Interior

Obras de requalificação de mosteiro em Maragogi são concluídas

Resultado será entregue no próximo dia 11 no povoado São Bento, onde ficam as ruínas arquitetônicas

Por Texto: Claudio Bulgarelli –- Sucursal Região Norte com Tribuna Independente 07/11/2020 10h46
Obras de requalificação de mosteiro em Maragogi são concluídas
Reprodução - Foto: Assessoria
Quem passa pelo povoado de São Bento, em Maragogi, nem percebe, no alto do morro as ruínas de cor ocre das pedras do antigo Mosteiro de São Bento, relíquias do que sobrou do prédio erguido no início do século 17, provavelmente por fiéis devotos do padroeiro da localidade.  A construção do mosteiro, segundo os primeiro registros datam de 1634 e servia de pouso para religiosos, que se deslocavam entre a cidade de Olinda e Porto Calvo. O mosteiro é um testemunho histórico da ocupação religiosa em território alagoano no período colonial. No entanto, a edificação entrou em processo de arruinamento na década de 1970. Alguns anos atrás, a área foi sinalizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan). Agora, o resultado dessas intervenções nas ruínas será entregue à população no dia 11 de novembro, a partir das 5h30, com a celebração de uma missa ao alvorecer. A obra é parte de um conjunto de ações do Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, com recursos do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os investimentos, da ordem de R$ 585 mil, contemplaram o escoramento estrutural da edificação, a limpeza do monumento, bem como a implantação de infraestrutura de acessibilidade. Realizadas entre janeiro e outubro deste ano, as intervenções reforçam a vocação turística do bem e garantem melhorias para os moradores da região, que até hoje realizam cerimônias religiosas no local. Descobertas como ponto turístico recentemente, as ruínas acabaram atraindo turistas em visitas organizadas e curiosos que passam pela rodovia, cruzando Maragogi. O local combina belezas naturais com as memórias religiosas da comunidade local. O Iphan registrou o bem como sítio arqueológico não apenas por sua monumentalidade, mas também pela rica variedade de artefatos arqueológicos preservados no local. “O projeto agora entregue à comunidade é uma primeira etapa de outras duas pretendidas: a de urbanização da área, com implantação de mirante e anfiteatro; e a de implantação do Memorial Caminho e Fé”, explica a nota oficial assinada pelo superintendente substituto do Iphan em Alagoas, Sandro Gama. Já a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, que também assina a nota, complementa: “Além de preservar o patrimônio, essa obra pode incrementar o turismo na região. Após as intervenções, as ruínas se consolidam como um atrativo cultural que complementa a beleza natural de Maragogi”. Bolinhos de goma Em se tratando de iguarias, a marca registrada do povoado de São Bento, não são as peixadas oferecidas pelos diversos restaurantes espalhados pelas deslumbrantes praias do município. É que essa iguaria tem preparo e sabor bem diferentes do sabor marcante das peixadas, além disso, nenhum ingrediente vem do mar. Estamos falando dos famosos sequilhos, nome dado pelos moradores do povoado. Para os turistas são os bolinhos de goma. Fabricados de forma artesanal e desenhados a mão, é produto legítimo da cidade, de herança holandesa, da época da Alagoas Boreal, e que assumiu certa notoriedade nacional. Apesar da fama e do sabor, não há muito segredo no processo de preparo desses doces. As fábricas que os produzem, em sua maioria, pequenas, são instaladas nas próprias residências dos moradores, sobretudo, em São Bento. E os ingredientes são bem conhecidos de todos, como amido de milho, leite de coco, margarina, gema de ovo e açúcar. É bem simples assim. Dizem que o sabor, no entanto, está no toque, na habilidade dessas artesãs da culinária. Quem chega a Maragogi por São Bento, na divisa com Japaratinga, vai encontrar várias bancas ao longo da estrada vendendo o produto. Mas estão também nas prateleiras das padarias, supermercados e dezenas de vendedores ambulantes os comercializam pela beira das praias. E para o turista que chega a Maragogi (ou passante), vindo de Maceió, já toma conhecimento da iguaria às margens da estrada. Mais exatamente na AL 101 Norte, ao se deparar com muitas barraquinhas negociando o bolinho, por todo o povoado de São Bento, que na verdade foi quem deu origem ao doce e hoje é tradição de bolo de goma.