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Juiz manda CBF explicar ausência do número 24 entre convocados da seleção na Copa América

Decisão se dá em ação de Grupo Arco-Íris que questiona razão de equipe de Tite ser a única no torneio sem jogador com numeração nas costas

Por Texto: Raphael Zarko com Globo Esporte 30/06/2021 16h32
Juiz manda CBF explicar ausência do número 24 entre convocados da seleção na Copa América
Reprodução - Foto: Assessoria
A Justiça do Rio de Janeiro determinou que a CBF explique, em até 48 horas, os motivos de não usar o número 24 entre os convocados para a Copa América, que está sendo disputada no Brasil. O juiz Ricardo Cyfer, da 10ª vara cível da capital, estipulou multa diária de R$ 800 em caso de descumprimento. A liminar, concedida na última terça-feira, foi pedida pelo Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT, que listou cinco questionamentos à CBF: A não inclusão do número 24 no uniforme oficial nas competições constitui uma política deliberada da interpelada? Em caso negativo, qual o motivo da não inclusão do número 24 no uniforme oficial da interpelada? Qual o departamento dentro da interpelada,que é responsável pela deliberação dos números no uniforme oficial da seleção? Quais as pessoas e funcionários da interpelada, que integram este departamento que delibera sobre a definição de números no uniforme oficial? Existe alguma orientação da FIFA ou da CONMEBOL sobre o registro de jogadores com o número 24 na camisa? A seleção brasileira é a única equipe da Copa América que não usa o número 24 entre os convocados. A CBF não se manifestou sobre a ação – também não o fez no questionamento do site “Uol”, que fez reportagem sobre a ausência do 24 entre os convocados da Copa América. O mês de junho é do orgulho LGBTQIA+ e o dia 28 de junho, na última segunda-feira, foi o Dia Internacional do Orgulho Gay. Alguns clubes brasileiros, como Flamengo, Fluminense, Vasco, entre outros, fizeram manifestações de respeito e apoio à causa. A CBF publicou à meia-noite uma mensagem em suas redes sociais. Veja abaixo: https://twitter.com/CBF_Futebol/status/1409345861851746315?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1409345861851746315%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-31635752921678791992.ampproject.net%2F2106182132000%2Fframe.html A ação, do advogado Carlos Nicodemos, do escritório NN Advogados Associados, lembra que a CBF “tem papel preponderante neste debate.” Cita também que recentemente o Superior Tribunal de Justiça Desportiva passou a punir clubes com cantos homofóbicos de torcidas nos estádios. “É dela a responsabilidade de mudar esta cultura dentro do futebol. Quando a CBF se exime de participar, a torcida entende que é permitido, que é aceitável, e o posicionamento faz com que, aos poucos, esta cultura mude.” O texto do Grupo Arco-Íris, que lembra reportagem do Esporte Espetacular com pesquisa em diversos clubes brasileiros que também não utilizam o número, cita que o 24 é constantemente, e historicamente, relacionado com o homem gay por conta do jogo do bicho, que associa este número ao veado, animal, que por sua vez, é utilizado como forma de ofensa para a comunidade LGBTI+. "Sendo assim, o fato da numeração da seleção brasileira pular o número 24, considerando a conotação histórico cultural que envolta esse número de associação aos gays, deve ser entendido como uma clara ofensa a comunidade LGBTI+ e como uma atitude homofóbica.”