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Crítica! Sem ousar, "Doutor Estranho" é Marvel dentro de sua zona de conforto
A escalação do elenco de ’Doutor Estranho’ parece indicar uma preocupação da Marvel em também atrair o público acostumado a produções mais requintadas dramaticamente. Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Tilda Swinton e Rachel McAdams, que formam o quarteto de protagonistas, são todos indicados ao Oscar - Tilda é inclusive vencedora do prêmio, por ‘Conduta de Risco’ (2007). O dinamarquês Madds Mikelsen, que faz o vilão Kaecilius, já é figura conhecida de quem acompanha o cinema europeu, mesmo antes de participar da série ‘Hannibal’.
Tudo possivelmente de olho numa chancela daqueles que não demonstram interesse por produções do gênero. O tiro saiu um pouco pela culatra quando alguns reclamaram da escalação de Tilda como a Anciã, não pela troca de gênero em relação ao personagem dos quadrinhos, originalmente homem, mas por se tratar de uma figura oriental que seria mais adequada para uma atriz asiática.
Na tela, o quinteto tenta dar um salto de qualidade ao filme, mas fica refém de um roteiro que segue fielmente a cartilha de tantos outros longas de origem de heróis, uma fórmula que começa a dar sinais de desgaste, já que fica nítida sua repetição.
Isso quer dizer que 'Doutor Estranho’ é ruim? Não necessariamente, apenas não vai além do que já vem sendo feito pelo estúdio. Há aquela sensação de familiaridade que todo fã da Marvel preza tanto: o humor que alivia qualquer tensão que possa ficar pesada, as referências aos demais filmes do seu Universo de heróis (principalmente nas cena durante os créditos) e os efeitos especiais, ponto alto da produção ao brincar com as noções de tempo e espaço que estamos acostumados, tudo banhado por cores e formas psicodélicas.
Cumberbatch adiciona ao currículo pessoal mais um personagem no estilo gênio-brilhante-sem-traquejos-sociais, algo que já fez na série ‘Sherlock’ e em ‘O Jogo da Imitação’ e, portanto, dificilmente pode ser considerado um desafio. Seu Dr. Stephen Strange é arrogante e cético no início e, após um acidente quase fatal, viaja ao Nepal em busca de algum tipo de cura pela espiritualidade.
Lá, é recepcionado pela Anciã e seu fiel escudeiro, Mordo (Ejiofor). Como manda o manual, terá sua mente e corpo treinados até que possa se tornar o herói que todos esperam e, inicialmente a contragosto, tomar parte na contenção de uma ameaça extraterrena.
Enquanto o filme decide por se concentrar na luta interna de seu protagonista em entender seus poderes e aceitar sua missão, o vilão nunca deixa de ser um coadjuvante de luxo, o que resulta num terceiro ato fraco e protocolar, completamente esquecível ao final do sessão. Mas até chegar lá, é provável que o show de luzes e mensagens “espirituais” de ‘Doutor Estranho’ já tenha hipnotizado os fãs do gênero, que têm tudo para sair satisfeitos da sessão.
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