Esportes

De Marechal Deodoro para o mundo

Paratleta alagoano se destaca com sete medalhas e vira o grande fenômeno da natação

Por Editoria de Esporte com Tribuna Independente 08/12/2017 10h07
De Marechal Deodoro para o mundo
Reprodução - Foto: Assessoria

Das águas de Marechal, para as águas do mundo. André Luiz é hoje o orgulho da primeira capital de Alagoas. A cidade é famosa pelos músicos e artesanato. Agora, se tornou terra de um grande medalhista. André, de 22 anos, morador do povoado Massagueira, foi destaque no Campeonato Mundial de Natação Paralímpica, realizado em Águas Calientes, no México. Durante os cinco dias de competição, o paratleta conquistou sete medalhas, sendo três de ouro, duas de prata e duas de bronze. Entre as conquistas, um bronze na competição de nado borboleta de 50 metros, e um ouro no revezamento.

“A natação me mostrou o caminho que eu deveria seguir, que é o da vida saudável. Meu comportamento mudou bastante. Eu sempre fui muito tímido. Eu era bastante tímido e depois da natação isso diminuiu e eu conheci muitas pessoas novas”, disse ele em entrevista à Tribuna Independente.

André recebeu a convocação deste campeonato através Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (ABDEM), uma associação que visa organização e o desenvolvimento da prática do desporto na área da deficiência intelectual. “Meu maior sonho é poder representar o Brasil e Olimpíadas, Parapan Americanos. É isso, representar o Brasil e sempre que puder trazer bons resultados”.

Esta competição integra os atletas do mundo inteiro, e promove ainda o aprimoramento das habilidades físicas e intelectuais. Além disso, a associação visa também o companheirismo e a inclusão social através do esporte. Apesar de tudo ainda existem as barreiras da falta de patrocínio, problema recorrente entre todos os esportes amadores. “A maior dificuldade no início da carreira é a falta de apoio”, reforça André.

Para esta competição o apoio foi dado pela Secretaria de Esporte e Lazer de Marechal Deodoro, O atleta receber materiais e equipamentos necessários para o treinamento e o campeonato. Além dos recursos e logística para que André viajasse para outros estados, onde realizou treinos em piscinas maiores.

“O André passou por muitas dificuldades para chegar onde chegou. Ele saía de casa pela manhã e só chegava a noite, tudo isso para treinar. Então é um imenso orgulho ter um deodorense que conquistou essas medalhas em um campeonato mundial. Isso faz com que outros jovens também se sintam incentivados”, disse o secretário municipal de Esporte e Lazer, Euclydes Mello Filho.

André estreou com o pé direito em sua primeira competição internacional, e contou com um apoio especial do técnico Diego Calado, coordenador de esporte da Adefal, que também integrou a comissão técnica da equipe brasileira.

André Luiz faturou o ouro nos 50m livre, no revezamento 4x100m livre e no revezamento 4x50m medley. Já a medalha de prata foi nos 50m costas e nos 4x100 medley, enquanto o bronze saiu nos 50m borboleta.

Calado destacou a importância do título para o Brasil e, em especial, para o fortalecimento do esporte paralímpico: “O Brasil é uma das grandes potências mundiais em esporte paralímpico, e ver um atleta nosso, bem como também fazer parte da delegação de técnicos campeões do mundo, é algo espetacular. Uma emoção que com certeza levarei para a vida inteira”.

André ressaltou a conquista no Mundial serve como incentivo para buscar melhorar a cada dia. “Só sabe o quanto é mágico participar de um Mundial quem já passou por essa experiência. Com certeza os resultados são frutos do empenho de todos os atletas e técnicos que ali estavam”, disse.

A delegação brasileira brilhou no Mundial com a conquista, pela primeira vez, do título de campeã. Com um saldo de 30 medalhas de ouro, 11 medalhas de prata, 6 medalhas de bronze e a quebra de 5 recordes mundial, o Brasil se tornou, definitivamente, um fenômeno na natação mundial paralímpica.

Os sonhos estão só começando. André tem muitas braçadas ainda para remar. Um jovem de talento que poderá ser exemplo e despertar em outras pessoas com qualquer tipo de deficiência, a esperança e a motivação de ser vencedor em um esporte. “A mensagem que deixo aos jovens é que não desistam fácil. No início é bem difícil, mas depois que começam a chegar os resultados vocês irão saber que valeu à pena”.