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Curta alagoano ‘A Barca” tem uma das 15 melhores fotografias brasileiras do ano

Película produzida no estado está entre os melhores, segundo a Associação Brasileira de Cinematografia

Por Tribuna Independente 09/04/2020 09h16
Curta alagoano ‘A Barca” tem uma das 15 melhores fotografias brasileiras do ano
Reprodução - Foto: Assessoria

O cinema alagoano acaba de conquistar mais uma importante distinção nacional. Após sua première na Mostra Foco do último Festival de Tiradentes, realizado em janeiro, o curta-metragem alagoano “A Barca” foi pré-selecionado para o Prêmio ABC 2020 na categoria Melhor Direção de Fotografia.

A lista foi divulgada pela Associação Brasileira de Cinematografia. O trabalho é um dos 15 títulos brasileiros selecionados entre 135 obras inscritas. Os vencedores do Prêmio ABC 2020 serão conhecidos na festa de premiação, no dia 17 de outubro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

A direção de fotografia do curta é assinada por Michel Rios, profissional que iniciou sua carreira no cinema em produções alagoanas como “O que Lembro, Tenho” e “Exu - Além do Bem e do Mal”, antes de fixar residência em São Paulo. A equipe do departamento de fotografia do filme também contou com o trabalho do assistente de câmera pernambucano Chapola Silva, do iluminador Moab Oliveira e do finalizador Marcos André Caraciolo, ambos alagoanos.

“A Barca” foi um dos projetos contemplados no IV Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas/Secult-AL (em parceria com os Arranjos Regionais do FSA), com produção da La ursa Cinematográfica em co-produção com a VTK. Além da Mostra de Cinema de Tiradentes 2020, o filme também participou da Mostra Sururu de Cinema Alagoano, foi finalista do Eurasia International Monthly Film Festival 2020 e recebeu o prêmio de melhor roteiro adaptado no VI Festival Brasil de Cinema Internacional FBCI.

Inspirado num conto de Lygia Fagundes Telles, a ficção marca a estreia do escritor Nilton Resende na direção. Na narrativa, que acontece numa noite de Natal, duas mulheres travam um diálogo dentro de uma barca, enquanto ela desliza por sobre as águas de uma lagoa escura e gelada. Um acontecimento inesperado deixa sua marca no término dessa travessia.

Por se tratar de uma história noturna e situada dentro de um barco em movimento com o motor ligado, a produção representou um grande desafio técnico e artístico para os profissionais.

Desde a montagem da equipe, que teve uma composição reduzida para caber dentro da embarcação, até a escolha da câmera e das lentes que permitissem capturar as imagens com uma iluminação extremamente limitada, as decisões técnicas foram fundamentais para o êxito do projeto.

Outra característica importante da cinematografia do filme é que 100% dos takes foram feitos com a câmera no ombro ou na mão, sem o uso de tripé. O iluminador Moab Oliveira (“Cavalo”, “Trincheira”) também precisou encontrar soluções criativas para as condições de filmagem que a história impunha.

Todo o esforço técnico da equipe foi direcionado para materializar uma história que já tocou milhões de pessoas de diferentes gerações. O conto “Natal na Barca”, que deu origem ao filme, foi escrito pela paulistana Lygia Fagundes Telles e publicado pela primeira vez no livro “Histórias do Desencontro” (1958). Posteriormente publicado em “Antes do Baile Verde”, esse é um dos textos mais famosos da autora. Além de estar presente na maioria das antologias de contos lygianos, ele é também presença certa em antologias que trazem histórias que se passam no período natalino.

No filme, algumas pessoas estão numa barca que navega por uma lagoa gelada e escura (no conto, é um rio). São elas: uma mulher que pela primeira vez pega aquela barca (Ane Oliva); uma outra mulher (Wanderlândia Melo), que mora na região e leva consigo o filho doente (Yan Claudemir), um bebê, para que seja examinado por um médico; um bêbado (Rogério Diaz) que dorme deitado num banco; a condutora do barco, interpretada por Aline Marta (no conto, um condutor).

Cada uma dessas personagens está carregando consigo seus próprios dramas, nessa noite escura da alma, mas, durante o trajeto, surge um inevitável diálogo entre as duas passageiras, culminando num acontecimento inesperado que deixará sua marca no término dessa travessia.