Educação
Estudante de Engenharia Ambiental representa Ufal na COP-28 em Dubai
Melhor do que ter um sonho é poder realizá-lo. Assim podemos classificar a participação da estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Alagoas, Verena Meirelles, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-28), em Dubai. Chegar lá não foi nada fácil, mas como boa brasileira – e sonhadora – ela não desistiu. Foram vaquinhas on-line, busca por apoio e muita luta.
“Para conseguir chegar à COP28, enfrentei algumas dificuldades por acessos a recursos: foi criada uma vaquinha on-line para arrecadar fundos para a viagem, e também bati à porta de pessoas e instituições para pedir apoio, mas foi junto com a organização Voz das Comunidades, que consegui a possibilidade de ir para COP-28 através de um fundo”, apontou a estudante da Ufal.
Da batalha à chegada, alguns percalços no caminho. Mas, presente no evento, Verena contou que a troca de experiências pode ser considerada como como inspiradora.
“Aprendi muito aqui. Conheci pessoas de todo o mundo que estão trabalhando para enfrentar as mudanças climáticas. É muito inspirador ver que tanta gente está comprometida com essa causa”, disse ela. E não tinha como não ser assim: em 13 dias, foram diversas atividades, tais como workshops, reuniões e negociações. Tudo em prol de uma causa: a representatividade no debate sobre mudanças climáticas e seus impactos no clima.
Água para Todos
E não é apenas dessa representatividade que podemos falar quando paramos para pensar na participação de Verena no maior evento climático do mundo. Também pode-se observar o quanto ela mostra aos jovens, de todas as origens, como eles e elas também podem fazer a diferença na luta por um futuro mais sustentável.
Verena é uma das integrantes do projeto Águas Resilientes, criado em meados de 2019 por um estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que convocou outros alunos da instituição e estendeu, na sequência, o convite para demais graduandos de universidades do país. Interessada, Verena ingressou na iniciativa, onde, hoje, atua como diretora de projetos.
“O projeto tem como missão proporcionar o impacto socioambiental com foco no acesso à água, saneamento e higiene com o objetivo de trazer representatividade, diversidade e visibilidade para vozes inviabilizadas. Queremos garantir o direito do acesso justo, e limpo da água para todos”, explicou a estudante, ao citar a elaboração de um documento com propostas feitas por várias mãos, que foi entregue para os governantes e tomadores de decisão.
“Participar da COP-28 é um marco para essa discussão. A entrega da declaração feita pela juventude, é importante para destacar que os jovens têm garra e voz para trazer mudanças efetivas em todos os lugares. O documento foi entregue nas mãos da ministra dos povos indígenas Sônia Guajajara”, explicou Verena.
De Alagoas para o mundo
Jovem, ativista, negra e nordestina. Essas são algumas das características de Verena Meirelles, que, com muito orgulho, representa Alagoas e a Ufal na COP-28.
“Eu sabia que era importante estar aqui para trazer representatividade, como mulher, negra e do Nordeste. As mudanças climáticas estão afetando essas comunidades de forma desproporcional, e é preciso que seus líderes tenham voz na COP-28, é preciso trazer a visão dos mais afetados para os espaços de discussão”, celebrou Verena.
E essa vontade de fazer a diferença não é de hoje, pelo contrário. “Desde nova os cursos d'água me encantavam e foram eles que me levaram a graduação de Engenharia Ambiental e Sanitária na Ufal”, complementou ela, ao dizer que durante a graduação, participou de pesquisas com recursos hídricos, no estudo de dados hidrológicos.
“Assim, profissionalmente, tive contato com os instrumentos de gestão de recursos hídricos, trabalhos em campo e vivência nos diversos usos da água”, disse ela. E foi esse olhar voltado à preservação dos recursos hídricos que também a levou a integrar o Águas Resilientes, onde contribui há um ano para fortalecer a importância da sustentabilidade e resiliência hídrica.
“Inclusive, elaboramos para reaproveitamento de água da chuva, que estamos buscando financiamento para implementar em comunidades em situação de vulnerabilidade”, contou Verena Meirelles.
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