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Alagoas tem quatro selecionados em editais do Itaú Cultural

Escolhidos são da série de editais “Arte como respiro: múltiplos editais de emergência” na fase prosa ou poesia

Por Tribuna Independente 10/06/2020 08h24
Alagoas tem quatro selecionados em editais do Itaú Cultural
Reprodução - Foto: Assessoria
O site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) anunciou os selecionados e selecionadas no quinto edital da série Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, lançada no início de abril com o propósito de acolher e apoiar os artistas sujeitos a atuar isoladamente durante o período de recolhimento. Voltado para a literatura, nas categorias Escrita – prosa ou poesia e Poesia Falada – vídeo, este chamamento propôs um exercício literário de fabulação do futuro da humanidade e de cada indivíduo na pós-pandemia. Foram recebidas inscrições de todas as regiões do país com temáticas diversas como feminismo, questões indígenas, raciais e de gênero e textos com humor.  No total, foram selecionados 200 trabalhos de autores de 24 estados do país de diferentes perfis sociais, de escolaridade, étnicos e de gênero. Alagoas teve quatro poetas contemplados: Isadora Laís Lima Nogueira, Carine Valeria Mendes dos Santos, Jean Albuquerque e Lucas Litrento. A assessoria de comunicação do Itaú Cultural não divulgou quantos alagoanos se inscreveram no edital fase prosa ou poesia. “Acredito que essa diversidade valoriza, primeiramente, todos os inscritos e, particularmente, os selecionados e selecionadas”, observa o gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura, Claudiney Ferreira. Para Eduardo Saron, dirigente da instituição, a iniciativa do Itaú Cultural de construir e realizar esses processos de seleção em várias áreas de expressão fortalece e valoriza a produção cultural neste momento de quarentena. “Quando realizamos o mapeamento de todos os selecionados desses editais, percebemos claramente a relevância e a necessidade de estarmos próximos de artistas e pesquisadores neste período de suspensão social e, consequentemente, dar voz a essa múltipla produção artística que está sendo feita no universo digital”, conclui Saron. Entre os trabalhos recebidos, a equipe do Núcleo de Audiovisual e Literatura, ao lado de colaboradores das áreas artísticas da instituição, selecionou 175 projetos na categoria Escrita – prosa ou poesia e 25 na categoria Poesia Falada – vídeo. “Ficamos muito felizes com a qualidade geral dos 200 selecionados nas duas categorias e acredito que o importante foi que as pessoas escreveram e se expressaram sobre seus otimismos e angústias sobre o futuro”, avalia Ferreira. ESCRITA – PROSA OU POESIA Conforme previsto no regulamento, a categoria Escrita – prosa ou poesia recebeu obras, realizadas em poesias e minicontos de até 800 caracteres, que levaram os autores de todas as regiões do país a fazer um exercício literário de fabulação do futuro da humanidade e de cada indivíduo na pós-pandemia. UM DELES Um dos contemplados nesse edital foi Lucas Litrento, falou com o D&A ao saber que foi um dos ganhadores do edital. Escritor, realizador cinematográfico, produtor cultural, vive na parte em Maceió e um velho conhecido como ganhado de editais. Para ele viver de arte é Maceió deve ser bem parecido com “ir sobrevivendo no inferno”. Aos 23 anos, também estuda Jornalismo na Ufal e integra os coletivos Mirante Cineclube e Pernoite. Tem textos publicados em revistas de literatura e mantém um blog no Medium. “Os meninos iam pretos porque iam” (Ed. Graciliano, 2019) é seu primeiro livro. “TXOW” (2020), de contos, será lançado pela Edipucrs, como vencedor do primeiro Prêmio Delfos de Literatura. O livro também foi vencedor do Prêmio Malê de Literatura.  Assina, com Janderson Felipe, o roteiro e a direção do curta-metragem Samuel Foi Trabalhar, um dos contemplados pelo Edital do Audiovisual 2019, realizado pela Prefeitura de Maceió e a Ancine. O filme está em fase de produção, parado por conta da pandemia de Covid -19. “Todas as minhas obras (lançadas ou não) estão no mundo (ou em gestação) por conta de editais e concursos. Estamos num período de ruptura institucional, é mais que importante fazer parte do grito pela manutenção dessas políticas públicas que são cada vez mais atacadas por todos que querem nos calar porque sabem que o nosso ataque também fere”, afirmou o escritor. Ele reconhece a importância desse tipo de edital, que possui tema, por discutir um assunto que ainda causa tanto pavor e angustia nas pessoas e lança a sociedade em um caminho ainda desconhecido. “Esse foi um edital temático, não costumo participar de seleções desse tipo. Foi uma experiência conturbada, ando escrevendo regularmente durante a quarentena, mas sem temas específicos. É claro que falo sobre esse período, a minha escrita fala muito do já, mas ter que escrever um poema curto sobre o pós-quarentena. Nem sei se vai ter pós, nas condições atuais pensar o futuro é doloroso. Então foi difícil, mas tentei construir um texto do meu jeito, revisitar umas imagens, é meio azulado, melancólico”, disse Lucas Litrento. E ainda completou: “Os editais culturais são essenciais pra classe artística em qualquer situação. Falo por experiência própria. Pra minha realidade, ganhar 2 mil por um texto curto é coisa rara, praticamente impossível, mas vai-não-vai ganho um desses. Nós, artistas, vivemos multiplicando pães. Sou da literatura e do cinema, fora do eixo Rio-São Paulo, da periferia: não brota dinheiro pra gente. Então essas iniciativas, sejam estatais ou não, são muito importantes porque, além do dinheiro, servem pra legitimar nosso trabalho, pra mostrar que estamos no caminho certo. Esse duplo incentivo é o mais interessante”.