Entretenimento

Espetáculo 'Incelença' conta história de mães que perderam o filho para a violência

Criação do Coletivo Volante de Teatro, peça estará em cartaz nos dias 22, 23, 29 e 30 de março no Espaço Cultural da Praça Sinimbú

Por Texto: Lucas França com Tribuna Hoje 21/03/2018 18h11
Espetáculo 'Incelença' conta história de mães que perderam o filho para a violência
Reprodução - Foto: Assessoria
Para quem gosta de arte e principalmente de teatro, o Coletivo Volante de Teatro que atua em Maceió desde Janeiro de 2014 convida toda a população para o espetáculo “Incelença”, que tem o enredo produzido a partir do Mapa da Violência no Brasil, em 2016 no qual Alagoas mais uma vez aparecia entre os estados mais violentos para se viver, principalmente e em grande maioria para a juventude negra e periférica. Naquele ano a cada 13 pessoas mortas em Alagoas, 12 eram jovens negros e periféricos. “O espetáculo "Incelença" começou a nascer durante a segunda edição do Festival de Artes Cênicas de Alagoas - Festal. Estávamos todos reunidos e compartilhando a experiência de criação de vários grupos. Esse espaço aproximou o Coletivo Volante de Teatro de outros grupos que demonstravam afinidades criativas”, explica Gessyca Geyza. "Incelença" é o segundo espetáculo do Coletivo Volante de Teatro. E estará em temporada no Espaço Cultural da Praça Sinimbú nos dias 22, 23, 29 e 30 de março sempre às 20h. O espetáculo conta a história pela versão das mães que perderam filhos e filhas para a violência. O caso de Davi da Silva, filho de dona Maria da Silva, por exemplo, foi um fato que impulsionou a criação da peça teatral. “Essa peça é para dona Maria da Silva que é um exemplo de mãe na luta para esclarecer o desaparecimento do filho após uma abordagem policial aqui em Maceió”, disse Gessyca. A peça teatral tem direção de Gessyca Geyza e texto de Bruno Alves. Para a criação da narrativa, o grupo estudou durante oito meses os dados do Mapa da Violência dos últimos anos e estreou o espetáculo no dia 07 de julho de 2017 no Porão do Teatro Deodoro. O elenco é formado por Bruno Alves, Gessyca Geyza, Nathaly Pereira, Nivaldo Vasconcelos, Rayane Wise e Wanderlândia Melo. A diretora do espetáculo ressalta que o estudo do Mapa da Violência foi importante para a criação de todo o enredo. “O Estudo foi o que nós ligou e inquietou naquele instante. Víamos e vemos com recorrência nosso estado aparecer na lista, como também víamos amigos nossos e amigos de amigos serem assassinados. A peça nasce daí. Da inquietação com esse lugar violento para se viver. Inicialmente pensamos em fazer um espetáculo com estética de teatro de rua. Queríamos ir as ruas falar sobre a violência que toma conta da cidade. Era uma estética de um teatro popular, mas logo isso não se firmou entre a gente”, comenta. O grupo conta que a criação do espetáculo começou em dezembro quando eles se reuniam e montavam o pré-texto. “Em dezembro quando começávamos a nos reunir, o texto inicial, que eu chamo de pré-texto para o encontro, logo foi por terra. Na sala de ensaio, ao longo dos meses, descobríamos que não seria aquela história que havia sido escrita em novembro, mas era momento de deixar a história da peça se revelar. Zeramos o jogo, jogamos o texto inicial fora e partimos do zero para o encontro dessa história que agora apresentamos ao público”, ressalta. A direção do espetáculo ressalta que além do Coletivo Volante de Teatro também participaram da criação entre eles; Nivaldo, Rayane e Bruno e amigos de outros grupos e coletivos (Coletivo Hetéaçã e Clowns de Quinta). “Começávamos também um processo de parceria e troca entre grupos e artistas de linguagens distintas”, relata. ENSAIO “Durante a montagem e criação do enredo cada artista participante trazia uma proposta de jogo, de filme, de música, dentre outras referências, e com isso íamos trilhando o caminho no encontro com a narrativa "final". A peça que hoje encenamos é fruto dessa troca. Cada atriz e ator trouxe um pouco de sua história para dentro, história também de mães que lemos, que assistimos, que pesquisamos, que conhecemos pela televisão, que conhecemos no nosso cotidiano”, disse Geyza. Para assistir ao espetáculo o grupo pede uma contribuição simbólica de "Pague o quanto puder". (Com Coletivo) Serviço: Espetáculo "Incelença", do Coletivo Volante de Teatro Data: 22, 23, 29 e 30 de março. Horário: 20h Local: Espaço Cultural da Praça Sinimbú. Obs: Público paga o que puder.