Esportes
Placa de 48 milímetros salvou Neto do risco de ficar paraplégico
Zagueiro, que chega nesta quinta a Chapecó, teve placa de titânio colocada em maio para fixar vértebras após paralisia temporária
Uma placa de titânio, de 48 milímetros de altura, e 4 de espessura, salvou o zagueiro Neto do enorme risco de ficar paraplégico no acidente com o avião da Chapecoense. Ela foi colocada no corpo do jogador no dia 23 de maio, para fixar uma hérnia cervical traumática provocada por um golpe em suas costas no dia 24 de fevereiro, na vitória por 3 a 0 sobre o Metropolitano.
Marcos André Sonagli, médico da Chapecoense operou Neto em maio e viajou à Colômbia para auxiliar no tratamento dos sobreviventes brasileiros da tragédia – além de Neto, o goleiro Follmann, o lateral Alan Ruschel e o jornalista Rafael Henzel. Uma de suas principais preocupações era avaliar o impacto da queda no local daquele procedimento.
– A cirurgia estava intacta. Em fevereiro, o Neto sofreu uma paralisia temporária no campo, logo depois da entrada em suas costas. Se isso aconteceu, imagine qual poderia ser a consequência depois de um acidente como esse. Mas a placa protetora estava intacta e evitou um risco grande de paraplegia – afirmou Sonagli.
No choque com o atacante Matheus, Neto teve lesões entre a quarta e a quinta vértebras, e também entre a quinta e a sexta. Elas causaram uma hérnia cervical traumática, que, por sua vez, estava comprimindo a medula espinhal do jogador.
O departamento médico tentou o tratamento convencional, por se tratar de uma região delicada para ser operada. A compressão constante da medula, entretanto, poderia acarretar consequências ainda mais graves, e no dia 23 de maio Neto foi à mesa de cirurgia para fixar essa lesão com uma placa bloqueada de titânio.
– Um médico de São Paulo previu seu retorno em seis meses. Eu falei para o Neto: “Vamos estabelecer um desafio: voltar em três meses. Vamos buscar isso juntos”– relembra Sonagli, médico que retornou ao Brasil juntamente ao goleiro Follmann.
Neto sofreu paralisia em campo após um choque, e foi operado (Foto: Cleberson Silva/Chapecoense)
A fragilidade que ocasionou essa paralisia no campo de jogo é fruto, segundo Sonagli, de uma discopatia degenerativa, ou, num termo mais coloquial, envelhecimento das costas, causado por fatores como tabagismo, obesidade, falta de atividade física, além de aspectos genéticos. Naquela noite, Neto deixou o gramado da Arena Condá de maca, diante dos olhares dos pais na arquibancada, e no dia do aniversário de seus filhos gêmeos, Helen e Helano.
No dia 1º de outubro, pouco mais de quatro meses depois da cirurgia, Neto voltou a jogar. Entrou no intervalo na derrota da Chape por 4 a 1 para o Vitória. Dias depois, se emocionou em entrevista coletiva, e disse que temeu nunca mais poder jogar futebol.
Na noite desta quinta-feira, com pouso previsto para as 21 horas, Neto será o último dos seis sobreviventes do voo a voltar para casa. Chegará ao hospital em Chapecó num estado clínico surpreendentemente positivo para quem foi encontrado com vida quase oito horas depois do acidente, em meio a destroços de avião. E com perspectivas futuras favoráveis. Graças à minúscula placa de titânio que habita suas costas desde maio.
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