A nova versão de Cidade dos Homens (2002-2005) estreia nesta terça (17), mas novidade não é o forte da série. O especial da Globo requenta muitas cenas da trajetória marcante de Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha) na adolescência. Oferece muito pouco tempo e espaço para as atuais aventuras e emoções dos amigos criados em um morro do Rio de Janeiro. Com 128 minutos no total, os quatro capítulos têm só 52 minutos de cenas inéditas _e quase todas dão destaque a um drama de doença infantil.

A série original Cidade dos Homens estreou na Globo em 2002, quando Silva e Cunha tinham 13 e 14 anos, respectivamente. O revival que a Globo lança agora mostra os dois protagonistas já como pais de dois garotos: Davi (Luan Pessoa), filho de Laranjinha, e Clayton (Carlos Eduardo Jay), filho de Acerola.

Davi tem um problema grave no coração que só melhorará após uma cirurgia. No entanto, seu pai não tem dinheiro para pagar o tratamento em um hospital particular, e, se depender da ineficiência da saúde pública, o garoto pode morrer antes de conseguir ser atendido adequadamente.

Nos três primeiros episódios do especial, as cenas atuais de Acerola, Laranjinha, Davi e Clayton aparecem apenas no início e no fim de cada edição. A maior parte do programa é composta de cenas da década passada, que exibem (com filtro para parecerem mais antigas do que realmente são) trechos dos protagonistas lidando com questões como família, dinheiro e a criminalidade no morro.

É só no último episódio da nova versão de Cidade dos Homens que a ação acontece e os novos protagonistas ganham espaço. Clayton rouba dinheiro de um traficante e leva uma arma para casa. Desesperado e preocupado com a saúde do filho, Laranjinha quer usar o dinheiro para pagar a conta do hospital. Quando vê que Acerola é contra essa decisão e tenta impedi-lo de gastar o dinheiro sujo, Laranjinha aponta uma arma para a cabeça de seu melhor amigo.

Cunha e Silva em cena de Cidade dos Homens: os dois amigos se reaproximaram na série

ReencontroOs personagens precisarão se unir para enfrentar os problemas e dramas. Para Silva e Cunha, a nova versão de Cidade dos Homens também é uma grande reunião entre amigos. Desde o especial de fim de ano Papai Noel Existe, em 2010, os dois não trabalhavam juntos na mesma produção. Silva passou os últimos anos no elenco do Esquenta!, mas Cunha não aceitou o convite de Regina Casé para fazer parte do programa também.

"O Esquenta nunca foi do meu interesse. [O convite] Não me atraiu pelo formato do programa, e resolvi não participar. Eu busco [trabalhar com] interpretação, e no Esquenta eu não teria que interpretar um personagem, teria que ser eu, sambando, dançando", disse o ator ao Notícias da TV.

Além de atuar no teatro, Cunha investiu no ramo alimentício no ano passado: ao lado de amigos, ele é sócio de uma hamburgueria na zona norte do Rio de Janeiro. Já Silva também mudou de rumos, e hoje dedica grande parte do seu tempo à função de vocalista em um grupo de pagode.

Os atores, que até hoje são chamados pelos apelidos de Laranjinha e Acerola nas ruas, se consideram privilegiados pela oportunidade de viverem novamente os personagens que mais marcaram suas carreiras. Após a sessão nostalgia na Globo, eles planejam até levar a história ao teatro.

"Eu e Douglas estávamos conversando de fazer uma peça juntos. A gente está com planos de escrever um texto ou comprar um texto e adaptá-lo. Vou começar a desenvolver com ele, acho que é um desafio para os dois. A gente quer tocar essa ideia para frente", afirma Cunha.