Morreu neste sábado (13), no Rio de Janeiro, aos 95 anos, o ator, diretor e comentarista de carnaval Haroldo Costa. Segundo familiares, ele enfrentava problemas de saúde devido à idade avançada e passou por internações recentes. O velório será realizado na quadra do Salgueiro, na segunda-feira (15).

Nascido no Rio de Janeiro, Haroldo Costa iniciou sua carreira como ator no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento. Participou de montagens importantes, como O Filho Pródigo, ao lado de nomes históricos como Ruth de Souza, Grande Otelo e Milton Gonçalves. Foi protagonista da peça Orfeu da Conceição e tornou-se o primeiro ator negro a atuar no Theatro Municipal do Rio.

Na televisão, trabalhou como diretor de musicais na Globo e dirigiu artistas renomados, como Dercy Gonçalves, Chacrinha e Moacyr Franco. Entre suas participações como ator, destacam-se as minisséries Chiquinha Gonzaga (1999), no papel de Raymundo da Conceição, e Suburbia (2012), interpretando o Seu Aloysio.

No carnaval, Haroldo Costa deixou sua marca como comentarista, jurado e pesquisador. Ele integrou o corpo oficial de jurados da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e abriu mão da função em 1963, tornando-se torcedor do Acadêmicos do Salgueiro. Também participou do corpo de jurados do Estandarte de Ouro.

Autor de diversos livros sobre o carnaval carioca, entre eles Salgueiro: Academia de Samba (1984), 100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro (2001) e Ernesto Nazareth – Pianeiro do Brasil (2005), Haroldo também produziu grandes espetáculos musicais sobre o samba. Em 2023, assinou a curadoria da exposição Heitor dos Prazeres é meu nome, no CCBB-Rio, ao lado de Raquel Barreto e Pablo León de La Barra.

Em entrevista ao Memória Globo, ele afirmava. "Meu pai era carnavalesco, saía no carnaval. Eu sempre gostei, já escrevi vários livros sobre o carnaval, pretendo escrever mais alguns ainda, porque acho o carnaval uma coisa essencial que define a gente como brasileiro. Acho que a definição mais correta do brasileiro é feita através do carnaval, eu acredito piamente nisso''.

Haroldo Costa deixa um legado que atravessa teatro, televisão e carnaval, sendo lembrado como um grande defensor da cultura brasileira e da representatividade negra nas artes.