Educação
Pesquisadores da Ufal alertavam para riscos de afundamento desde 2010
Estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International apontou possíveis impactos da exploração do sal-gema pela Braskem
Desde o início dos anos 2010, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) alertavam para os riscos de afundamento dos bairros de Maceió provocados pela mineração de sal-gema, realizada pela empresa Braskem. Naquela época, um estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava provocando um aumento do nível do lençol freático na região. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo.
Em 2011, outro estudo, publicado na revista científica Engineering Geology, chegou à mesma conclusão. Os pesquisadores estimaram que o afundamento poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade. Mas, antes mesmo dessas publicações, alertas foram dados ainda na década de 1980 pelo professor Abel Galindo, do curso de Engenharia Civil da Ufal, atualmente aposentado, e pelo biólogo e professor também aposentado da Ufal, José Geraldo Marques.
Em 2018, o afundamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas. Mais uma vez, os pesquisadores da Ufal e os professores aposentados foram convocados pela sociedade maceioense e pela imprensa para corroborar que o afundamento é consequência da mineração e, portanto, responsabilidade direta da empresa.
Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a Braskem pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento. A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados.
O caso do afundamento de Maceió é um exemplo da importância da ciência para a tomada de decisões. Os pesquisadores da Ufal alertaram para os riscos da mineração de sal-gema, mas suas vozes não foram ouvidas. O resultado é a tragédia que causa prejuízos materiais e emocionais a milhares de pessoas.
A referência da publicação de 2010:
Acuña, J. A., Dantas, M. L., & Costa, M. C. (2010). Groundwater level changes induced by salt mining in Maceió, Brazil. Geophysical Journal International, 183(2), 705-714.
Este estudo foi conduzido por pesquisadores da Ufal, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os pesquisadores usaram dados de monitoramento do nível do lençol freático para mostrar que a mineração de sal-gema pela Braskem estava provocando um aumento de pressão no subsolo. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo.
A referência da publicação de 2011:
Acuña, J. A., Dantas, M. L., Costa, M. C., & Ferreira, M. C. (2011). Potential for subsidence induced by salt mining in Maceió, Brazil. Engineering Geology, 122(1-4), 121-128.
Este estudo foi conduzido pelos mesmos pesquisadores do estudo de 2010. Os pesquisadores estimaram que o afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade de Maceió.
Leia mais publicações sobre o afundamento dos bairros, publicadas pela Ufal
2019Lapis monitora chuvas e contribui com alerta para áreas de risco
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2020Ufal será Verificador Independente para cobrar indenizações do Pinheiro
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Revista Saber Ufal especial sobre a subsidência dos bairros de Maceió
2022
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2023
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