Fani Pacheco está com uma forma física diferente da que deu a ela o título de um dos maiores símbolos sexuais da história do Big Brother Brasil. Com 83kg, 15kg a mais do que costumava pesar, a modelo de 34 anos considera que está com um "corpo plus size".

Os quilinhos a mais de Fani vieram após a morte de sua mãe, em fevereiro de 2014. Com a perda, ela entrou em depressão, doença que, atualmente, com auxílio de terapia, considera estar controlada. O psicológico abalado, no entanto, fez com que ela passasse a ver na comida uma forma de lidar com os sentimentos ruins.

— Com a depressão, passei a não querer fazer mais nada. Só comia. Hoje, posso dizer que estou com uma depressão moderada e que estou cada vez mais motivada a sair disso, porém, minha ansiedade ainda é compensada na comida.

Fani não esconde seu corpo e vez ou outra compartilha imagens em que aparece de biquíni. No entanto, ela garante que o processo de autoaceitação não foi fácil, principalmente no início, e que até hoje não se sente totalmente "bem resolvida" com o novo físico.

— Eu não estou bem resolvida com meu corpo. Eu estou feliz e resolvida com a minha mente, estou entendendo o que eu sinto, entendendo o porquê da minha ansiedade. Estou respeitando isso e, consequentemente, respeitando o meu corpo. Eu tenho que estar feliz com ele porque é o corpo que eu tenho, não vou me esconder do mundo. Quando eu fiz meu ensaio plus size, o primeiro que fiz depois de engordar, eu fiquei chocada quando vi as fotos de biquíni no computador do fotógrafo. Fiquei um ano tentando fazer dieta, malhava, mas só engordava mais. Foi uma luta muito grande até aceitar que eu precisava desse momento.

Fani acredita que não sofreu preconceito por ter engordado, mas vê um "falso moralismo" por parte de empresas e marcas que demonstram interesse em contar com sua imagem. Ela afirma que, financeiramente, ela foi prejudicada por sua nova forma.

— Preconceito talvez não seja a palavra, mas talvez um falso moralismo das pessoas. Dois meses antes de eu falar que tinha engordado 15kg, eu ganhava um cachê muito bom. Não posso reclamar, não, porque eu sempre fui valorizada. Minha imagem sempre foi valorizada. Mas depois as pessoas passaram a me convidar para os mesmos trabalhos, desfiles, presenças vip, fotos, posts no Instagram etc., sem verba. Dizem que é muito legal esse meu momento, que era legal eu levantar essa bandeira, mas, de repente, o cachê virou simbólico.

A ex-BBB afirma, no entanto, que não admite a depreciação salarial e questiona a postura dos contratantes.

— Parei de trabalhar porque não vou permitir que as pessoas me desvalorizem financeiramente, sendo que elas querem o meu produto para associar à marca delas. O nome Fani Pacheco é um produto bom para associar à marca. Mas antes ele valia muito, e de repente ele passa a não valer nada, só porque ele está fora do padrão estético? (...) A sociedade é hipócrita, porque ela fala que eu estou linda, mas sabe que eu trabalharia e ganharia muito mais se estivesse magra.

A "nova Fani" não se deixa abalar pelas adversidades e se tornou uma espécie de porta-voz do feminismo e das minorias. Para isso, lançou, na última sexta-feira (19), o #FaniQuebraoPadrão, seu canal no YouTube. Ela afirma que a motivação para criar a websérie partiu do desejo de fazer algo relevante, tanto para ela quanto para os outros.

— O que me motivou muito foi ver a reação das pessoas. Quando eu fiz o primeiro vídeo mostrando que eu estava gordinha, muitas mulheres se identificaram e pediram que eu fizesse mais vídeos. Houve um dia em que eu postei várias fotos de biquíni, mostrando celulite, mostrando tudo, e várias pessoas me marcaram em suas fotos com diversos tipos de beleza. Eu achei isso muito legal, me senti útil. Cheguei à conclusão que quero fazer algo que faça eu me sentir assim. Quero fazer algo para mim e para as pessoas, aí veio a ideia do canal.

#FaniQuebraoPadrão já era sucesso antes mesmo de estrear. Em poucos dias, o canal já conta com quase 14 mil inscritos e mais de 1 milhão de visualizações.

— As pessoas vão encontrar nos vídeos do canal a Fani de verdade, contando as coisas que, em algum momento, acontecem na vida de todos, tanto na parte psicológica quanto física e emocional. Eu achei sensacional [o resultado], mas eu preciso que as pessoas também achem.