Interior

Exxon Mobil perfura bacia do São Francisco em busca de petróleo

Por Brasil de Fato 24/02/2022 10h06 - Atualizado em 24/02/2022 10h20
Exxon Mobil perfura bacia do São Francisco em busca de petróleo
Pescadores artesanais temem que perfurações em busca de petróleo no Rio São Francisco traga impactos ao meio ambiente e à atividade da pesca - Foto: Prefeitura Municipal de Brejo Grande

A empresa multinacional Exxon Mobil já iniciou a perfuração na Bacia de Sergipe e Alagoas, região em que o Rio São Francisco deságua para o mar. Os blocos estão localizados entre 67 e 94 quilômetros da costa a cerca de 3 mil quilômetros de profundidade.

No último dia 17, a empresa recebeu a licença de operação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração de até 11 poços de petróleo e gás, o que vem preocupando trabalhadores e trabalhadoras da pesca.

Para Cícera Estevão, pescadora artesanal e integrante da Comissão Pastoral de Pescadores (CPP), é preocupante a exploração de petróleo na região, uma vez que se trata de uma área pesqueira.

“Para a pesca artesanal, é muito ruim, porque essas grandes empresas, grandes empreendimentos, vêm e acabam com a nossa costa e nossos estuários, nossas praias, tiram o que eles querem, os benefícios próprios deles e não estão se importando com a pesca artesanal, com o meio ambiente”, acredita a pescadora.

Apesar de ainda ser necessária outra licença para a fase de produção, em que o petróleo pode ser extraído e comercializado, já existem impactos que podem ser sentidos no fundo do mar a partir da perfuração.

É o que aponta o biólogo e presidente do Instituto Biota de Conservação, Bruno Stefanis. “Existem dois lados: o lado econômico e o ambiental. Para o ambiental nunca vai ser bom, porque nunca melhora e não vai melhorar com uma extração. Vai aumentar o risco, vai ter fluxo de embarcação, vai ter poluição sonora, vai ter poluição visual...Não tem como melhorar”, analisa o pesquisador

A Licença de Operação para perfuração que teve início nesta semana na Bacia de Sergipe e Alagoas tem validade de até cinco anos. O poço mais próximo da costa fica a 67km do município sergipano de Brejo Brande. Mas esta exploração não é um caso isolado.

“São ritos que estão sendo seguidos, já tem outras vindo pra cá. Já tem outras empresas fazendo outras sísmicas, que depois dessas sísmicas vão vir outras empresas perfurar e vai extrair. E a gente não tem para onde correr. É uma política de governo estimular a extração de petróleo, é uma política nacional”, alerta o pesquisador.

O bloco mais próximo está a 67km do município sergipano de Brejo Velho / Witt O’Brien’s Brasil

A perfuração da Exxon Mobil está sendo realizada junto com as empresas Enauta Participações, do Grupo Queiroz Galvão; e a estadunidense Murphy Oil. A Exxon possui blocos para exploração entre Alagoas e o Rio de Janeiro, dos quais o Projeto SEAL faz parte e pode colocar em risco 52 unidades de conservação.

:: Exploração de petróleo da ExxonMobil ameaça a foz do rio São Francisco ::

Em nota, a empresa Exxon Mobil informou que sua prioridade é preservar a saúde e a segurança da comunidade e do meio ambiente. Neste sentido, promoveu mais de 190 reuniões com representantes das comunidades na área de abrangência do projeto, envolvendo mais de 560 partes interessadas, e participou de uma audiência pública virtual em 2021, na qual foram endereçadas à empresa mais de 140 perguntas pela comunidade.

A reportagem do Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com o Ibama solicitando um posicionamento sobre a autorização, mas não obteve resposta.