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Podcast Sons & histórias é a nova onda entre aficionados em música em Alagoas

Programa que traz curiosidades de discos icônicos aliadas a fatos históricos tem no comando dois músicos e um historiador

Por Wellington Santos / Tribuna Independente 14/09/2024 10h45 - Atualizado em 14/09/2024 12h53
Podcast Sons & histórias é a nova onda entre aficionados em música em Alagoas
Músico Daniel Queiroz (camisa amarela), “Junior Beatle” e Raildo Vasconcelos (à esq.) na primeira foto no comando do podcast - Foto: Divulgação

Uma trinca alagoana composta por dois músicos e um historiador vem tomando conta das redes sociais (principalmente o YouTube) e conquistando a cada dia gente que curte histórias de discos icônicos da discografia alagoana e brasileira, bastidores de gravações, detalhes de produção e aguçando a curiosidade de quem curte música aliada a fatos históricos da vida alagoana e nacional.

A ‘nova onda’ com especialização em música, do rock ao brega, passando pelo metal a Luiz Gonzaga, da música clássica a Jackson do Pandeiro - e todos os outros ritmos - é comandada pelo historiador Raildo Vasconcelos e os músicos Daniel Queiroz e Edvaldo Carlos dos Santos, o “Junior Beatle”, que vêm conquistando adeptos que são abastecidos com comentários e curiosidades sobre discos icônicos da música brasileira e alagoana. Até a edição desta reportagem, a trinca já havia produzido 53 edições do podcast Sons & Histórias. O internauta interessado pode ter acesso ao Sons & Histórias com as novas e edições passadas através do endereço: https://www.youtube.com/@ocirteloiv.

E foi em um papo descontraído regado a um cafezinho numa tarde (quase noite) perto de onde está localizada a estação férrea que cruza o tradicional bairro do Prado com o da Levada, em Maceió, que o músico Daniel Queiroz recebeu a Tribuna para explicar o objetivo do Sons & Histórias e falar um pouco da história do podcast.

Aos 51 anos, Daniel Queiroz é engenheiro agrimensor, mas tem a música na veia há 36 anos.

“Nasci aqui no bairro do Prado e na minha casa e na casa da minha vó rolava muito som e era muito comum ouvir Anísio Silva e Nelson Gonçalves, além de ouvir música clássica. Assim nasceu a minha aproximação com a música. E quando eu tinha de cinco a seis anos, eu assistia ao programa Som Brasil, do inesquecível Rolando Boldrin, e o som da viola caipira também me tomou, foi uma paixão”, conta o músico.

Na pandemia nascia a ideia do podcast

A semente de montar alguma coisa sobre música nas redes sociais como um hobby chegou antes da pandemia, em 2019, com um cidadão chamado Lula Mendonça, que tinha uma rádio web, a rádio web Internova, que é uma rádio que existe até hoje.

“Foi muito interessante de trabalhar uma rádio web criada pelo Lula, que tem colaboradores em todo o Brasil. E foi através desse cidadão que tem um programa no Rio de Janeiro que isso chegou para mim, bicho”, contou Daniel.

“Daí passamos mais ou menos três anos só no Spotify até que o pessoal da TV Assembleia nos convidou e chamou para fazer em vídeo e estamos no ar já com 53 edições”, completa o músico.

2 músicos e 1 historiador: trinca deu liga

A ideia para montar o podcast fez com que o destino de Daniel se cruzasse com o de outras duas figuras, um da vida artística da cena local e um historiador.

“O Raildo é um historiador, um colecionador de documentos, livros, revistas, jornais. Então ele acrescenta muito com essa questão da história e, nos programas, leva livros que tratam daquele instante histórico, no livro que saiu e foi falado tal coisa da época de determinada produção artística”, explica.

Podcast quando recebeu o compositor Maclein Carneiro (Foto: Divulgação)

“Por exemplo, o primeiro podcast que a gente fala do Raul Seixas, o Raildo tem muitas questões voltadas ao ‘milagre econômico’ que se viveu naquele período da ditadura militar do presidente Médici, da questão do consumo e tal, que são coisas que, às vezes, o cidadão ao ouvir hoje vai entender que aquilo estava relacionado ao momento histórico, né?”, completa.

“E o Júnior é um baixista, colecionador de vinil. O Junior Beatle chega assim, por exemplo: ele leva um disco e diz: ‘ó, a gente vai falar por exemplo do disco do Ronnie Von, com esse selo e tal, som original. É um cara que conhece muito dessa parte de particularidades de colecionadores na produção de discos”, conta Daniel.

Desfile de artistas locais e nacionais

Pelo podcast Sons & Histórias já passaram nomes conhecidos do público alagoano, como os músicos Maclein Carneiro, o maestro Almir Medeiros, o cantor e compositor catarinense de “coração alagoano” Wado, um nome nacional que compõe e canta com ícones nacionais como Zeca Baleiro, só para ficar nesses.

Edição que contou com a participação de Wado (Foto: Divulgação)

“O engraçado é que, no início, pensei em chamar ou o Junior ou o Raildo, ou um ou outro. Eu achava que três pessoas para fazer um programa era muito. Mas a sinergia deu certo com os três. O disco é uma boa desculpa para falar da história e a história é uma boa desculpa para falar sobre discos”, diz Daniel.

Feedback da polêmica Angela Ro Ro

O Sons & Histórias já tem ultrapassado as fronteiras em termos de repercussão, inclusive com artistas nacionais consagrados. No Programa 46 do Podcast, a produção recebeu o retorno da cantora Angela Ro Ro, sucesso tanto nos discos, como figura carimbada nas revistas de fofoca e sensacionalistas dos anos 70 e 80, por causa de suas confusões na noite da cena carioca. “Uma pessoa que mora lá no Rio e conhece a Ro Ro ouviu e falou com a gente quando abordamos o disco dela de 1979. Ela mandou uma mensagem, agradecendo”, diz Daniel.