Educação

Estudantes de Alagoas querem mais aulas práticas nas escolas

Levantamento realizado com mais de 93 mil participantes de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental mostra preferência por aulas menos expositivas e com mais “mão na massa”

Por Assessoria 27/11/2025 12h14
Estudantes de Alagoas querem mais aulas práticas nas escolas
Na avaliação de melhorias na convivência, tanto os mais novos como os mais velhos concordam que atividades como jogos, competições e olimpíadas poderiam fortalecer a integração - Foto: Tony Nunes / Ascom Semed

Em Alagoas, os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) manifestam preferência por aulas menos expositivas e com maior destaque para abordagens práticas, pelo que indicam mais de 93 mil respostas coletadas pelo MEC (Ministério da Educação) em parceria com o Itaú Social, Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e a Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação).

O levantamento estadual faz parte do Relatório Nacional da Semana da Escuta das Adolescências, que traz as percepções dos alunos sobre suas identidades, diversidades e obstáculos à participação, estimulando gestores, professores e comunidades a promoverem escolas mais inclusivas e transformadoras.

“As vozes dos adolescentes de Alagoas são um chamado para construirmos escolas que respondam às suas necessidades e aspirações. Esses dados nos mostram que, ao ouvirmos, podemos criar políticas educacionais mais conectadas a esta fase do desenvolvimento humano e à realidade local”, diz Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.

Segundo o diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do MEC, Alexsandro Santos, “é preciso fazer com que o currículo da escola se torne mais próximo dos desejos, expectativas e necessidades das adolescências, que converse com os desafios dessa fase, repleta de conflitos”.

As respostas foram coletadas junto às turmas do 6º e 7º anos e do 8º e 9º anos, permitindo comparar as percepções entre as diferentes faixas etárias.

Conteúdos considerados essenciais e atividades indispensáveis

Dentre os conteúdos e conhecimentos considerados importantes para o seu desenvolvimento, 51% dos estudantes do 6º e 7º anos apontaram as disciplinas tradicionais (língua portuguesa, matemática, ciências humanas e ciências da natureza) como prioridade. Temas como esportes e bem-estar foram destacados por 39% dos participantes, enquanto artes e cultura aparecem com a preferência de 33%. Vislumbrando a escola do futuro, aulas práticas com projetos “mão na massa” e práticas esportivas deveriam predominar para 40% dos estudantes; já atividades com tecnologia e mídias digitais são a escolha de 38% dos alunos.

No grupo do 8º e 9º anos, a preferência pelas disciplinas tradicionais cai para 41%. Esportes e bem-estar seguem com relevância, sendo apontados por 36%, e educação financeira (27%) ganha destaque. Quanto às atividades essenciais na escola do futuro, 38% também querem aulas práticas, com projetos, enquanto 37% valorizam atividades com mídias digitais e 36% esportes.

Percepções sobre o que a escola representa

Entre os estudantes do 6º e 7º anos, 78% têm pelo menos um adulto na escola em quem confiam, enquanto 77% se sentem bem na escola, 74% percebem o aumento nos conhecimentos sobre as disciplinas e 76% consideram o ambiente propício para aprender. Além disso, 85% têm amigos ou amigas com quem gostam de estar, e 79% percebem respeito e valorização por parte dos profissionais da educação.

Já nos grupos do 8º e 9º anos, esses números caem para 67% (têm adultos em quem confiam), 63% (se sentem bem na escola) e 62% (consideram o ambiente bom para o aprendizado). Apesar disso, 82% afirmam ter amigos ou amigas com quem gostam de estar na escola, e 71% relatam aumento de conhecimentos sobre as disciplinas. Nesse cenário, 70% sentem que estão se preparando para as escolhas futuras, como o ensino médio, faculdade, trabalho e carreira.

Como os estudantes veem a convivência escolar

Na avaliação de melhorias na convivência, tanto os mais novos como os mais velhos concordam que atividades como jogos, competições e olimpíadas poderiam fortalecer a integração, com 43% e 44% respectivamente. Entre as ações para aprimorar a convivência, destacam-se também atividades que abordam bullying, racismo e a prevenção de violências - 35% para os mais novos e 32% para os do 8º e 9º anos - além de melhorias nos espaços de convivência da escola, com 31% e 34%.

Sobre a Escuta das Adolescências

O levantamento realizado em Alagoas faz parte de uma iniciativa nacional que ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em todo o Brasil, marcando um passo importante na elaboração de uma política pública voltada especialmente para os Anos Finais do Ensino Fundamental. Os dados reforçam a necessidade de escolas que dialoguem com as experiências e expectativas dos alunos, promovendo uma educação mais prática, participativa e conectada à vida cotidiana.

Mais informações e os detalhes completos do relatório podem ser acessados em: https://semanadaescuta.org.br/resultados/estados