Interior
Chuvas registradas na semana passada ajudam e nível do Rio Mundaú melhora
Abastecimento é normalizado temporariamente em União, mas órgãos alertam sobre seca
Chuvas registradas durante a semana passada em Pernambuco contribuíram para o aumento no nível do Rio Mundaú em Alagoas. A melhora da vazão no Rio Canhoto, afluente do Mundaú, permitiu a normalização do abastecimento em União dos Palmares, que estava em operação de rodízio. Mas a melhora é temporária, garantem órgãos públicos.
Vinícius Pinho, meteorologista da Sala de Alerta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), diz que houve um volume de chuvas na região, no entanto, é insignificativo para a crise enfrentada.
“Continua ainda num nível muito abaixo do normal, apesar de ter chovido nos últimos dias nas cabeceiras lá em Pernambuco, tanto do Paraíba quanto do Mundaú. Isso não muda em nada a situação de emergência dos municípios”, explica Pinho.
Apesar disso o coordenador da Defesa Civil de União dos Palmares, Alex Sandro Lopes comemorou a normalização do abastecimento na cidade. Segundo ele, o aumento garante o fim dos rodízios, ao menos temporariamente.
“Nossa realidade hoje melhorou, chegou água em União. Já foi liberado o abastecimento sem rodízio e será normalizado em toda a cidade para os próximos dias”, garante Lopes.
Para o mês de março, o panorama de chuvas em Alagoas é insuficiente para resolver o problema da seca nos mais de 77 municípios em estado de emergência. O meteorologista da Semarh afirma que não há previsão de chuvas para o Estado.
“Infelizmente a previsão para os próximos dias não é animadora, nem para aquela região, nem para nenhuma região do estado de Alagoas”, expõe Vinícius Pinho.
Ainda segundo Vinícius Pinho, em todo o Estado as previsões são pessimistas e a situação pode ficar pior até o início do período chuvoso.
“Até a segunda quinzena de abril essa situação vai se agravar, porque vai continuar chovendo menos do que a média. Pelo menos até abril infelizmente pode ficar pior do que está hoje. Só a partir da segunda quinzena de abril vai ter uma melhora gradativa, uma melhora lenta”, diz.
Apenas em 2018, garante ele, os efeitos da seca terão sido contornados no Estado.
Para Massilon Mendes, coordenador da Defesa Civil do Vale do Paraíba, região acometida pela seca e que também foi beneficiada com as chuvas em Pernambuco, embora tenha havido uma evolução no nível dos bolsões de água do Rio Paraíba, a situação continua crítica.
“No Rio Paraíba houve sim aumento, mas não chega a representar uma mudança na situação. As previsões são péssimas, a coisa é séria, a situação é crítica. A previsão é de chuvas espaçadas e localizadas no mês de abril, mas eu não descarto colapso tendo em vista que não tem chuva. Onde se tira e não se bota vai fazer falta”, argumenta Mendes.
Reacendida questão sobre captação
Por lei, as cidades em situações de emergência devido a seca, devem priorizar o abastecimento à população. Em União dos Palmares, no período de rodízio, a captação da água do Mundaú para irrigação foi suspensa, após uma série de problemas envolvendo poder público e agricultores que questionavam o direito a utilizar a água do rio.
A captação para a agricultura estava impedindo que a água chegasse ao serviço de abastecimento. Durante fevereiro, quatro bombas, sendo três de grande porte, foram recolhidas pelas fiscalizações.
Agora, com o aumento do nível do rio, as discussões foram retomadas e as bombas de captação novamente instaladas para suprir a demanda agrícola.
“O problema é que os agricultores voltaram a colocar suas bombas para captar água do rio e vamos continuar com as fiscalizações, mas apenas retirar as bombas sem multar é enxugar gelo”, diz o coordenador da Defesa Civil de União dos Palmares.
EDUCAÇÃO HÍDRICA
Segundo Massilon Mendes apenas o trabalho do poder público não corrige o problema da escassez hídrica. É preciso haver uma mudança de comportamento também por parte da população. “A comunidade tem que se inteirar da situação porque os órgãos estaduais e municipais têm feito seu papel. A questão hídrica no estado de Alagoas é séria, tendo em vista que nunca vivemos uma situação como essa”, afirma.
“O que você pode fazer é estocar água, começar a criar uma cultura diferente de estoque de água. Usar o necessário, não estragar e daqui para frente criar uma cultura, que é muito complicado. É tentar fazer em longo prazo, armazenar da melhor maneira possível e criar uma cultura de conscientização de água, que ela é essencial e precisamos dela”, ressalta o coordenador do Vale do Paraíba.
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