Interior

Anadia decreta fechamento de estabelecimentos

Medida ocorre após confirmação de caso da variante de Covid-19 na cidade; Alagoas é 11° estado a ter a circulação da mutação do vírus

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 19/02/2021 14h03
Anadia decreta fechamento de estabelecimentos
Reprodução - Foto: Assessoria

Diante da confirmação da nova variante brasileira do coronavírus, chamada de P1, no município de Anadia, no interior de Alagoas, o prefeito Celino Rocha (PP) decretou o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais, igrejas, escolas e a suspensão de eventos sociais no município durante 15 dias desde quinta-feira (18).

Uma idosa, de 64 anos, foi infectada pela nova cepa P.1 sem ter viajado para o Amazonas e sem contato com nenhuma pessoa do território amazonense ou de qualquer outro estado brasileiro. “Isso mostra que a nova variante P1 do novo coronavírus está em circulação em Alagoas”, disse o prefeito.

A secretária municipal de saúde, Sônia Mascarenhas, informou que a pasta segue realizando o monitoramento de todos os pacientes que testam positivo em Anadia e daqueles que realizaram viagens ou tiveram contato com pessoas que estavam fora do estado.

A outra paciente, de 36 anos, natural do município de Viçosa, viajou para o Amazonas e retornou para Alagoas no dia 26 de janeiro. Segundo a Sesau, essa paciente continua internada em um hospital particular de Maceió, mas em leito clínico e em processo de recuperação.

Com a confirmação desses dois casos, Alagoas é o 11º estado do Brasil a ter a circulação da nova variante de Covid-19. No Brasil, Manaus foi o primeiro local a registrar essa mesma cepa própria da doença.

Sesau: nova variante não tem ligação com pacientes de Manaus

A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau/AL) confirmou, em Nota Técnica, que a circulação da nova variante do Amazonas em Alagoas não possui nenhuma ligação com os pacientes manauaras que foram trazidos para serem tratados em Maceió, em razão do colapso da Rede Hospitalar Pública de Manaus.

TRANSMISSÃO

Na entrevista coletiva de imprensa de ontem, o secretário da Saúde, Alexandre Ayres, informou que o poder de transmissão da nova variante é maior, mas não há confirmação de que os casos sejam mais graves e ou letais. “Há evidências de que esta nova variante possui maior transmissibilidade, ou seja, maior capacidade de disseminação, sem, contudo, estar associada a quadros clínicos mais graves que sua variante de origem”, frisou.

A presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Vânia Pires, enfatizou que, das três variantes da linhagem SARS-CoV-2 espalhadas pelo mundo, a do Amazonas é bem mais contagiosa. “No entanto ainda não se sabe se leva a uma doença mais grave. Tudo leva a crer que não, porém quanto mais pessoas infectadas, maior o risco de terem doenças mais graves, e também, provocar um colapso na rede de atendimento e assistência, e por isso a preocupação”, destacou a médica infectologista.

Com relação às vacinas, Vânia Pires salientou que não se sabe ainda se as tradicionais que foram idealizadas para o vírus in natura, selvagem, serão importantes na atuação sobre as novas variantes.

Para a presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, essa é uma das razões das pessoas que tiveram Covid-19 terem mais de uma vez, porque de certa forma, se recontaminam com o vírus de forma diferente. “É por isso que a recontaminação acontece mais facilmente. O tratamento é semelhante, nada mais do que o atendimento médico mais próximo, de preferência assistencial pelo menos, mas se não for possível, que seja pela internet, online. Mas é necessário que seja um atendimento frequente, realizando exames e cuidando dos sintomas, e quando necessário internamento seguindo os tratamentos preconizados para esses casos”, explicou.

“Infelizmente pelo quadro clínico não dá para diferenciar se é uma variante ou não em relação à sintomatologia já que são muito semelhantes”, frisou.

CUIDADOS

A infectologista Vânia Pires destacou que os cuidados devem ser os mesmos para as novas variantes, porém mais intensificados em relação a ética e higienização. “É preciso o uso do álcool em gel, uso de máscara sistemática e principalmente evitar aglomeração”, colocou.

“Parece que para alguns, isso ainda não ficou claro, porque as pessoas pensam que porque são jovens não precisam se preocupar em contaminar, mas esquecem que vão contaminar pessoas que não poderiam ser contaminadas. Por essa falta de cuidado, de amor, de empatia nos preocupamos. Devemos ter mais cuidado com as pessoas que não podem adoecer”, alertou.

SEQUENCIAMENTO GENÉTICO

De acordo com Vânia Pires, sem o sequenciamento genético não há possibilidade de diferenciar um vírus do outro, exatamente por não haver essa rotina. “Quando se faz o isolamento do vírus pelo suave nasal não dar para saber se é uma variante ou outra, aquela amostra tem que ser enviada para laboratórios especializados em virologia, onde vão sequenciar ou identificar o vírus e as mutações, e isso no Brasil ainda está muito aquém da necessidade, porque se as amostras não forem analisadas não tem como saber se essa variante está circulando, é provável que sim e muito mais do que se faz diagnóstico”, explanou.