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‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’: O aracnídeo em sua melhor forma

Novo filme do herói estrelado por Tom Holland, Michael Keaton e Marisa Tomei estreia nos cinemas nesta quinta

Por Globo 06/07/2017 11h05
‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’: O aracnídeo em sua melhor forma
Reprodução - Foto: Assessoria

Enquanto muitos heróis estão engatinhando em suas versões cinematográficas, caso de 'Doutor Estranho', que ganhou seu primeiro filme ano passado, e 'Pantera Negra', que chega aos cinemas em fevereiro do ano que vem, o Homem-Aranha entra na sua terceira “geração” com atores de carne e osso. Depois de Tobey Maguire e Andrew Garfield, é a vez de Tom Holland encarnar o cabeça de teira em ‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’ e já podemos adiantar que a escolha pelo ator inglês de 21 anos é um dos grandes trunfos da produção.

‘De Volta ao Lar’ foge da “história de origem”, sem se preocupar muito com o passado de Peter Parker. Tudo o que sabemos aparece, mas de forma sutil: a morte de Tio Ben, a picada da aranha geneticamente modificada... Tudo está lá, mas sem gastar ricos minutos dos 133 que a produção tem de duração. Esse tempo é gasto, muito bem gasto, para apresentar seu nêmesis, o Abutre (Michael Keaton) e todo o universo que orbita o dia-a-dia de Peter/Aranha. 

O vilão, por sinal, é um dos que recebe melhor tratamento e tempo de tela no Universo Cinematográfico Marvel. Uma falha recorrente dos outros filmes era a superficialidade com que os malfeitores e suas ameaças eram tratados. A direção de Jon Watts e o peso da experiência de Michael Keaton acabaram por dar o tom do personagem.

A produção faz adaptações interessantes no que diz respeito à mitologia criada no cinema: Mary Jane e Gwen Stacy não estão mais lá, como flores caucasianas no jardim de Peter Parker. Agora surgem Laura Harrier como Liz e Zendaya, como Michelle, dando mais diversidade às personagens femininas do universo aracnídeo. A diversidade também se aplica ao "parça" Ned (Jacob Batalon) e ao bully Flash (Tony Revolori), que estão ótimos apesar da reclamação de alguns haters. A Tia May vivida por Marisa Tomei também é uma feliz alteração do cânone por parte da produção. A jovialidade e a beleza da tia enriquece a interação com Peter Parker e abre um universo de ótimas cenas usando essas "novidades" como gancho.

Vale lembrar que o Homem-Aranha é um personagem do estúdio Sony, que aceitou dividir a criação com os estúdios Marvel nessa nova abordagem do herói. A primeira aparição de Tom Holland nesse universo aconteceu em ‘Capitão América: Guerra Civil’, e foi muito bem recebida. O filme de 2016 e ‘The Avengers: Os Vingadores’ (2012) são usados para explicar as trajetórias de personagens do filme, mas sem prejuízos para quem não assistiu aos outros filmes de heróis. E a mão do estúdio da Casa das Ideias se mostra do início ao fim do longa.

O filme que estreia dia hoje nos cinemas é mais leve e descontraído que seus antecessores, Tom Holland parece realmente ser um colegial, se porta como um adolescente e emana o espírito de Nova York. A cidade, por sinal, se torna um elemento importante na história desse novo Peter Parker. Muito se fala sobre os heróis do dia-a-dia, longe das divindades que são Thor, Homem de Ferro, Hulk e cia., superpoderosos que lidam diariamente com ameaças intergalácticas, divinas e tão fortes quanto eles. Mas e aquele uniformizado que transpira sangue para salvar o bairro? A aura de Amigo da Vizinhança é o que dá graça em ‘De Volta ao Lar’.

Peter Parker é fã, mas um fã com habilidades, ele cultiva uma inusitada parceria com Tony Stark (Robert Downey Jr), mas o Homem de Ferro o coloca em seu lugar, já que ele é o mascarado que salta de teias pela vizinhança de Nova York. O universo de Parker é no bairro, com os comerciantes, com a tia e com os amigos (e bullies) do colégio. Apesar do potencial de grandes feitos, o microcosmo que faz do Aranha tão humano quanto eu e você é que nos aproxima do herói.

Podemos dizer que ‘De Volta ao Lar’ é um grande acerto da Sony/Marvel. Conseguiram adaptar o que há de melhor nos quadrinhos do Homem-Aranha, reparar erros de produções anteriores e introduzir um personagem de extrema importância no cinema; sem ‘Homem-Aranha’ (2002), com direção de Sam Raimi, não teríamos esse verdadeiro gênero formado pelos filmes de heróis. O Aranha é um patrimônio da cultura pop e exemplo disso são as referências que o diretor Jon Watts deu ao seu primeiro grande filme: tudo o que já foi feito no cinema e na TV ganham uma pitadinha em cada cena. Tem lugar para o tema clássico da série animada de TV, música dos Ramones e aquela tão esperada participação especial de Stan Lee. O Aranha estar de volta ao lar não é só uma piadinha de duplo sentido no subtítulo do filme. É um sopro de esperança para o público que espera que o herói tenha vida muito longa nas telonas.