Interior
Projeto registra nascimento inédito
Filhote de peixe-boi nasceu em ambiente natural monitorado em Porto de Pedras e terá nome escolhido em campanha do ICMBio
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Um nascimento inédito de peixe-boi foi registrado esta semana pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Costa dos Corais. O filhote é o primeiro a nascer em ambiente natural monitorado, chamado de recinto de aclimatação. O nome do animal, uma fêmea, será definido em campanha realizada pelo órgão.
A médica veterinária do ICMBio Fernanda Attademo explica que a filhote nasceu com tamanho e peso menores que o normal, 95cm e cerca de 12 quilos. Normalmente a espécie nasce com medidas a partir de 1 metro e entre 20 e 35 quilos. O nascimento, segundo a especialista, é um marco de sucesso para o projeto.
“O nascimento ocorreu na madrugada de ontem [terça-feira, 26], não sabemos a hora ao certo. O filhote estava sendo esperado, mas não se sabia a data de nascimento. Ao amanhecer, a equipe do ICMBio verificou que o nascimento havia ocorrido e imediatamente começou um intenso monitoramento, o qual tem ocorrido 24h, desde então. Na terça-feira mãe e filhote estavam ainda bastante estressados e somente à noite ela começou a amamentação”, detalha.
O feito é inédito porque até então não há registro de nascimento de peixe-boi nesse tipo de ambiente, os recintos de aclimatação, apenas em ambientes artificiais ou após a soltura. Fernanda Attademo destaca que estes locais servem para a adaptação do animal na transição dos cuidados em cativeiro à natureza.
“Nestes locais, eles têm contato com o ambiente, com outras espécies animais e mesmo com outros peixes-boi. Por isso que se chama recinto de aclimatação. Pois eles vão se aclimatar ao ambiente, até estarem prontos para serem soltos. Ter contato com tudo que vai encontrar, mas ainda sob os nossos cuidados e olhares, até estar apto. Em geral, a média são cinco anos. Mas este filhote é o primeiro que nasceu em um recinto de aclimatação no Brasil e, até onde eu sei, do mundo. Vai poder nos dar respostas até sobre as melhores formas de cuidar dos animais. Mas não temos como saber quanto tempo poderemos soltar este. Porque ele já nasceu em recinto de aclimatação. Teoricamente, ele não tem que passar por este período de adaptação, somente ter independência da mãe. Mas só com o tempo saberemos como vai ser. Até porque, ela ainda está nos primeiros cuidados. Os primeiros dias são sempre delicados”, diz.
Mãe Paty é monitorada pelo ICMBio desde 2014, quando foi resgatada
Conhecida por Paty, a mãe do peixe-boi que acaba de nascer em Porto de Pedras está sob os cuidados das equipes do ICMBio desde 2014 quando foi resgatada. No ano passado, ela estava pronta para a soltura na natureza, mas precisou ficar mais um tempo ao ser constatada a gravidez. Agora, ambos animais passarão por monitoramento por pelo menos dois anos.
“A Paty, a mãe. Já estava pronta para ser solta. Não foi porque estava grávida. Então iremos avaliar sempre, até o momento em que estiverem prontos. E aí decidir se serão soltos juntos ou não e em quanto tempo. Mas ainda é cedo para termos a resposta: é o primeiro nascimento que se tem registro em aclimatação. Em geral, os filhotes passam 2 anos com a mãe. Antes disso, separados com certeza não podem ser. Mas sobre o momento da soltura ainda é cedo pra saber. Daqui um ano, poderemos começar a ter respostas sobre isso. Mas por enquanto é observar, estudar e fazer o melhor pela saúde dos dois. O filhote, por ser muito menor que o descrito para a espécie, vai requerer cuidados ainda mais especiais”, pontua.
Além de ser muito significativo para o projeto peixe-boi, o nascimento também vai ajudar os pesquisadores a entender o comportamento dos animais.
“Vai ser possível a gente observar como é o comportamento da mãe e do filhote, em ambiente natural. Nós estamos fazendo a avaliação do comportamento e também de captação de som (vocalização) dos animais em parceria com a UFPE [Universidade Federal de Pernambuco]. A equipe da UFPE está gravando o som, em ambiente natural deste comportamento. Com isso, poderemos saber, por exemplo, como é a comunicação após o parto em ambiente natural e, quando tiverem encalhes de filhotes, como podemos fazer melhor por eles. Sempre buscando as melhores condições e respostas para os peixes-boi”, afirma.
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