Interior

Famílias sem-terra podem ser despejadas pela Justiça

Coordenação do MST afirma que grupo vem sofrendo ameaças de homens armados

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/09/2020 09h18
Famílias sem-terra podem ser despejadas pela Justiça
Reprodução - Foto: Assessoria

Cerca de 120 famílias que ocupam há cerca de oito anos as terras da Fazenda Santa Tereza, em Atalaia aguardam definição da Justiça alagoana sobre ordem de reintegração de posse. Segundo a coordenação do Movimento Sem Terra (MST) as famílias vêm sofrendo ameaças para deixar o local.

As terras pertencem ao ex-usineiro João Lyra. A área teria sido arrendada em 2017, no entanto, apenas este ano é que as ameaças foram intensificadas. Segundo Débora Nunes, coordenadora do MST, desde maio grupos armados tem intimidado as famílias, pressionando para deixarem o local.

O pedido de reintegração de posse estava previsto para execução nesta quarta-feira (2), no entanto, um mandado de segurança impetrado pelo MST suspendeu os efeitos. Agora o movimento aguarda uma audiência de conciliação sem data prevista para definir o caso.

“O despejo estava previsto para quarta-feira. Agora a justiça decidiu por uma audiência de conciliação, mas a nossa avaliação é que pode ocorrer sim o despejo e essas famílias perderem seu sustento. São famílias que dependem há anos desses cultivos, nesse contexto da pandemia realizaram doação de 4 toneladas de alimentos para a comunidade”, conta.

Débora explica ainda que uma denúncia foi formalizada após um dos episódios.

“Eles chegaram intimidando, disparando tiros para cima e destruindo as roças das famílias que tiram seu sustento desses plantios”, reforça a coordenadora.

Segundo informações do MST, a maior parte das famílias que ocupam a Fazenda Santa Tereza tem algum membro que trabalhou na Usina do Grupo João Lyra.

“Muitos dos agricultores que hoje vivem na área da Fazenda Santa Tereza são antigos trabalhadores e trabalhadoras da Usina pertencente ao Grupo João Lyra na região, que já teve falência decretada, contabilizando uma dívida em torno de R$ 2,1 bilhões a credores, governo federal, estadual e a ex-funcionários”, diz o movimento.