Alagoas se despede neste final de semana de um de seus filhos, Hermeto Pascoal, conhecido como o “Bruxo da Música”. Nascido em 22 de junho de 1936, no povoado de Olho d'Água, em Lagoa da Canoa, Hermeto cresceu ouvindo música na terra, na água e no vento, e fez deles sua inspiração.

Autodidata, visionário, ensinou que tudo, um piano, uma flauta, um corpo, uma chaleira, poderia se tornar música. Sua trajetória influenciou músicos de diferentes gerações e colocou Alagoas em destaque no cenário mundial.

Do forró ao frevo, do samba ao jazz, Hermeto tocou de tudo um pouco. Ele criou a “música universal”. Uma alquimia sonora que encantou o Brasil e atravessou continentes, conquistando músicos e mestres como Elis Regina e Miles Davis, sendo este último o que o declarou “o músico mais impressionante do mundo”.

Ao longo de sua trajetória colecionou reconhecimentos que falam por si: Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Alagoas, em 2024, apresentada pelo curso de licenciatura em Música.

Além disso, recebeu reconhecimento da Universidade Federal da Paraíba, em 2019, e da Juilliard School, de Nova York, em 2023.

Vencedor do Grammy Latino 2024

Hermeto venceu o Grammy Latino 2024 na categoria Melhor Álbum de Jazz com a produção “Pra você, Ilza”!. Ele traduziu em arranjos as cartas de amor que escrevia para a esposa, Ilza Pascoal, mãe de seus seis filhos.

O alagoano foi indicado outras duas vezes para o mesmo prêmio, sendo em 2018, com Hermeto Pascoal & Big Band e em 2019, com o álbum Hermeto Pascoal e Sua Visão Original do Forró .

Outros prêmios e reconhecimentos

Também foi vencedor de dois prêmios Sharp (1992 e 1993) e, em 2024, tornou-se o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Artist Award do WOMEX, evento mundial de música, um reconhecimento global de sua relevância artística.

Da música à botânica

Hermeto é raiz. Não à toa, uma árvore gigante da Mata Atlântica, descoberta em Branquinha, recebeu seu nome em 2022: Dipteryx hermetopascoaliana. A espécie, com mais de 30 metros, virou mais um símbolo de sua grandiosidade.

O “Bruxo da Música” não morre, ecoa nas notas de quem improvisa, na coragem de quem ousa, nos compassos de quem vive e ama o som.

Alagoas se orgulha de ter dado ao mundo esse mestre, o alquimista que transformou a forma de fazer música.