Entretenimento
Alice Tanaka de "Sol Nascente" é o maior erro da carreira de Giovanna Antonelli
Após a realização de grupos de discussão, tradicional ferramenta usada pela Globo para medir a recepção do público às novelas, os autores de Sol Nascente decidiram acelerar a narrativa e dar aos telespectadores mais ação e romance para ver se conseguiam deixar a história que contam mais interessante. As mudanças aconteceram, mas o folhetim de Walther Negrão, Julio Fischer e Suzana Pires continua igual: chato e pouco empolgante. Sua protagonista, Alice, é a pior personagem da vida de Giovanna Antonelli.
Suzana Pires prometeu injetar mais "testosterona". Disse que justificaria, ao passar dos capítulos, a escolha de atores ocidentais para interpretar tipos nipônicos. Mas, dos males de Sol Nascente, a escalação de Luis Mello (Tanaka) e Giovanna Antonelli para a família de japoneses é o menor.
História fria, com uma premissa muito fraca (a amizade que se transforma em amor) e protagonistas sem um pingo de química parecem pontos muito mais problemáticos do que os olhos não rasgados dos atores.
A solução encontrada foi transformar bruscamente o perfil dos mocinhos, e aí a lambança foi geral. Na tentativa de humanizar Mario (Bruno Gagliasso) e tirar dele a carga de imaturidade que até então o afastava de Alice, se criou uma situação mal resolvida: o personagem, do nada, apareceu em um terreno invadido e se comoveu com a situação dos moradores.
Capítulos depois, Mario surgiu em uma reunião com seus amigos motoqueiros e todos partiram em retirada para promover assistencialismo na comunidade recém surgida em Sol Nascente. Pronto, Mario torna-se, então, um bom samaritano e ganha assim estofo humano. Mas continua sem nenhuma profundidade.
JOÃO MIGUEL JUNIOR/TV GLOBO
Rafael Cardoso e Bruno Gagliasso coreografam briga na novela das seis: testosterona
Situação pior viveu Alice. Após ser apresentada no início da história como uma mulher independente que segue para o Japão a fim de cursar sua pós-graduação e voltar para comandar os negócios da família, a personagem resolve se reconectar com suas origens. O público então descobre que sua mãe, no passado, foi pescadora. Alice não hesita e se joga no mar com os caiçaras.
Une-se, assim, dois núcleos da história: os japoneses e os pescadores de Arraial do Sol Nascente. Sutileza na transformação da personagem? Não houve. Alice é, de longe, o maior erro na carreira de Antonelli, que não precisava de uma personagem assim em seu ótimo histórico de participações na televisão.
Os vilões, porém, fizeram uma mudança de perfil mais suave e convincente. César (Rafael Cardoso) se tornou obsessivamente apaixonado por Alice e um impedimento mais crível para o romance dela com Mario. Ainda assim, invariavelmente envolve-se em bate bocas e pancadaria com o mocinho. Vai ver é tal testosterona prometida pela autora.
Já Carol (Maria Joana) também corre por fora para melar a relação de Alice e Mario. Grávida de César, ela faz Mario acreditar que o filho é dele e usa o fato para infernizar a vida do casal. É um clichê do gênero que funciona, mas não impressiona.
As mudanças promovidas em Sol Nascente tiraram a história de um torpor inicial, é preciso reconhecer, mas a novela segue sem empolgar, exatamente como começou. Se não tomar cuidado, corre o risco de virar Sol Dormente.
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