Interior

Fábrica da Pedra demite 402 trabalhadores em Delmiro

Indústria estava há dez meses com a energia cortada pela Eletrobrás

31/01/2017 17h35
Fábrica da Pedra demite 402 trabalhadores em Delmiro
Reprodução - Foto: Assessoria

A crise financeira na mais antiga indústria do Sertão de Alagoas, a Fábrica da Pedra, localizada na cidade de Delmiro Gouvia, teve um desfecho traumático nesta terça-feira (31).

A direção da empresa enviou um comunicado ao presidente do Sindicato de Fiação e Tecelagem do Estado de Alagoas, João Gomes, informando da demissão de 402 dos 420 trabalhadores que estavam em férias coletivas há cerca de oito meses.

Pelo que apurou nossa reportagem, apenas 18 funcionários vão continuar na empresa fazendo atividades administrativas na indústria, que é mantida pelo Grupo Carlos Lyra.

Em abril do ano passado, a indústria têxtil teve o fornecimento de energia elétrica cortado por falta de pagamento à Eletrobrás.

A empresa devia cerca de R$ 2,5 milhões e estava tentando negociar o débito com a fornecedora de energia. A direção da indústria queria um longo parcelamento da dívida, mas a Eletrobrás não acietou.

As duas partes não chegaram a um consenso e a direção da empresa decidiu dar férias coletivas para todos os 420 trabalhadores.   

Passados mais de dez meses, o impasse não foi resolvido e, agora, a diretoria da indústria têxtil decidiu pela demissão de 402 funcionários. 

O presidente do Sindicato de Fiação e Tecelagem do Estado de Alagoas, João Gomes, não quis adiantar o conteúdo da nota, alegando apenas que recebeu autorização da empresa para informar da demissão dos trabalhadores.

Com 102 anos de fundação, a Fábrica da Pedra foi inaugurada no dia 5 de junho de 1914 pelo empreendedor e desbravador Delmiro Gouveia. Logo nos primeiros anos,a a indústria começou a operar os teares com mais de 800 operários entre homens e mulheres produzindo mais de dois mil carretéis de linhas para costura, rendas e bordados. Seus produtos de qualidade rapidamente ganharam espaço no mercado externo passando a exportar para Argentina, Chile e Peru. Contudo, após três anos em atividades, a Fábrica da Pedra sofreu o maior revés. A prematura morte do desbravador do sertão alagoano Delmiro Gouveia, que fora assassinado no fatídico dia 10 de outubro de 1917. O comando da fábrica foi assumido pelo sócio italiano Lionelo Iona e Adolpho Santos até 1924. Pouco tempo depois, os destinos da indústria são passados para o filho de Delmiro Gouveia, Noé Gouveia. Nesse período, desaparece a linha Estrela e a fábrica foca a produção propriamente na indústria têxtil. Em 1926, a Fábrica da Pedra é vendida ao grupo empresarial pernambucano Irmãos Menezes e Cia, administrado pela família Lacerda de Menezes. Este grupo manteve-se a frente do empreendimento até 1986. Neste ano, a fábrica foi adquirida pelo grupo Cataguases Leopoldina do empresário mineiro Ivan Müller Botelho, passando a chamar-se MultiFabril Nordeste S/A. Em 1992, é adquirida pelo grupo empresarial alagoano Carlos Lyra, com quem permanece até hoje com a denominação Fábrica da Pedra – Fiação e Tecelagem.