Interior

Mudança de feira livre gera revolta entre comerciantes

Lojistas e feirantes de Paulo Jacinto afirmam que fluxo de pessoas caiu em cerca de 90%

Por Lucas França com Tribuna Independenteq 27/09/2019 09h07
Mudança de feira livre gera revolta entre comerciantes
Reprodução - Foto: Assessoria
Lojistas e feirantes da cidade de Paulo Jacinto, Zona da Mata do estado, estão revoltados com a mudança de local da feira livre que acontece todos os sábados no Centro do município. De acordo com eles, o fluxo de pessoas em seus estabelecimentos caiu cerca de 90% com a transferência de um local para outro. Eles temem que seja necessário demitir funcionários e até fechar as portas. A feira livre saiu da via principal do comércio para a Rua Erasmo Porangaba, local mais distante, afastando os compradores tanto da cidade quanto dos povoados que aproveitavam a ida à feira para fazer compras também nas lojas. “Com pouco tempo da mudança já tivemos um prejuízo muito grande, o fluxo do comércio diminuiu cerca de 90%. As pessoas não estão fazendo mais a feira no local que ela se encontra hoje. Muita gente, principalmente que mora na Rua São Francisco e São João estão preferindo ir para Viçosa comprar lá, porque pagam R$ 10 de passagem - ida e vinda. Os feirantes da cidade também não querem mais pagar o ‘chão’ pois não há retorno. Tenho cinco funcionários, mas se não houver uma sensibilização do gestor, não sei até quando poderei ficar com eles. A mudança vai tirar o pão de cada dia dos trabalhadores’’, conta Zilda Tenório, dona de uma farmácia, no Centro da cidade. A comerciante Arlene Mendonça, que tem uma loja de roupas e calçados há 10 anos, também critica a mudança. “Eu já senti a queda nas vendas. Infelizmente, a mudança prejudica a todos os comerciantes principalmente os pequenos. O fluxo de pessoas que vem dos sítios e povoados como Vila São Francisco, Cascuda e Bananal, pro exemplo, diminuiu muito no primeira de funcionamento no novo local. No segundo, já foi pior. Com isso, as vendas caíram 80%’’. Outra dona de loja, Robéria Tenório diz que a realidade é delicada. “Estamos à disposição do gestor para ouvi-lo, mas até o momento nenhuma manifestação da parte dele. Sabemos por terceiro que a feira ficará lá apenas dois meses, mas confirmação nenhuma temos’’. Quem também está insatisfeita com a mudança é Roseli Cavalcante, dona de um mercadinho no centro da cidade. “Deveria voltar. Já foi visto que estamos prejudicados. Tem gente que nem está vindo mais aqui para nossa cidade. Não sei se o comércio sobrevive por dois meses’’. PROTESTO Em dois dias de feira no novo local, comerciantes já notaram a queda no fluxo de pessoas. Na terça-feira (24), os estabelecimentos do Centro de Paulo Jacinto amanheceram com tecidos pretos colocados em suas fachadas. Segundo os comerciantes, é um protesto pacífico e simboliza o luto com as quedas nas vendas. “Em duas semanas já deu para ver que não dá certo. Têm feirantes que já não querem vir mais, estão desistindo de vender aqui. Fica difícil sobreviver com uma queda grande nas vendas. E, se eles deixam de comercializar por aqui, cada vez mais a gente cai porque um completa o outro. Somos pequenos, moramos no interior e vendemos ao povo da cidade e aos que vêm dos sítios. Precisamos de todos. Se as vendas diminuem, a gente tem que cortar gastos, inclusive demitir funcionários. Todos saem perdendo’’. APOIO A comerciante Dayane Lima também aponta os prejuízos. “Quando ficamos sabendo da mudança, juntamos uma comissão e procuramos os vereadores para pedir que eles conversassem com o prefeito e se possível tivéssemos uma reunião’’, conta. Nosso apelo ao gestor é que olhe para o nosso comércio e organize a feira de maneira que não prejudique ninguém’’. O presidente da Câmara de Vereadores, Arconço Pereira, conhecido como Netinho, disse que concorda com as indagações dos comerciantes, mas pede que eles se segurem por esses 60 dias. “Vejo sim que está sendo prejudicado. No sábado (21), vi que de fato que o comércio fica vazio. Mas também a mudança foi necessária por conta das obras e são por apenas dois meses. Segundo o prefeito, em seguida, ele vai se reunir com os feirantes para tomar uma decisão final. Ainda não há definição de permanência em novo local”. Prefeitura diz em nota que mudança é temporária e necessária   De acordo com a prefeitura de Paulo Jacinto, a mudança de local da feira é temporária e foi motivada pela construção de um parque turístico e cultural. Por meio de nota, informou também que a feira livre será beneficiada quando o parque estiver construído. Ainda segundo a Prefeitura, a feira voltará ao antigo local em aproximadamente dois meses, e que todos os feirantes foram comunicados com antecedência. Em nota a prefeitura diz: “Por razões de bem-estar coletivo dos munícipes, a feira livre municipal mudou sua localização, saindo da Rua Floriano Peixoto, para a Rua Erasmo Porongaba. A mudança implementada possui caráter temporário, com previsão de aproximadamente dois meses, motivada pela construção do parque turístico cultural, que significará verdadeiro marco para desenvolvimento na infraestrutura municipal. Ao final da obra, além da oportunidade de maior lazer, esporte e cultura, a própria feira livre será beneficiada. A reportagem entrou em contato com o prefeito Marcos Lisboa na quarta-feira (25). Ele disse que não vai voltar atrás e manterá a medida. “Eles foram informados duas semanas antes na rádio local. Avisamos que a feira ficaria lá até a interdição da rua onde estão sendo feitas as obras – estamos recompondo o asfalto para fazer a drenagem. Com a feira, a obra ficaria inviável, porque a única via de acesso é o comércio. Se fica com a feira não dá para ter fluxo de veículo. Estamos olhando para toda a população. Os comerciantes estão apenas olhando o lado deles. Antes eles reclamavam da feira para não deixar os feirantes colocar as bancas na frente dos empreendimentos. Existe essa discórdia que era um problema. Inclusive tem congestionamento de carros e motos nas saídas da feira. A mudança nesse momento foi importante. Discordo dessa queda que eles estão alegando porque quem compra aos comerciantes continuam comprando. Na feira, o pessoal vai para comprar frutas, verduras, raízes... Então, não irei voltar atrás nesse momento. A feira vai continuar neste novo local por este tempo de 60 dias – um pouco mais ou até menos a depender das obras. Depois ela volta para o local de origem ’’, disse Lisboa.