Interior

FPI resgata mais de mil animais silvestres em uma semana no Sertão

Na manhã do último sábado (08), cerca de setenta animais foram resgatados na feira livre de Delmiro Gouveia

Por Ascom MPE 11/11/2018 12h11
FPI resgata mais de mil animais silvestres em uma semana no Sertão
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de mil animais foram resgatados em residências e feiras livres verificadas pela nona etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), coordenada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), em uma semana de atuação na região do Alto Sertão alagoano. Na manhã do último sábado (08), cerca de setenta animais foram resgatados na feira livre de Delmiro Gouveia. Por lá, as espécies mais comuns encontradas foram galo de campina e extravagante. Mais tarde, em um alvo identificado pela investigação prévia do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), no povoado Farias do Meio, na zona rural de Monteirópolis, foi flagrado um montante de 85 aves sendo criadas em residência para provável comercialização. “Recebemos a informação que se tratava de um traficante de animais. Fomos ao local e na residência dessa pessoa não tinha nenhum bicho, mas havia muitos indícios de criação no local, como caixas viajantes – que são usadas para transportar os animais - ração, e em uma vasculhada nos arredores do terreno os animais foram aparecendo. Em uma casa um pouco afastada nós encontramos um montante de 85 aves como galo de campina, extravagante, azulão e caboclinho. Além disso, encontramos animais mortos nas gaiolas, provavelmente não estavam cuidando da forma adequada”, conta Epitácio Correia, coordenador da equipe fauna e gerente de fauna, flora e unidades de conservação do IMA. O responsável pela residência, que já havia sido preso em operação do Batalhão de Caatinga há três anos, foi encaminhado à Delegacia de Batalha e multado em 85 mil e 900 reais por três infrações: maus tratos a animais silvestres, ter e manter animais silvestres sem autorização de órgão competente e manter em depósito madeira de vegetação nativa se registro de origem legal. Durante a semana, outros grandes resgates foram feitos em residências em outros municípios da região. Nessa última quinta-feira (08), a equipe autuou, em Olho d’Água das Flores, um homem que mantinha 89 pássaros silvestres em um grande viveiro de alvenaria construído nos fundos de sua residência, razão pela qual foi autuado em R$ 44,5 mil, com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) lavrando um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em desfavor do suspeito. Já em Monteirópolis, outro infrator foi flagrado com animais. Reincidente, o responsável foi autuado em R$ 13 mil. Ao todo, nesta primeira semana de atuação, quarenta pessoas foram responsabilizadas por crimes ambientais. Em sua maioria, os animais capturados são aves, mas ainda foram encontrados preás, jabutis e uma jiboia, já devolvida à natureza. Tratamento médico e cuidado aos animais resgatados Em todas as edições da FPI a equipe Fauna, composta por membros do IMA, IBAMA, MANEFAU, CBHSF (Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco), IPMA (Instituto de Preservação da Mata Atlântica), Sesau (Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), se divide entre o grupo de base que se concentra no CETAS (Centro de Tratamento de Animais Silvestres) montado, nesta nona etapa, na cidade de Santana do Ipanema, e o grupo de campo que fiscaliza os alvos. Laerte Lobo, biológico do MANEFAU, explica o processo de acolhimento e tratamento dos animais no CETAS. “É feito uma avaliação veterinária para saber o estado do animal. Fazemos uma separação minuciosa entre as espécies para gente saber quais ocorrem no Estado e quais ocorrem em outras localidades e devem ser repatriadas, além da separação entre os biomas caatinga e mata Atlântica. Na sequência, a gente segue com reabilitação, com período de repouso para que as aves fiquem menos estressantes e em seguida são devolvidas à natureza”, conta. Uma das técnicas utilizadas pelos profissionais é o anilhamento, que identifica todos os indivíduos capturados pela FPI e serve para que a gente possa monitorar a eficiência da fiscalização. “Se temos uma alta taxa de reapreensão, ou seja, recolhemos bichos que já foram capturados em outras etapas da fiscalização, o método precisa ser revisto, mas isso não vem acontecendo. Essa taxa é quase zero nessa etapa da FPI, o que demostra o que trabalho tem sido realizado com sucesso”, comemora o biológico Laerte Lobo. Além do acolhimento e anilhamento, alguns protocolos sanitários são aplicados, como suplementação vitamínica e desverminação, para que os animais voltem a seu habitat natural mais fortes e nutridos. Dos mais de mil capturados nesta nona etapa da FPI, aproximadamente quinhentos já foram devolvidos à natureza, em duas solturas diferentes. Segundo a avaliação da equipe técnica de fauna, cerca de trinta animais debilitados foram capturados nessa edição, em sua maioria aves, que terão que ser encaminhados ao Centro de Tratamento do IMA em Maceió por estarem cegos, fraturados ou tiveram as asas de voos cortadas, impossibilitando o retorno à natureza.