Interior

Ifal deve concluir caso em 10 dias

Professores do campus Maragogi foram acusados de doutrinação em sala de aula por pai de aluna da instituição

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 28/11/2018 09h49
Ifal deve concluir caso em 10 dias
Reprodução - Foto: Assessoria
Depois de mais de um mês de muitas polêmicas, enfim o caso dos professores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Maragogi, Renato Libardi Bittencourt e Carlos Filgueiras, acusados por um pai de uma estudante menor de idade, através de uma representação de um escritório jurídico, de praticar doutrinação ideológico-partidária e de gênero na sala de aula, ganhou mais um capítulo. A  comissão pedagógica que apura o fato concluiu o parecer do caso e a direção da instituição tem dez dias para concluir o processo dos docentes. O parecer da comissão, no entanto, não foi divulgado, porque segundo o instituto, deve ser mantido em sigilo até a decisão final. Os professores foram acusados pelo empresário Neudson Cunha, pai de uma, hoje, ex-aluna, de doutrinação ideológico-partidária e de gênero. A denúncia foi feita no dia 4 de outubro e veio à público no dia 10 do mesmo mês, quando o escritório jurídico Jadilson Brito, de Porto Calvo, representando a família, entrou com uma ação no instituto contra os professores. A estudante pediu transferência da instituição de ensino logo em seguida. O CASO No dia 9 de outubro, a direção acadêmica do campus notificou os professores Renato Libardi e Carlos Filgueiras para prestarem informações do ocorrido com prazo até o dia 18 de outubro. Em seguida, a direção acadêmica enviou essas informações à direção-geral do campus, que instalou uma comissão pedagógica no dia 25 de outubro para analisar o conteúdo do documento e apresentar o parecer prévio ao diretor-geral até o dia 26 de novembro, o que realmente aconteceu. A acusação fazia referência que existia uma predisposição por parte de alguns docentes no sentido de propagar, ensinar e influenciar os alunos, ainda menores, sem o devido conhecimento e vigilância dos pais, assuntos como ideologia de gênero e de cunho partidário. Os professores Renato Libardi Bittencourt e Carlos Filgueiras, de filosofia e história respectivamente, sempre negaram a acusação. Libardi, inclusive, afirmou em redes sociais que foi vítima de cyberbullyng por parte de estudantes. Confira na integra a nota da Comissão: “A comissão pedagógica que apura o caso dos professores do Instituto Federal de Alagoas, campus Maragogi, que teriam abordado conteúdo político-partidário na instituição, enviou o parecer do processo à direção-geral do campus, que terá 10 dias para concluir o caso.” Professores da instituição negam acusações   Os professores do Instituto Federal de Alagoas, campus Maragogi, Renato Libardi Bittencourt e Carlos Filgueiras, se defenderam das acusações de que tenham usado doutrinação ideológico-partidária e de ideologia de gênero dentro da sala de aula. Renato Libardi, na época, contestou a denúncia em entrevista à Tribuna Independente. “Isso nunca ocorreu. Eu posso esclarecer basicamente em três pontos. O primeiro de todos: ideologia de gênero nem é um termo científico. Ideologia de gênero é diferente de orientação sexual ou mesmo de gênero em si. O que é que a instituição sempre deve promover, inclusive eu como professor de filosofia, e faço questão de reiterar isso: o nosso país é o país onde mais se mata LGTBs no mundo. É uma estatística horrorosa”, disse. “O que a gente faz então? A gente tenta introduzir conhecimento, debater inclusive. O que a gente faz é construir conhecimento através de debate, da informação. O problema é que tem setores conservadores, que infelizmente não compreendem a natureza do trabalho do professor e nos acusam de doutrinar, inclusive de propaganda ideológico-partidária”, explicou. Ele prosseguiu se defendendo. “Inclusive eu sou anarquista, não defendo nenhum partido. Não faço doutrina ideológico-partidária, já que, sou apartidário. São acusações graves, gravíssimas, que demonstram ignorância, no bom sentido da palavra, em relação ao trabalho do professor. Só que muitos não entendem ou agem de má-fé.”. Disse também que nas aulas de filosofia combate o fascismo, “Sempre lutei para transformar uma sociedade melhor. Uma escola sem partido eu chamaria de lei da mordaça”, finalizou. O professor de história, Carlos Filgueiras, também citado na denúncia, também negou as acusações de doutrinação ideológico-partidária e de ideologia de gênero. Procurados para comentar essa etapa final do processo, os professores não foram encontrados.