Entretenimento
Dia da Consciência Negra: viadutos de Maceió recebem intervenção de 11 fotógrafos
Artistas colocaram imagens de manifestação folclórica nos viadutos Washington Luiz e João Lyra
O conceito de intervenção urbana define que essa é uma manifestação artística, geralmente realizada em áreas centrais das cidades e serve para expandir o conceito a função de arte. São notadamente voltados para uma experiência estética que procura produzir novas maneiras de perceber o cenário urbano e criar relações afetivas com a cidade. E foi justamente o que 11 fotógrafos alagoanos fizeram esta semana em dois viadutos de Maceió, e ainda aproveitaram a proximidade com o dia da consciência negra para discutir o assunto. A proposta é ocupar espaço urbano com imagens esteticamente agradáveis.
O resultado é um agradável galeria ao ar livre que pode ser apreciada, desde o último domingo, por quem passa pelos viadutos Washington Luiz (no parque Gonçalves ledo) e João Lyra ( na Jatiúca). Ao todos são 50 imagens distribuídas nos dois viadutos. Elas fazem parte do projeto, “Negros – Uma Intervenção pela Liberdade”, idealizado pelos fotógrafos.
As fotos são o resultado de uma viagem realizada pelo grupo para a Cidade de Laranjeiras, em Sergipe. Lá, no início de Outubro acontece a manifestação folclórica Lambe Sujo. Durante dois dias grande parte da população (principalmente os homens) se reúnem e encenam uma batalha entre negros escravos e índios da região. Para a comunidade da região, a manifestação representa a luta dos escravos pelo sua liberdade. Durante todo um dia quase toda a população da cidade saem as ruas (os homens todos pitados de negro) entoado cânticos e fazendo simulações da lutas.
“A manifestação é linda e muito forte. A região toda para em função da encenação. É espetacular e meche com todos os âmbitos da comunidade. Inclusive, a festa começa com uma benção na porta da igreja. Além disso, tem um tema muito pertinente, que é da luta dos negros para combater a escravidão, fazendo um paralelo para os dias de hoje a luta se transfere para combater o racismo e seus desdobramentos”, disse Thiago Sobral, um dos coordenadores da ação. “na verdade, eu já tinha a ideia de fazer intervenções urbanas. Então, juntei a animação do grupo e joguei a proposta que foi aceita por todos”, afirmou.
A ideia foi aceita de pronto e os fotógrafos foram em busca da viabilidade do projeto. E como fazer arte em Alagoas requer desprendimento, os 11 fizeram a impressão das imagens do próprio bolso. Já a colagem foi autorizada pelos órgãos municipais. A ideia, além de sugerir uma reflexão quanto ao tema da negritude e ocupar espaços públicos com imagens, busca incorporar a linguagem da fotografia à cena da cidade buscando concretizar a conquista de uma galeria a céu aberto.
Além de Thiago Sobral a ação, coordenada também pelo fotógrafo Jorge Vieira e Thiago Sobral, contou com o apoio da Associação de Artistas Visuais de e da Fundação Municipal de Ação Cultural. Ela mostra fotos de uma manifestação cultural de Sergipe, que fala da luta dos negros para se libertarem da escravidão e chamada de Lambe Sujo.
“Todas as fotos tem alguma referência a negritude. Esse trabalho tem duas vertentes importantes. Uma é a ocupação de espaço publico pela arte visual e a outra é trazer um tema para reflexão”, falou Vieira.
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