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Voo poderia parar e reabastecer mas plano B complicou, diz diretor da Lamia

Aeroportos de Cobija e de Bogotá eram alternativas para o avião que conduzia a Chapecoense fazer parada

Por Globo Esporte 30/11/2016 09h35
Voo poderia parar e reabastecer mas plano B complicou, diz diretor da Lamia
Reprodução - Foto: Assessoria

O plano de voo do avião da Chapecoense que caiu nas proximidades do aeroporto de Medellín nesta terça-feira previa a possibilidade de o avião parar no meio do caminho para abastecer. De acordo com o general boliviano Gustavo Vargas, diretor da empresa aérea Lamia, as cidades de Cobija, no norte da Bolívia, e Bogotá, capital da Colômbia, eram alternativas para aterrissagem caso houvesse necessidade.

O voo fretado da Lamia que terminou em tragédia saiu de Santa Cruz de la Sierra com destino a Medellín. Antes disso, a delegação da Chapecoense pegou um voo comercial de São Paulo até Santa Cruz. Este, no entanto, foi o plano B da equipe catarinense. A ideia inicial era viajar com a Lamia desde o Brasil até a Colômbia, com uma parada para reabastecer na Bolívia. Porém, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) vetou o fretamento, pois de acordo com regras da aviação, uma empresa da Bolívia não pode fazer um voo do Brasil para a Colômbia, apenas companhias dos dois países envolvidos teriam a autorização.

- O voo poderia fazer uma parada técnica, com a possibilidade de se reabastecer de combustível, no município de Cobija, no extremo norte da Bolívia, mas isso não ocorreu. De Santa Cruz, teria que ir a Cobija, e de lá para Medellín. Mas eles foram direto para Bogotá, e aí o capitão teria que ver a possibilidade de seguir ou aterrissar. Era de noite. Por essa negação do Brasil tudo se complicou um pouco. Deveríamos sair do Brasil, entrar na Bolívia mais ao norte e ir para Medellín, mas o Brasil não nos deu essa autorização - disse Vargas, em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.

Apesar de alertar que o veto da ANAC dificultou e causou a mudança do planejamento inicial, o diretor da Lamia destacou que o piloto e dono da empresa boliviana, Miguel Alejandro Murakami, era experiente e confiável para traçar uma nova rota. O desastre aéreo deixou 71 mortos e seis feridos, entre jogadores do time brasileiro, membros da comissão técnica, dirigentes convidados, jornalistas e tripulação.

- Pelo visto, se o piloto continuou é porque podia. Continuou e aconteceu esta catástrofe que nos machuca muito. Mas se ele considerava que não tinha combustível, ele teria que ir até Bogotá para reabastecer. O aeroporto de Bogotá, de acordo com o plano de voo, era a alternativa para qualquer coisa. Antes de passar por Bogotá ele tinha de tomar a decisão, se estava com combustível teria que seguir, mas se havia algo errado com o combustível deveria parar - explicou Gustavo Vargas.

Na Colômbia, o porta-voz da Lamia, Mario Pacheco, confirmou que o avião que conduzia e Chape tinha realmente autonomia para cerca de 3 mil quilômetros - ou seja, praticamente a mesma distância de 2.975 quilômetros em linha reta entre os aeroportos de Santa Cruz de la Sierra e Medellín, deixando o combustível no limite para a viagem.

Atacante do Atlético Nacional cita abastecimentos

A informação de que o voo da Chapecoense poderia parar para reabastecimento vai de encontro com o que disse o atacante Miguel Ángel Borja, do Atlético Nacional, time que disputaria a final da Copa Sul-Americana com a equipe catarinense. O jogador do clube colombiano, que já viajou diversas vezes com  o mesmo avião e o mesmo piloto do acidente aéreo, afirmou que era comum a aeronave ter que pousar para colocar mais combustível.

- Nós já viajamos neste avião, conhecíamos até a tripulação. Tomara que agora que isso aconteceu as equipes tenham a consciência de melhorar as condições (de viagem), porque várias vezes paramos para abastecer quando voamos com este avião. Todos nós estamos em reflexão, porque isso não pode acontecer. Nós viajamos no mesmo avião, com o mesmo capitão, em várias ocasiões. Tivemos medo, porque o avião é muito pequeno, muitas vezes parou em aeroportos para abastecer, porque não alcançaria o destino final. Queremos que a federação, que a Conmebol nos deem mais recursos para viajarmos com mais segurança e comodidade – disse Borja, ao canal colombiano Kick Off.