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Projeto Peixe Boi Marinho completa 26 anos em Alagoas

Os peixes-boi Lua e Astro são dois exemplos vivos do sucesso do Programa de Manejo para a Conservação desses animais em Alagoas

Por Claudio Bulgarelli – Sucursal Região Norte com Tribuna Independente 10/10/2020 09h21
Projeto Peixe Boi Marinho completa 26 anos em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Nem o ambientalista mais otimista poderia imaginar o sucesso que alcançaria o projeto Peixe Boi Marinho em Alagoas nesses 26 anos da primeira soltura no mar de Paripueira desse animal em via de extinção.

Pois tudo começou no dia 12 de outubro de 1994, data que nascia o Projeto Peixe-Boi-Marinho, desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Naquele dia foi lançado nas águas do mar de Paripueira os filhotes Astro e Lua, pioneiros dessa importante história, pois começava ali momentos de luta e abnegação para salvar uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil: o peixe-boi-marinho.

Esse mês de outubro se comemora então os 26 anos do Projeto Peixe Boi em Alagoas. Em 26 anos de existência em Alagoas, o Programa de Manejo para a Conservação dos Peixes-boi atingiu taxas de sucesso que superam muitas outras iniciativas similares existentes no mundo, elevando a variedade genética da espécie, reconectando as populações existentes e recolonizando áreas ocupadas no passado. Nessas mais de duas décadas, foram realizadas dezenas de translocações, sendo que mais de 30 animais foram devolvidos à natureza só em Alagoas. Destes, a maioria em Porto de Pedras, sendo esta última a principal área de soltura no País, local onde foi instalado o Santuário do Peixe Boi no Rio Tatuamunha.

Os peixes-boi Lua e Astro são dois exemplos vivos do sucesso do Programa de Manejo para a Conservação desses animais em Alagoas. Em 2012, a fêmea deu à luz seu primeiro filhote. Ela adotou a praia do Pontal do Boqueirão, em Japaratinga, para viver. É de lá que parte, sempre no verão, para acasalar na costa de Pernambuco. Já o macho migrou para o litoral de Sergipe, cumprindo sua função de repovoar outras áreas.

O peixe-boi-marinho é um mamífero aquático extremamente dócil e de hábitos costeiros. A espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil. Estima-se que existam apenas 500 indivíduos. Fazendo um comparativo com outro animal ameaçado de extinção do país, a jaguatirica, por exemplo, tem população estimada em 40 mil exemplares. O felino habita o Cerrado, a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica. A caça intensa no período colonial dizimou populações inteiras de peixes-boi, causando sua extinção nos Estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Atualmente a degradação do habitat para instalação de fazendas de camarão e salinas é apontada como a principal ameaça à conservação da espécie.