Interior

Corais ameaçados de extinção são achados na Costa dos Corais

Fato foi registrado durante expedição realizada pelo ICMBio na Área de Proteção Ambiental do bioma, entre Alagoas e Pernambuco

Por Cláudio Bulgarelli com Tribuna Independente 03/10/2018 09h05
Corais ameaçados de extinção são achados na Costa dos Corais
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma expedição realizada por pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que percorreu a maior unidade de conservação costeiro-marinha do Brasil, a Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, entre Alagoas e Pernambuco, ao contrário do que se esperava, de encontrar um ecossistema danificado pela ação predatória e excesso de exploração turística, teve uma agradável surpresa e encontrou ainda muitas preciosidades no fundo do mar. Durante nove meses, os biólogos fizeram o monitoramento da região explorando 200 pontos estratégicos, 150 mergulhos e mais de 30 reuniões com as comunidades litorâneas, ouvindo o relato de pescadores sobre as transformações da região, desde que virou uma área de proteção ambiental federal em 1997. Eles percorreram boa parte dos quase 400 mil hectares de área e cerca de 120km de praias e mangues, além de terem penetrado por cerca de 30 quilômetros mar adentro, com profundidades de até 80 metros, para realizaram um quadro quase que completo da situação da APA. Em Ipioca, no Litoral Norte de Maceió, por exemplo, os pesquisadores desceram 30 metros de profundidade e encontraram os recifes de corais mais conservados da Costa dos Corais. Já em Japaratinga, a 95 quilômetros do ponto inicial da pesquisa, existem espécies ameaçadas de extinção em volume gigantesco, como uma coleção de recifes de corais do tipo cérebro. Usando trenas subaquáticas foi possível precisar a extensão do coral. O biólogo do instituto, Pedro Pereira, que chefiava a missão afirmou que o que chamou a atenção da equipe foi a quantidade de indivíduos. “Pois geralmente é um coral que forma áreas pequenas, de 50 centímetros, um metro quadrado no máximo. Mas encontramos praticamente um quilômetro de extensão coberto por esse coral. Talvez a área mais extensa já documentada até hoje. As expedições têm trazido pra gente um panorama novo da APA Costa dos Corais e descobrindo várias oportunidades aí de conservação que a gente ainda têm do ecossistema”. Plano de manejo deve regular exploração turística na região Tudo aquilo que foi observado e avaliado pelos mergulhadores em horas de trabalho no fundo do mar segue agora para uma próxima etapa. As informações vão para um banco de dados que vai compor a revisão do plano de manejo da APA Costa dos Corais, que nada mais é do que um regimento com normas e diretrizes pra conservação da área de proteção ambiental. O plano de manejo da APA foi aprovado em 2013 e com a atualização será possível criar um novo ordenamento, inclusive para as piscinas naturais. O plano de manejo deve regular a exploração turística na região, começando por Ipioca. Em Paripueira, elas estão a 2,5km da costa, e representam bem o nome do município, que em tupi significa: “águas mansas”. Aos poucos o plano de manejo deve chegar até as piscinas naturais da Barra de Santo Antônio, Marceneiro, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Japaratinga, seguindo o mesmo modelo do que já existe em Maragogi. Apesar de o controle atual tentar ser rigoroso, apresentando muitas falhas de fiscalização, com o plano de manejo revisado será possível ampliar o zoneamento que já existe na APA, mas não antes de consultar as comunidades. A ideia é a seguinte: pra cada município existe uma proposta diferente. Então num município específico pode ter até duas zonas de preservação, definindo qual o tamanho delas e quantas áreas de visitação vão existir. Então, cada município vai realizar um processo de zoneamento diferente. A longo prazo, o plano de manejo deverá produzir mudanças também na qualidade de vida das milhares de pessoas que tiram o sustento da APA. Para isso a palavra de ordem é preservação. “A gente espera continuar o monitoramento, por exemplo, daqui a cinco anos ver que a população de coral tá crescendo, a população dos peixes tá se restabelecendo, a pesca tá sendo garantida. A mudança no ecossistema é uma mudança normalmente lenta e gradual. Então, a gente tá plantando agora pra colher daqui a pouco”, comentou o biólogo Pedro Pereira.