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Apoteose azulina foi até primeiras horas da madrugada na turística Ponta Verde

Milhares foram recepcionar o 'Azulão Série A' e levaram seu carinho aos heróis do Mutange

Por Wellington Santos com Tribuna Hoje 26/11/2018 09h29
Apoteose azulina foi até primeiras horas da madrugada na turística Ponta Verde
Reprodução - Foto: Assessoria
Cerca de 25 km percorridos e uma torcida em estado de catarse coletiva. Assim foi a superrecepção aos heróis azulinos do CSA na tarde desse domingo (25) do ponto de chegada - o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares - até as imediações do antigo Clube Alagoinhas, no bairro da Ponta Verde, onde um trio elétrico e um carro do Corpo de Bombeiros encerraram a grande festa da equipe azulina, novo integrante do pelotão de elite do futebol brasileiro em 2019, após 31 longos anos. Durante o percurso, que durou mais de 4 horas entre a chegada da delegação às 16 horas e a saída propriamente dita do local só por volta das 18 horas, até o "ponto final" do périplo azulino, na Ponta Verde, às 22 horas, torcedores deram um show de amor ao clube do Mutange. Milhares de pessoas — há quem dissesse que foram mais de 10 mil 'cicerones' azulinos no Zumbi dos Palmares e mais outros milhares ao longo do percurso que percorreu todo o corredor das Avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima — foram recepcionar o Azulão Série A. Antes e durante o trajeto,  carros, motos, cinquentinhas, caminhões e até gente a pé - todos devidamente paramentados e adornados nas cores em azul e branco -  foram levar seu carinho e seu muito obrigado aos heróis do CSA. "Olha cheguei aqui no aeroporto às 14h e foi um loucura de gente, aliás eu nunca vi tanta gente desse jeito para recepcionar nem presidente da República, nem ninguém, nem nada", disse a comerciante Adalgiza Soares, 46 anos, moradora do bairro Cidade Universitária, que junto ao esposo e os dois filhos foram ver de perto a recepção da torcida azulina aos seus jogadores. Pelo relato de Adalgiza, explica-se, portanto, a grande demora para que os jogadores e comissão técnica do CSA saíssem do aeroporto e iniciassem o desfile em carro aberto. "Eles simplesmente não conseguiram sair do aeroporto porque a torcida não deixou, mesmo com um bom número de policiais para fazer a escolta da delegação", completou a comerciante. Amor pelo Azulão não teve hora e nem idade para esperar   Em um desses trajetos, nas imediações do famoso elevado do Cepa,  a menina Anna Julya esperou a passagem dos heróis azulinos por quase três horas. Com apenas 11 anos de idade, diz que é CSA desde que saiu do ventre da mãe. "Minha emoção é muito grande para ver os heróis do meu time que só tem me dado emoções fortes", diz Ana Laura, que faz uma revelação ao explicar tamanha paixão já em tenra idade. "Eu inclusive de vez em quando entro com os jogadores no gramado, sou uma mascote", diz Anna Julya. [caption id="attachment_261764" align="aligncenter" width="750"] Menina Anna Julya, de apenas 11 anos, demonstrou todo amor ao CSA ao esperar mais de duas horas pela passagem da delegação no elevado do Cepa (Foto: Edilson Omena)[/caption] E, como se esperava, a euforia foi tanta da menina e de outras centenas de torcedores que também esperavam a passagem dos jogadores no Elevado do Cepa, que quando o time apontou na reta próximo ao elevado todos começaram a gritar e a pular, causando um certa apreensão em outra pessoas pois a estrutura começou a balançar. "Minha gente, cuidado com esse pula-pula aqui, porque  o CSA subiu e vocês, desse jeito, podem descer pista abaixo", disse um torcedor mais atento aos movimentos bruscos resultantes da alegria dos torcedores. Em outro ponto do trajeto, já na Ponta Verde, esse já perto do fim do périplo azulino pelas ruas da cidade, assim como a menina Anna Julya, a veterana torcedora Silvânia Figueiredo também não cabia em si de tanta alegria pelo seu "Azul", apesar da demora da passagem do cortejo vencedor. [caption id="attachment_261765" align="aligncenter" width="750"] Anna Julya e a mãe no elevado do Cepa (Foto: Edilson Omena)[/caption] "Demorou muito, mas eu pude ver nossos heróis que nos deram talvez a maior alegria nos últimos trinta anos", disse Silvânia, ao revelar ao Tribuna Hoje que fez parte da primeira torcida feminina formada pelo CSA. "Sinto-me muito feliz porque vejo uma nova geração de torcedores se formar para o CSA porque este time foi muito humilhado nos últimos anos, sem títulos e sem calendário, e sem série, como disseram nossos rivais [torcedores do CRB]. E agora testemunhamos que voltou a ser vencedor e a formar novos torcedores. Isso é uma homenagem também aos da velha guarda", destacou Silvânia, ao relembrar de figuras como a Charanga do José Cabral e do velho Zé Emílio, que marcaram época nas arquibancadas do Estádio Rei Pelé. CSA estabelece recorde brasileiro e um tal de Berola escreve nome na história   Mas tanta euforia e amor da fiel torcida azulina tem lá suas razões. Explica-se: Em apenas três anos o CSA mudou de patamar no futebol brasileiro. O time simplesmente foi vice-campeão d Campeonato Brasileiro da Série D em 2016, depois campeão do Brasileiro da Série C, em 2017, e no último sábado carimbou o acesso para a chamada elite do futebol ou a Série A  com uma goleada por 4 a 0 sobre o Juventude-RS. Arrancada marcante. Foi a primeira vez que um clube tem três acessos seguidos no país. Isso sem falar que este ano, por aqui em terras alagoanas, a equipe quebrou o jejum de 10 anos sem títulos, justamente em cima do grande rival. E um dos personagens mais marcantes desta bela história do time azulino do Mutange é, sem dúvida, o atacante Neto Berola, que escreveu seu nome com os três dos quatros gols que cravaram a passagem azulina para a Série A. [caption id="attachment_261769" align="aligncenter" width="750"] ‘Fome de gols’ – herói Berola posa para foto em restaurante durante comemoração (Foto: Edilson Omena)[/caption] "Rapaz, eu entrei com fome de gols", brinca o atacante, ao se referir aos três golaços que fez explodir a massa azulina em todo Estado de Alagoas. Não por acaso, Berola concedeu essa entrevista ao Tribuna Hoje e se referiu "à fome de gols" ao, gentilmente, se levantar de seu lugarzinho à mesa do restaurante onde estavam boa parte dos jogadores na comemoração, para atender à imprensa. "Mas brincadeiras à parte, agradeço tudo isso que aconteceu a Deus", resumiu Berola. [caption id="attachment_261770" align="aligncenter" width="750"] Meia Didira, no trio elétrico da festa, também posa para foto (Foto: Edilson Omena)[/caption] Outro jogador fundamental na campanha azulina foi o meia Didira. Ainda em cima do trio elétrico no domingo, o meia resumiu o feito: "É um time de guerreiros e a gente merece muito este momento porque trabalhamos para conquistar isso tudo e ver essa massa maravilhosa feliz". Festa para turista ver   Na apoteótica festa preparada pela diretoria azulina, o que não faltou foi muita energia e alegria para a torcida do chamado time do povão. E o ponto final dela não ocorreu no periférico e proletário bairro do Mutange, sede do time das multidões. Ironicamente, foi em um dos pontos mais nobres, turístico e no pedaço de metro quadrado mais caro e valorizado de Alagoas: a aprazível Praia de Ponta Verde. [caption id="attachment_261774" align="aligncenter" width="750"] Torcida do CSA faz a festa na orla de Ponta Verde (Foto: Edilson Omena)[/caption] Mas talvez isso se explique assim: O CSA não é só do Mutange mais, o CSA ficou muito grande, já é do Brasil, é de todo mundo! [caption id="attachment_261772" align="aligncenter" width="700"] Elenco e comissão técnica do CSA desfila em carro do Corpo de Bombeiros pelas ruas de Maceió (Foto: Edilson Omena)[/caption]