direitos Culturais dos Territórios Quilombolas e o Repasse de Saberes e Suas Cadeias Produtivas na Cultura Alagoana

Local: Quilombo Lunga, em Taquarana

Data: 15 de agosto de 2023

Horário: a partir das 6h30

Mais informações: @quilombolunga @kekarabelo @quintalcultural @movimentodospovosdaslagoas