Interior

Peixe-boi e piscinas naturais são atrações da Rota Ecológica

Número de visitantes na região não para de crescer nos últimos três meses

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 06/03/2021 09h36
Peixe-boi e piscinas naturais são atrações da Rota Ecológica
Reprodução - Foto: Assessoria
Faltando menos de 20 dias para o fim da alta temporada, as piscinas naturais e o Santuário do Peixe-Boi Marinho continuam sendo os pontos turísticos mais visitados pelos turistas que chegam à Rota Ecológica desde o dia 20 de dezembro de 2020. Mesmo com a pandemia da Covid-19, os números de visitação não pararam de crescer durante esses últimos três meses. Em primeiro lugar as piscinas naturais da Rota Ecológica, que reúnem um conjunto de pelo menos seis piscinas abertas para passeios: a do Marceneiro, menos conhecida e menos visitada; a do Riacho, bela, mas pequena; a de São Miguel, que começa a atrair mais visitantes e do Toque, a mais concorrida de todas. Além disso, desde 2019, surgiu a do Patacho, em Porto de Pedras, que passou a receber passeios. O Santuário do Peixe-Boi Marinho, se transformou nos últimos anos na principal atração turística de Porto de Pedras, levando, por dia, 70 pessoas ao passeio pelas tranquilas águas do Rio Tatuamunha. O santuário é um projeto de preservação localizado em um trecho do rio, no povoado de mesmo nome, em Porto de Pedras. Trata-se de um dos mais importantes projetos de proteção do país, já que a espécie está ameaçada de extinção, restando apenas cerca de 500 exemplares que vivem em liberdade. O peixe-boi é um herbívoro e tem esse nome pelo fato de comer o capim agulha, que se encontra em algumas áreas entre o rio e o mar. Para sobreviver, o peixe-boi precisa ir ao mar comer e depois voltar para as fontes de água doce para matar sua sede. É um mamífero ameaçado de extinção, de temperamento dócil e extrovertido, podendo chegar a 800 quilos e viver por até 60 anos. A ameaça de extinção faz com que essa região alagoana ocupe lugar de extrema importância para a proteção desse animal. O projeto completou 26 anos em outubro do ano passado. É possível vê-los no santuário ecológico Mas embora ameaçados, é possível vê-los ao longo do leito do rio, que é uma espécie de berço para esses mamíferos e, sobretudo, nas praias próximas. No santuário quase sempre se pode encontrar algum filhote em cativeiro, sendo alimentado diariamente por tratadores com cenouras e beterrabas. Depois de nove meses de adaptação, ele é solto na natureza, mas continua monitorado pelo projeto. A Associação do Peixe-Boi foi fundada em julho de 2009, a partir do desejo de lutar pelos direitos dos comunitários de usufruir da natureza com consciência e responsabilidade, discutindo e propondo soluções para os problemas locais. Foi criado por um grupo de guias comunitários motivados, inicialmente, pelos conflitos em torno do turismo de observação dos peixes-bois marinhos em ambiente natural no rio Tatuamunha. Atualmente o turismo de observação envolve mais de 20 jangadeiros credenciados, mas somente 10 podem entrar no rio por dia, levando 10 pessoas por jangada. Para realizar a observação dos peixes-boi no Rio Tatuamunha, sem impedir que eles cumpram seu papel biológico algumas regras devem ser respeitadas: como o passeio acontece todos os dias, é necessário o agendamento por telefone ou e-mail; os passeios de jangada são restritos ao horário das 10h às 17h, com duração de 1h30m e não é permitido alimentação nem qualquer forma de interação com o animal. O passeio é uma contemplação do rio e manguezal de Tatuamunha, com sua flora e fauna local, em especial o peixe-boi. Recomendação é sempre evitar aglomerações Repercute ainda as imagens que circularam durante toda a quinta-feira, 4, de uma grande aglomeração de pessoas no chamado Caminho de Moisés, trecho de areia de mais de 500 metros que se forma com a maré baixa na praia de Barra Grande, em Maragogi. Centenas de pessoas, em sua maioria turistas, que aproveitaram a maré baixa para visitar e percorrer o caminho, provocaram filas e aglomerações. Nas imagens se pode ver que ninguém estava usando máscaras de proteção. A Tribuna Independente ouviu um especialista sobre determinadas situações provocadas pelas pessoas. Gláucio Mauren, médico especialista em Cuidados Intensivos e médico da Unidade Covid-19 do Hospital Universitário HUPAA – Ufal, afirmou que “após cerca de pouco mais de um ano de uma pandemia anunciada, vemos a sociedade ainda tentando lidar com estes vírus, tentando equilibrar saúde e economia. Os números mostram que estamos caminhando para o pico da segunda onda, que, inclusive, foi desacreditada por muitos. Neste momento, os hospitais encontram-se com sua ocupação em nível máximo, ou próximo de atingi-lo”. Segundo ele, o vírus é transmitido pela via área, logo, o uso de máscaras e o isolamento são medidas que reduzem a sua transmissão. Todavia, o vírus tem uma alta taxa de transmissibilidade, além da capacidade de mutação, o que foi confirmado pela identificação de novas cepas, cerca de um ano após o início da contaminação da população pelo vírus. Para ele, dentro desse contexto, tanto os governantes quanto o povo segue nessa corda bamba, tentando equilibrar uma equação nada fácil. De um lado, o isolamento e as medidas restritivas por parte do governo tentam achatar a segunda onda desta pandemia. Por outro lado, a população questiona até que ponto faltou ao governo adequar seu número de leitos para receber os pacientes com necessidade de utilização do sistema de saúde pelo quadro viral. “Vemos que muitas unidades e leitos gerados durante a primeira onda foram desabilitados quando poderiam ter sido mantidos e estarem prontos para o momento atual. Acredito que, é nesta necessidade vital, que a população acaba se expondo. Porque precisa manter seus compromissos e contas em dia e porque, após pouco mais de um ano, com tantas notícias e mudanças no cotidiano, sente-se confinada e, de certo modo, também doente”.