Interior
Aumento da vazão do Rio São Francisco impacta na captação de água
Volume registrado é o maior desde 2009 e influencia diretamente no funcionamento dos equipamentos que abastecem cidades alagoanas
Com o aumento de vazão do Rio São Francisco, o maior dos últimos 13 anos, o nível passou de 800 m³/s para 4000 m³/s desde janeiro com elevação entre dois e três metros nas margens. Isto tem impactado diretamente na paisagem ribeirinha e também nas atividades que dependem do nível das águas. Exemplo disso é a captação para abastecimento humano. De acordo com a Agreste Saneamento, o volume foi tamanho que impactou, inclusive, nos equipamentos preparados para este tipo de situação.
"O maior nível do manancial tem interferência direta em nossas captações. De certa forma, traz benefícios para algumas unidades, a exemplo da captação de Traipu. No entanto, a abertura das comportas ao longo da bacia do São Francisco faz com que diversos materiais orgânicos sejam carreados, o que pode adentrar nas sucções, danificando os equipamentos de bombeamento", detalha Marcello Cardoso, gerente operacional da Agreste Saneamento.
Ele explica que a empresa já conta com proteção em suas captações para a segurança dos bombeadores. No Sistema Coletivo do Agreste (SCA) a proteção está no poço de sucção da captação, para evitar que resíduos levados pela água atinjam os conjuntos motobombas. “Entretanto, com o aumento no nível do Rio em quase 80%, a água ficou acima de nossas proteções, deixando os bombeadores expostos, o que comprometeu uma bomba, resultando na redução da vazão de produção. É algo inédito até para equipamentos preparados para situações de cheia”, esclarece Cardoso.
O gestor explica que desde o primeiro anúncio de aumento de vazão, ocorrido em janeiro, a empresa já vinha se preparando para eventuais transtornos, o que permitiu que a resposta fosse rápida e a captação normalizada o mais rápido possível. Vale lembrar que a elevação do nível de liberação dos reservatórios das hidrelétricas vem acontecendo de forma gradual desde 24 de janeiro até o pico no fim do mesmo mês.
Marcello reforça ainda que a Agreste busca manter o compromisso com a população na entrega de água e imediatamente tomou ações para resolver as situações ocorridas nas captações. Foram realizadas manutenções dos bombeadores prejudicados, instalação de novos crivos e ainda dado início à aquisição de bombas para captação, reforçando o sistema de backup.
Duas bombas novas estão em fabricação para captação em Morro do Gaia e locação de equipamentos reservas em andamento. “Entendemos que a situação gera desconforto, contudo, estamos empenhados em manter o nosso compromisso, que é atender sempre com qualidade, continuidade e excelência", ressalta.
O prazo de retorno ao nível original, que era 1° de fevereiro, foi estendido duas vezes: para dia 15 e dia 28 de fevereiro. Reuniões periódicas vêm sendo realizadas para avaliar a situação do Rio e determinar se haverá novas mudanças.
Para o presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Clécio Falcão, além das ações de melhoria na produção de água, executadas pela Agreste Saneamento para essas situações atípicas, também são essenciais iniciativas que contemplam a distribuição dentro das cidades atendidas.
Uma dessas medidas, conforme o gestor, é o reforço nas equipes para retirada de vazamentos e reposição de pavimento em um prazo menor, como ocorre, por exemplo, em Arapiraca, a maior cidade atendida pelos dois Sistemas Coletivos do Agreste. “Retirar vazamentos é reduzir perdas, enquanto repor o pavimento com mais agilidade garante mais conforto aos moradores e condutores da região”, acrescentou.
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