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De avô para neta, tradição do Guerreiro resiste em Arapiraca

Patrimônio Vivo de Alagoas, Mestre Elias vê a pequena Julhinha dar os primeiros passos na dança no Asa Branca

Por Davi Salsa - Sucursal Arapiraca com Tribuna Independente 02/04/2022 11h50 - Atualizado em 02/04/2022 16h54
De avô para neta, tradição do Guerreiro resiste em Arapiraca
Julhinha iniciou os primeiros passos na dança aos 7 anos e já tem sonho de ser dona do Guerreiro Asa Branca - Foto: Carlos Magno / Cortesia

A simbologia do número 7 tem um significado todo especial nas vidas do Mestre Elias Fortunato, de 80 anos, e da pequena Julhinha, de 11 anos.

Em Arapiraca, avô e neta mantêm a tradição e a resistência do Guerreiro, manifestação popular genuinamente alagoana, resultante da fusão de Reisados Alagoanos, do antigo Auto dos Caboclinhos, Chegança e Pastoris.

Criado pelo Mestre Elias, o Guerreiro Asa Branca surgiu muitos anos depois de ele ter brincado em vários grupos de guerreiros, no município de Coité do Nóia, desde os sete anos de idade.

Formado atualmente por 30 pessoas, com idade entre 12 e 50 anos, o grupo folclórico realiza ensaios na própria comunidade e faz apresentações em eventos promovidos pela Secretaria Municipal de Cultura entre outras instituições públicas da cidade.

Mestre Elias recebeu do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, o título de Patrimônio Vivo de Alagoas - um reconhecimento à pessoa que detenha os conhecimentos e técnicas necessárias para a preservação dos aspectos da cultura tradicional ou popular de uma comunidade.

Seguindo os passos de seu avô, a pequena Julhinha iniciou as primeiras danças, também aos sete anos de idade, e tem um sonho: ser dona do Guerreiro Asa Branca.

A mais recente apresentação da dupla aconteceu no último dia 25 de março, no campus do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Arapiraca, durante a inauguração do laboratório profissionalizante Espaço 4.0.

Para Mestre Elias, a cultura popular vale mais que ouro. “O Guerreiro representa tudo na minha vida”, acrescenta.

Nas apresentações que faz pela cidade, entre outras regiões de Alagoas, o grupo se destaca pela dança e a estética da ornamentação, como os grandes chapéus em formato de igreja, com pedaços de espelhos, fitas, cores e brilhos que acompanham os batuques do tambor, sanfona e pandeiros.

Símbolo de resistência, o Guerreiro é uma manifestação cultural que faz mais parte do período natalino, igualmente como o Reisado, a Chegança, o Fandango, entre outros grupos folclóricos.

“Sou um homem feliz em ver minha neta e outros jovens que se interessam por nossa cultura. Tem recompensa maior do que essa?”, indaga emocionado Mestre Elias.