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Bar frequentado por Montagner atrai fãs do ator em São Paulo

Ator morreu afogado há um ano no rio São Francisco, em Sergipe

Por R7 15/09/2017 10h26
Bar frequentado por Montagner atrai fãs do ator em São Paulo
Reprodução - Foto: Assessoria

Vizinho à casa da família de Domingos Montagner, o bar Pilequinho, no Tatuapé, na zona Leste de São Paulo, era um dos lugares preferidos do ator, que há um ano morria de forma trágica ao se afogar no Rio São Francisco, em Sergipe. Até hoje, no entanto, o local guarda com carinho as lembranças das tardes de domingo na companhia do artista. 

Montagner foi sugado pelas águas do Rio São Francisco enquanto mergulhava com a atriz Camila Pitanga, em um intervalo de gravação da novela Velho Chico.

O balconista Ivan Isidorio de Lima trabalha no Pilequinho há 31 anos e conhecia o ator há pelo menos 20. Ao R7, ele falou da amizade com Domingos e contou como eram os dias quando eles se encontravam.

— Ele vinha sempre por volta de uma, uma e meia da tarde, vinha almoçar. Esse pessoal trabalha muito, tem teatro, circo, TV, ficam muito no Rio... mas mesmo depois que os pais dele faleceram, ele nunca se afastou daqui. A gente batia papo, dava risada, brincava muito. Quando tinha uma cena da novela mais picante, por exemplo, eu falava: “Dormiu no sofá essa noite, né?”. E ele dava risada. Quando ele vinha com a Luciana (mulher), aí não dava pra brincar tanto (risos). Às vezes, ele também trazia as crianças (os filhos Leo, 13, Antonio, 10 e Dante, 6), estava sempre segurando um no colo, abraçando outro... ele era um pai muito amoroso.

Domingos ao lado de Ivan no bar da zona lesteArquivo pessoal

Depois que Domingos morreu, o irmão do ator, Francisco Montagner, manteve a tradição da família e ainda frequenta o bar.

— No primeiro domingo que o irmão dele apareceu aqui depois da morte do Domingos foi uma tristeza total. Foi horrível pra gente. O irmão ainda vem muito aqui, é bom a gente ficar juntos nesses momentos que sente a falta dele. A Luciana (mulher), depois de quatro meses que ele morreu, também veio aqui com os meninos. Na medida do possível, a família vai levando...

Ivan é só elogios para o amigo que se foi.

— Ele era uma pessoa extraordinária, não tinha mania nem nariz empinado, era muito simples. Se você começasse a conversar com ele, já gostava do jeito dele. Ele também era pé no chão, muito centrado. Era um cara muito gente boa, muito família, amigo...

Ator era cliente fiel do barReprodução/Facebook

A curiosidade dos fãs e das pessoas que admiravam o trabalho de Domingos fez com que a procura pelo bar aumentasse. 

— Na primeira semana, muita gente apareceu perguntando: “Era esse o bar que o Domingos frequentava?”. Mesmo quando ele era vivo e estava em alguma novela, as pessoas vinham pra querer beber o drink que ele tomava. Ele bebia pouco, mas pedia Cinzano com Underberg, que é um conhaque amargo. 

Para preservar Domingos e a família, Ivan explica que o bar optou por não expor nenhuma imagem do ator.

— Por muitos anos, a gente tinha quadros de fotos aqui. Mas agora a nossa foto fica no celular, nas redes sociais... a gente queria ele vivo, não se aproveitar da imagem dele. Até porque, ele era famoso, conhecido, mas, pra gente, era como se ele fosse da família.

Sem mais a companhia de anos do amigo, Ivan fala das lembranças que guarda.

— Sinto falta das brincadeiras, das conversas... quando ele vinha com a camisa do Corinthians, eu falava que esse era o único defeito que ele tinha (risos). Ele dava risada e falava: “Tá no sangue!”.  Acho que fica essas histórias. O bar existe desde 1974, estou há 31 anos, então a nossa clientela é muito antiga. Não sou da família dele, mas virei um amigo.

Origem circense  

Além das telinhas, Domingos tinha forte influência da arte circense. Sua carreira começou em 1989, com o Circo Escola Picadeiro, onde conheceu Fernando Sampaio e juntos começaram a fazer apresentações como palhaços. A amizade ultrapassou os palcos e eles criaram o Grupo La Mínima, espetáculo baseado em humor e acrobacias.

Domingos como o palhaço clássico brasileiro, PicolinoReprodução/Instagram

Este ano, a companhia completou 20 anos e ganhou uma exposição no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo. De abril a julho, o público pôde conferir a história do grupo, e a mostra reuniu fotos, figurinos, vídeos e adereços usados por Domingos e Fernando.

Os integrantes da equipe que trabalhavam com o ator não quiseram se manifestar a respeito dos 12 meses de morte de Domingos e, por meio da assessoria, disseram que vão "trabalhar na homenagem ao Agenor (Montagner) nas apresentações". 

 

Relembre o caso Local onde Montagner se afogou no Rio São FranciscoArte sobre Google Maps

 

Em um momento de folga das gravações de Velho Chico (novela na qual era protagonista), Domingos mergulhou com a atriz Camila Pitanga, seu par romântico na trama, em um local conhecido como Prainha, na cidade de Canindé de São Francisco. O corpo do ator foi encontrado preso em pedras entre 20 e 25 metros de profundidade, próximo à usina de Xingó.

Segundo informações do IML (Instituto Médico Legal) de Sergipe, Domingos morreu de asfixia mecânica por afogamento e carregava pequenos machucados no corpo. Em depoimento às autoridades, Camila disse que o local estava pouco movimentado e por isso decidiram ir até uma rocha para mergulhar. Foi quando a atriz relatou que, pouco tempo depois, percebeu uma forte correnteza que os puxou.

Naquele momento, Camila disse que havia avisado o ator para voltar até a pedra. No entanto, Domingos já apresentava dificuldades. A atriz afirmou ainda que conseguiu chegar primeiro até as rochas e disse para o colega que ali a água estava mais calma. Ela contou que tentou segurar as mãos do ator por duas vezes e que, em seguida, gritou pedindo socorro. Camila encerrou seu esclarecimento afirmando que o artista submergiu uma vez e que, na segunda, afundou e não voltou mais à superfície.

Pai de três filhos e casado com Luciana Lima, Domingos foi velado e enterrado em São Paulo, no cemitério da Quarta Parada, no Tatuapé.