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VAR estreia no Brasil nesta quarta; veja como o árbitro de vídeo pode ser usado

Jogos da Copa do Brasil serão os primeiros a contar com o auxílio da tecnologia, que também estará presente nas partidas da Libertadores e da Sul-Americana

Por Globoesporte.com 01/08/2018 10h45
VAR estreia no Brasil nesta quarta; veja como o árbitro de vídeo pode ser usado
Reprodução - Foto: Assessoria
Começa nesta quarta-feira a "era VAR" no Brasil. O recurso do auxílio do árbitro de vídeo, que fez sucesso na Copa do Mundo, estará disponível nas quatro partidas das quartas de final da Copa do Brasil. O primeiro a contar com essa tecnologia será o jogo entre Santos e Cruzeiro, que começa mais cedo: às 19h30, na Vila Belmiro. Corinthians x Chapecoense (em SP) e Grêmio x Flamengo (no RS), ambos às 21h45, completam a rodada desta quarta. Bahia e Palmeiras se enfrentam quinta, às 19h15, em Salvador. Vale lembrar que o VAR também estará disponível na Libertadores e na Sul-Americana, a partir das quartas de final. As oitavas, ainda sem esse recurso, começam na semana que vem. As finais da Recopa, no ano que vem, também terão a tecnologia. A participação do VAR se resume em quatro situações: Gols Pênaltis Cartão vermelho direto Erro de identificação de jogadores na aplicação de cartões O VAR foi testado em jogos como Corinthians x Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro, na semana passada, mas sem que o recurso fosse aplicado na prática. A ideia era testar a tecnologia de vídeo dentro de um estádio. A utilização do recurso nas 14 partidas restantes da Copa do Brasil terá um custo de R$ 700 mil – R$ 50 mil por jogo. Serão de 14 a 16 câmeras por jogo. Haverá salas para o VAR nos estádios e cabines de revisão no gramado. As salas terão quatro pessoas: árbitro de vídeo, assistente, operador e supervisor. E um assessor da CBF estará sempre nos jogos onde houver VAR. O GloboEsporte.com traz aqui um tutorial para entender melhor o VAR, listando abaixo como e quando o recurso pode ser acionado e trazendo vídeos de exemplos da última Copa ou de lances do futebol brasileiro que poderiam ser modificados. GOLS 1. Situações de impedimento Gol em impedido claro A equipe de arbitragem de campo não percebe um impedimento claro em um lance de gol. Antes do reinício do jogo, os árbitros de vídeo comunicam ao árbitro central o equívoco, e ele anula o gol. Não há necessidade de conferência do lance na tela à beira do campo. Exemplo: gol de Dudu Cearense, pelo Botafogo, em clássico contra o Fluminense no Campeonato Carioca do ano passado. Em cobrança de falta, havia cinco jogadores em impedimento. O gol foi mantido. Gol em lance duvidoso de impedimento Um jogador faz o gol em posição duvidosa de impedimento. O assistente não deverá levantar a bandeira até que a bola entre no gol, para não anular um possível gol legal. Posteriormente, levantará a bandeira caso ache que o atleta estava impedido na origem da jogada. O VAR deverá informar se o gol foi legal ou não. Não há necessidade de verificação à beira do campo. Exemplo: na última Copa do Mundo, há um lance duvidoso que resulta em gol para a Inglaterra contra o Panamá após desvio de Harry Kane. O árbitro aguarda a comunicação dos auxiliares de vídeo no ponto eletrônico para confirmar o gol. Ele não vê necessidade de conferir a jogada na tela. Dúvida na participação em um gol Um jogador, em posição de impedimento, atrapalha o goleiro ou bloqueia um adversário. Como o lance envolve interpretação, o árbitro deve ser avisado e revisar as imagens à beira do campo para tomar a decisão final. Exemplo: no Brasileirão de 2012, Marcos Assunção faz um gol de falta para o Palmeiras contra o Figueirense, mas o lance é anulado porque Valdivia, em posição irregular, fica pulando na frente do goleiro adversário. 2. Situações de falta Um jogador se aproveita de uma falta para fazer o gol: utiliza a mão, empurra um adversário ou tem movimento faltoso para recuperar a posse de bola. Cabe ao VAR alertar o árbitro, que deve ir à beira do campo, verificar as imagens e decidir se mantém ou não o gol. Exemplo: um lance assim gerou polêmica na Copa da Rússia. No jogo entre Brasil e Suíça, os atletas brasileiros argumentaram que o zagueiro Miranda foi empurrado no gol suíço. A arbitragem, porém, não foi conferir o lance na beira do campo e confirmou o gol. A CBF reclamou formalmente à Fifa. 3. Situações de saída da bola A arbitragem não percebe a saída da bola pela linha lateral ou de fundo durante um ataque que resulta em gol – ou tem dúvida se ela saiu completamente. A orientação para os assistentes é a mesma do impedimento duvidoso: deixar o jogo seguir e informar a incerteza ao VAR. Ao checar, o VAR constata a irregularidade e comunica ao árbitro, que não precisa confirmar no monitor. Aqui também se encaixa outra situação, a de a arbitragem não perceber a saída completa da bola em um ataque anterior ao gol. Exemplo: em clássico entre Palmeiras e Santos pelo Paulistão, Renato faz o gol do Peixe depois de a bola, aparentemente, sair pela linha de fundo depois de cobrança de escanteio. Com o VAR, o lance deveria ser revisto. 4. Situações de bola passando a linha do gol Na Copa do Mundo, desde 2014, há o recurso do senhor na linha do gol, em que o árbitro recebe um aviso instantâneo sobre a bola (com chip) ter entrado ou não. Por aqui, caberá ao VAR avisar ao juiz de campo, nos mesmos moldes da saída pela linha lateral ou de fundo. Exemplo: pelo Campeonato Carioca de 2014, o meia Douglas, então no Vasco, acertou cobrança de falta no travessão, e a bola quicou 33 centímetros além da linha. Mesmo com um auxiliar de linha focado na bola, a arbitragem não assinalou o gol. Hoje, o VAR poderia avisar que a bola entrou. PÊNALTIS 1. Pênalti claramente mal marcado O VAR entrará em ação em caso de pênalti resultante de clara simulação. Quando comprovada, o pênalti será anulado, o jogo reiniciará com tiro livre indireto e será aplicado cartão amarelo ao jogador infrator. Outro exemplo seria um defensor atingir um companheiro, e o árbitro achar que o atingido foi um adversário, ou uma bola que claramente bateu no peito de um defensor, e o árbitro equivocadamente viu mão, ou ainda um desarme legal interpretado como falta. Em todas essas situações, o árbitro verificará as imagens à beira do campo antes de tomar a decisão final. Exemplo: a Copa do Mundo trouxe outro exemplo em jogo do Brasil. Contra a Costa Rica, Neymar desaba no gramado após ser tocado. O árbitro dá pênalti, mas depois verifica o lance no monitor e muda de opinião. 2. Pênalti claramente ignorado Aqui a situação é inversa: um pênalti evidente ignorado pelo árbitro. Estão inclusos um agarrão claro (fora ou na disputa da bola), toque de mão claro, agressões de defensores, ou, se o árbitro marcar uma simulação de um atacante, e as imagens comprovarem claramente que, na verdade, a falta existiu. Nesses casos, o árbitro verificará as imagens antes de tomar a decisão. Exemplo: o Brasileirão de 2005 teve um dos lances mais simbólicos de erro de arbitragem. Tinga, do Inter, foi derrubado na área por Fábio Costa, goleiro do Corinthians. O pênalti não foi marcado, e o jogador colorado ainda foi expulso, sob alegação de simulação. Com o VAR, lances assim deverão ser revistos. 3. Falta dentro ou fora da área O árbitro dá como pênalti uma infração que foi fora da área – ou o contrário. Pelo ponto, é avisado pela equipe de vídeo do equívoco. Sem necessidade de conferência na tela, ele muda a decisão. Exemplo: na última Copa, foi o que aconteceu em Rússia 3 x 1 Egito. Salah foi derrubado dentro da área. O árbitro marcou fora; em seguida, foi avisado do erro e corrigiu a marcação, confirmando o pênalti. 4. Falta anterior ao pênalti A arbitragem marca pênalti, mas antes houve uma falta cometida pela equipe beneficiada pela marcação da penalidade. Neste caso, o VAR deve comunicar o árbitro, que precisa verificar a jogada no monitor e optar pela infração ocorrida antes. Exemplo: no jogo entre Cruzeiro e Atlético-PR, pelo Brasileirão deste ano, a arbitragem dá pênalti para o Furacão, mas o técnico do time mineiro, Mano Menezes, reclama muito de falta de Jonathan, do Atlético-PR, em Arrascaeta, do Cruzeiro, na origem da jogada. Neste caso, o pênalti seria anulado pelo VAR. 5. Bola fora de campo antes do pênalti Arbitragem marca pênalti em jogada na qual a bola, antes da infração, saiu pela linha lateral ou de fundo. Cabe ao VAR alertar o árbitro de campo sobre a situação. Neste caso, ele precisa cancelar o pênalti, assinalando lateral, escanteio ou tiro de meta. Não há necessidade de verificar no monitor à beira do campo. CARTÃO VERMELHO DIRETO 1. Falta passível de expulsão ignorada pelo árbitro São lances fora do campo de visão do árbitro, como agressões fora ou na disputa de bola, com o jogo em andamento ou não. Nesse caso, há necessidade de revisão na beira do campo pelo árbitro central, que só tomará sua decisão após ver o lance no monitor. Não há limite de tempo para aplicação da pena neste caso. Ou seja, a decisão poderá ser tomada mesmo depois de a bola entrar em jogo novamente. Exemplo: no jogo entre Portugal e Irã, na última Copa do Mundo, jogadores iranianos acusaram Cristiano Ronaldo de agressão fora do lance. O árbitro foi à lateral do gramado assistir ao lance no monitor e optou por punir o atacante, mas com cartão amarelo. 2. Agravamento de punição O árbitro interpreta um lance para cartão amarelo ou sem punição disciplinar. Ao checar as imagens, o VAR entende que a jogada seria para cartão vermelho. Ele deve recomendar a revisão ao árbitro no campo. Neste caso, não há limite de tempo para aplicação da pena – a decisão até poderá ser tomada depois de a bola entrar em jogo novamente. Exemplo: João Paulo, do Botafogo, quebrou a perna ao ser acertado por Rildo, do Vasco, em clássico pelo Campeonato Carioca deste ano. O árbitro deu cartão amarelo ao jogador vascaíno, que depois foi punido com suspensão pelo tempo que levasse a recuperação de João Paulo – pena depois reduzida. Com o VAR, o árbitro poderia transformar o amarelo em vermelho se entendesse que a infração era mais grave. 3. Dúvida entre amarelo ou vermelho ao interromper chance de gol O VAR entra em ação para avisar ao árbitro sobre um equívoco de interpretação em uma jogada de "situação clara e manifesta de gol". Se ele interpretou que não era uma chance clara e deu apenas amarelo, pode modificar a cor do cartão. E o contrário também. Segue valendo a verificação do árbitro central à beira do campo. IDENTIDADE EQUIVOCADA Se o árbitro advertir ou expulsar o jogador errado (inclusive da equipe errada), ou se não tiver certeza sobre qual jogador deve ser sancionado, o VAR informará prontamente, sempre que possível, para que o jogador correto seja punido. Aqui está incluso qualquer erro relativo à apresentação de cartões, e o equívoco pode ser corrigido a qualquer momento da partida. Não há necessidade de verificação do árbitro central à beira do campo. Exemplo: Gabriel, do Corinthians, foi expulso por equívoco do árbitro em clássico com o Palmeiras, em fevereiro do ano passado, pelo Paulistão. Quem cometeu a falta foi outro jogador – Maycon. Com o VAR, o juiz de campo poderia corrigir o erro.