Esportes

Tite afirma ter plano para diminuir ações de Messi no clássico

Técnico diz que seria hipocrisia considerar partida desta quinta-feira como outra qualquer

Por Globo Esporte 09/11/2016 20h28
Tite afirma ter plano para diminuir ações de Messi no clássico
Reprodução - Foto: Assessoria

A pergunta da repórter de Barcelona foi direta: "Como você vai parar Messi?"

A resposta de Tite também foi:

– Não se para Messi, assim como não se para Neymar, mas se diminui ações. Podemos diminuir o número de participações. O que vou fazer? Não vou dizer (risos).

O atacante, evidentemente, foi tema constante da coletiva do técnico da seleção brasileira na véspera do clássico contra a Argentina, nesta quinta-feira, às 21h45 (de Brasília), no Mineirão. A TV Globo transmite a partida ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em tempo real. Tite rasgou elogios ao adversário, sexto colocado nas eliminatórias, atualmente fora da zona de classificação para a Copa do Mundo. Não só a Messi, mas citou Zabaleta, Otamendi, Mascherano, Di María, Agüero e Higuaín, além do técnico Edgardo Bauza. E disse ser um privilegiado por disputar o principal clássico sul-americano.

– A grandeza do jogo, é hipocrisia falar que é igual aos outros. Para a classificação ele vale os mesmos três pontos, mas a dimensão, a história e o peso extraordinário das equipes, com atletas top do mundo. O resultado só traz confiança se jogar bem, se repetir o padrão contra uma equipe que tem nível acima, técnico e individual. Chile, Argentina, Brasil e Uruguai estão um pouco acima pela qualidade individual dos atletas.

Veja abaixo a íntegra da entrevista do treinador:

BOM INÍCIO

– Quatro jogos é muito pouco para uma análise consistente em cima de um trabalho. É um bom começo, mas é pouco para ter uma opinião formada. No término das eliminatórias teremos algo mais consistente. O desafio é repetir um padrão de atuação em um grande clássico.

INFORMAÇÕES SOBRE MESSI E COMPANHEIROS

– A primeira coisa que aprendi é que, eticamente, não devemos perguntar aos jogadores que atuam nos clubes sobre seus companheiros. Eles trabalham juntos no dia a dia, eticamente não é legal. Posso perguntar para quem já jogou e agora está em outra equipe. As informações e estudos nós temos, em termos estratégicos. Sabemos nossas virtudes e defeitos, e as deles.

TITE X BAUZA

– Campeão a gente respeita, e o Bauza tem meu respeito. Eu disse isso a ele pessoalmente. O grande trabalho que ele fez o credenciou para estar na seleção, não vejo enfrentamentos individualizados, isso é valorização excessiva dos técnicos. São duas extraordinárias equipes, nós somos componentes delas, mas não somos a essência.

POSSÍVEL APOIO DOS ATLETICANOS A PRATTO

– Conheço todo o carinho que o torcedor atleticano tem por sua equipe, sei da idolatria pelo Pratto, sei que a Argentina está na Cidade do Galo. Eu tenho respeito grande pelo Atlético, trabalhei aqui e até me sinto em dívida por não ter tido um melhor trabalho, mas sei que é a torcida mineira para poder nos auxiliar. Fui muito bem recebido também no Cruzeiro quando fui assistir aos jogos. E torcedores do América que também vão contribuir, porque nós precisamos.

BRASIL X ARGENTINA

– Eu não sonhei chegar à Seleção como atleta, palavra de honra. Sempre fui trabalhando por etapas. Eu tinha uma limitação física e sabia que não tinha como chegar a esse nível. Como técnico me preparei muito, avancei as etapas, os erros que cometi, evoluções, estudos, o tempo que fiquei desempregado e fui estudar, pagar o preço para chegar a esse ponto. É um privilégio estar nesse clássico.

BAUZA PODE MUDAR O JEITO DE JOGAR DA ARGENTINA?

– O técnico, por maior capacidade que tenha, não transforma característica de atletas, a qualidade sempre impera. Somos mais selecionadores do que técnicos, eles (jogadores) vêm treinados pelos seus técnicos. Nós aproveitamos o trabalho dos técnicos dos clubes, esse é nosso grande desafio.

DEPENDÊNCIAS DE NEYMAR E MESSI

– Temos que potencializar nossas virtudes, oportunizar o criativo, dar a condição do improviso, da finta, do lance pessoal, para isso acontecer no último terço do campo. Em contrapartida, não se neutraliza craque, mas se diminui ações. Como fazer isso é outra história (risos).

NEYMAR E MESSI VÃO DECIDIR?

– Podemos elencar uma série de jogadores que podem decidir o jogo, porém tem um pré-requisito: a engrenagem tem que funcionar, senão não consigo conceber o craque individualmente. Com o coletivo forte, tu acrescenta Coutinho, Higuaín, Di María, Douglas Costa, Gabriel... Uma série de grandes jogadores com virtudes técnicas para um momento de decisão.

MARCELO E FILIPE LUÍS

– Chamei os dois e disse que o Marcelo jogou muito nos dois primeiros jogos, e o Filipe jogou demais na sequência dos outros dois jogos. No meu critério, Marcelo saiu porque estava machucado, não por questão técnica, então retorna, mas fica o grande reconhecimento ao Filipe. E que ele se prepare porque haverá o momento em que os reservas poderão ser decisivos.

MÁ FASE DE GABRIEL JESUS NO PALMEIRAS

– Não considero mau momento do Gabriel no Palmeiras. Talvez seja associado à última bola, mas não considero nas participações coletivas.

ARGENTINA JOGARÁ POR EMPATE?

– Em grandes clássicos tu não busca um ponto, se busca jogar, o nível sempre vai ter em Argentina x Brasil, independentemente de alguém chegar um pouco melhor, como é nosso caso. Esses clássicos equilibram as equipes.

PREPARAÇÃO

– Fico entupido de tanta informação, acredito que só com informação posso fazer real avaliação do que o adversário tem, seus pontos fortes e fracos, e o primeiro ponto é sempre olhar para nossa equipe. Esse é o desafio, de maturidade, ser consistente, agressiva, competitiva, leal, criativa. O resultado será consequência, mas não posso olhar para ele, senão inverto o processo.

VOLTA AO MINEIRÃO

– O 7 a 1 faz parte porque é realidade, a pergunta vem toda hora. Faz parte da história, porém há uma pressão muito maior, que eu sinto e os atletas sentem, que é representar o Brasil pentacampeão. Estou onde Parreira, Zagallo e Felipão foram campeões do mundo. Feola e Aymoré também. Os atletas representam craques, sabem como é difícil. Essa grandeza é muito maior do que esse fato inquestionável.

ARGENTINA FORA DA COPA É MOTIVAÇÃO?

– Não é motivação a Argentina estar fora (da Copa), isso é pensar pequeno, humanamente é muito pequeno. Quero ganhar porque é bom, é esporte, tem que ter ambição, queremos ser melhores, classificar. A Argentina tem qualidade técnica individual, saída de bola com qualidade de passe do Otamendi, Zabaleta, Mascherano, pega uma jogada aguda de Di María, pivô de Higuaín, opção de Agüero.

DANI ALVES CAPITÃO

– Repeti a capitania por um motivo, por uma homenagem ao Carlos Alberto Torres. O Daniel Alves vai jogar com a número 4, é o simbolismo de alguém de história extraordinária no futebol mundial. Fui lá para ser solidário a ele, acompanhei pessoas mais próximas a ele, falando de forma tão carinhosa. Duas ou três semanas antes, o Carlos Alberto teve um almoço, almoçamos juntos, ele pediu à CBF que pudesse dar emprego a dois ou três campeões do mundo em dificuldade. Ele teve esse coração, partiu dele essa generosidade. Então é uma forma de homenageá-lo, e por isso repeti o capitão. Senão seria um capitão diferente.

VÉSPERA

– Não vou dormir direito porque sou assim, cada um tem um perfil, é meu jeito. Não adianta mostrar que estou tranquilo, sereno, não sou assim. Se eu estivesse, estaria preocupado comigo mesmo. Estarei atento. O atleta no dia do jogo tem que ser meticuloso e atleta, ele se prepara mentalmente para o jogo, na performance individual dele. Eu não jogava nada, mas fazia isso.

PRATTO DISSE QUE BRASIL TEM MEDO DO MESSI

– Tenho respeito pelo Messi, e temos que ter cuidado para contextualizar. De repente a palavra em espanhol sai em outro sentido. Temos que saber as tuas forças e as forças do adversário, saber o que tem de mais frágil e o que o adversário tem. Eu seria muito burro se não reconhecesse o talento do Messi, assim como do Neymar, Coutinho. Pratto é muito ponderado, muito equilibrado.