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Nordeste é a região do País com mais vencedores do Prêmio Culturas Populares

Conheça alguns dos 129 premiados dos estados nordestinos.  Pernambuco, Bahia e Paraíba reúnem o maior número de agraciados na 6ª edição do prêmio do Ministério da Cultura

Por Assessoria 24/10/2018 08h53
Nordeste é a região do País com mais vencedores do Prêmio Culturas Populares
Reprodução - Foto: Assessoria

Das 500 iniciativas premiadas pelo Prêmio Culturas Populares 2018 – edição Selma do Coco, 129 são do Nordeste, região com mais premiados no País. Os estados nordestinos com maior número de agraciados foram Pernambuco (39), Bahia (37) e Paraíba (17). Expoentes do maracatu, repente e samba de roda são apenas alguns exemplos de expressões da cultura brasileira contempladas pelo Ministério da Cultura com o Prêmio de R$ 10 milhões – o maior volume de recursos já concedido em seis edições da premiação. Cada agraciado recebeu R$ 20 mil.

“O prêmio é um reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado nas diversas regiões do País e um estímulo para que prossiga”, afirma o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. “Queremos manter viva a diversidade das expressões culturais populares brasileiras, e que elas sejam difundidas para além dos limites de suas comunidades de origem”, completou.

O maestro da Sociedade Filarmônica Santa Ana, Gedeão Faustino Nunes Filho, é um dos premiados paraibanos. Fundada em 1997, a sociedade filarmônica atua no ensino de música para crianças e jovens, no município do Congo, localizado na microrregião do Cariri Ocidental. Desde 2009, a sociedade filarmônica conquistou o título de Ponto de Cultura, com o nome de “O Som da Cidadania”.

 

“É uma felicidade imensa receber este prêmio. São mais de 25 anos não só na filarmônica do Congo, mas em outras também. O prêmio significa uma forma de reconhecimento do meu trabalho, de mostrar para os jovens um caminho melhor, saindo das ruas e indo para outras bandas de todo Brasil, longe do crime”, afirma Gedeão, que receberá o prêmio na categoria Mestres e Mestras.

Com formação em música, Gedeão participou, entre 1988 e 1992, da banda marcial, que toca em eventos com a presença de presidentes como 7 de setembro. “Hoje, temos aqui na Filarmônica Santa Ana uma banda com repertório bem eclético. Tocamos xaxado, samba, além, é claro, das marchas de desfiles”, conta.  

Na Bahia, a Mestra sambadeira Dona Aurinda (Aurinda Raimunda da Anunciação) foi agraciada na categoria que reconhece o trabalho de mestres e mestras. Com 84 anos, ela continua atuante nas atividades dos quilombos do Tereré e Maragogipinho, na Ilha de Itaparica, onde nasceu e vive até hoje. Irmã do capoeirista Gerson Quadrado, participa das apresentações de samba de roda tocando um prato com faca. “Não acreditei. Eu fiquei parada e muito satisfeita. Estou no samba desde longa data. Me dá muita alegria”, relatou, ao saber do prêmio.

O Mestre João Paulo (João Manoel do Santos), de Nazaré da Mata (PE), também comemorou o reconhecimento. Fundador do Maracatu Leão Misterioso, nos últimos 30 anos não perdeu a oportunidade de levar à população, no Carnaval e em festivais de inverno, a alegria do maracatu rural, com um grupo composto por mais de 100 integrantes. “Já fiz oficina de Maracatu. Tenho sete CDs gravados. Já fui a São Paulo mais de 10 vezes. Fiz muita parceria com o Antonio Nóbrega. Este prêmio veio em boa hora”, afirmou. João Paulo vai investir parte do valor para ensinar meninos do bairro dele a fazer os adereços usados pelos músicos nas apresentações.

Histórias como essas integram as iniciativas vencedoras em todos os estados brasileiros. Além dos premiados na região Nordeste, foram agraciados 123 no Sudeste, 99 no Sul, 98 no Norte e 51 no Centro-Oeste.

Nesta edição, foram agraciados 200 prêmios para iniciativas de mestres e mestras (pessoa física); 192 para iniciativas de grupos sem CNPJ; 77 para pessoas jurídicas sem fins lucrativos; 11 para pessoas jurídicas com ações comprovadas em acessibilidade cultural; e 20 para herdeiros de mestres e mestras já falecidos (in memoriam), totalizando 500 prêmios.

Critérios

As iniciativas foram analisadas por uma Comissão de Seleção sob critérios como contribuição sociocultural que o projeto proporciona às comunidades; melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir de suas práticas culturais; e impacto social e contribuição da atuação para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos, entre outros.

Ao todo, foram 2.227 inscrições para a edição Selma do Coco, sendo 1.482 habilitadas: 784 de mestres, 367 de grupos e comunidades, 296 de instituições privadas sem fins lucrativos e 35 de herdeiros de mestres já falecidos (in memoriam).

Neste ano, a premiação homenageou a cantora pernambucana Selma do Coco (1929-2015). Nascida na cidade de Vitória de Santo Antão, Selma deixou como principal legado a sua contribuição para a consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência nacional. A artista gravou três álbuns e participou de festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, além de ter ganhado o antigo Prêmio Sharp, hoje Prêmio da Música Brasileira.