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Chapecoense: seguradora oferta U$ 200 mil, mas famílias não aceitam

Empresa se exime de responsabilidade de indenização, mas faz proposta mediante exigências

Por Globo Esporte 15/03/2017 16h57
Chapecoense: seguradora oferta U$ 200 mil, mas famílias não aceitam
Reprodução - Foto: Assessoria

Acabou em clima de insatisfação generalizada a reunião entre a Chapecoense e familiares das vítimas do acidente de 29 de novembro, nesta quarta-feira, em hotel em Florianópolis. No encontro, o clube repassou o posicionamento da resseguradora contratada pela LaMia, que apresentou argumentos de que não tem obrigação de pagar nenhuma indenização por conta de infrações da companhia aérea. Ainda assim, foi feita uma proposta de indenização individual de U$ 200 mil (R$ 620 mil) diante da assinatura de um termo de quitação de dívida.

A oferta foi rechaçada em um primeiro momento pelas famílias, mesmo diante da orientação da Chapecoense de que todos os estudos jurídicos serão realizados em busca de alternativas para que o montante fosse renegociado. Representantes das vítimas deixaram o local em horários diferentes, mas a maioria não escondeu o descontentamento com a proposta e até mesmo com o posicionamento do clube:

- A Chape quer ganhar tempo - desabafou Sérgio Ribeiro, advogado da família de Danilo ao deixar o local. 

Outros familiares, que optaram pelo anonimato, questionaram o valor oferecido pela resseguradora:

- Por que pagar U$ 200 mil e não exercer o seguro de U$ 25 milhões? 

A maioria das dúvidas a respeito da apólice e dos valores envolvidos ficaram sem respostas objetivas, o que revoltou boa parte dos presentes. Os questionamentos no encontro envolveram até mesmo doações que serão repassadas aos familiares. Os advogados que representam a Chape expuseram as justificativas apresentadas pela resseguradora em reunião em Buenos Aires, no fim de fevereiro, para se eximir de responsabilidade. 

A empresa apontou uma série de infrações da LaMia para descaracterizar o cumprimento do contrato, como as seguintes cláusulas: proibição de voos para Colômbia e Peru por conta das organizações criminosas Farc e Sendero Luminosa; atraso no pagamento do prêmio do seguro; negligência; agravamento do risco por transportar uma equipe de futebol; prática de atos ilegais. 

Ainda assim, a resseguradora alegou "questões humanas" para apresentar uma proposta não passível de negociação para que as famílias não ficassem desamparadas. Há, entretanto, exigências, como acordo igualitário para todos os envolvidos - o que foi rechaçado pela Chape - e assinatura de um termo de quitação.

Com as condições apresentadas, a Chapecoense alertou aos familiares de que está atenta a todos os prazos legais para que nenhum processo caduque e prometeu buscar fundamentos para que cada familiar possa buscar seus direitos com todo suporte do clube, que ainda considerou prematuro dizer "sim ou não para a oferta". As opções enumeradas são aceitar o acordo, recusar ou que cada família busque individualmente sua demanda - o que é uma tendência.

A clube catarinense afirmou ainda que buscará resolver administrativamente e extra-judicialmente todas as questões envolvendo o caso, mas, paralelamente, mantém estudos das legislações de Brasil, Bolívia e Colômbia caso seja necessário entrar na Justiça. Até mesmo os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores foram acionados para colaboração.

Vice-presidente jurídico da Chape, Luiz Antônio Pallaoro esteve em Florianópolis, mas não participou da reunião a pedido dos familiares, incomodados com declarações recentes. O encontro na capital catarinense durou pouco mais de três horas.