Educação
Ufal participa de estudo inovador sobre comunidades na Amazônia
Projeto socioecológico tem como principal linha de estudo interação da população com o açaí
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participa de um estudo pioneiro sobre as interações sociecológicas entre floresta amazônica e população ribeirinha. A doutoranda Evelynne Barros faz parte do programa de Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-DIBICT-Ufal) e integra o projeto Perpetual Planet Amazon Expedition, conduzido pelo renomado Instituto Juruá e financiada pela National Geographic Society, que tem como objetivo esclarecer o papel vital das comunidades ribeirinhas na manutenção dos processos ecológicos e dos serviços ecossistêmicos na região amazônica.
A expedição abrange a extensa bacia amazônica, desde os picos da Cordilheira dos Andes até as margens do Oceano Atlântico, e no primeiro semestre de 2023 obteve informações significativas sobre o funcionamento do sistema socioecológico de integração entre homem e meio ambiente, em especial relativos a sua relação com o açaí, produto reconhecido tanto nacionalmente, como pro mundo. Para obtenção das informações, Evelynne empregou uma variedade de métodos de pesquisa, que serviram para investigar a relação entre as comunidades ribeirinhas e os processos ecológicos na região do médio Rio Juruá, no estado do Amazonas.
Durante o período de quatro meses, a pesquisadora implantou armadilhas fotográficas para monitorar a vida selvagem, conduziu sobrevoos de drones para mapeamento da área e realizou experimentos para medir as taxas de predação e frugivoria nas áreas de cultivo e extrativismo de açaí. Essa investigação fornecerá informações e auxiliarão no estudos sobre a influência dessas comunidades na biodiversidade local e na relação entre o ser humano e a natureza.
"Sempre tive interesse em trabalhar na Amazônia, para crescimento profissional, além de ser uma realização pessoal de conhecer a maior floresta tropical do mundo. Nas pesquisas, compreendi melhor a importância do médio Juruá para a conservação da biodiversidade e para a melhoria de vida do povo ribeirinho. Isto fez surgir o meu interesse em colaborar com a construção de evidências que demonstrem o papel destas comunidades para a conservação da Amazônia, pois acredito muito numa ciência transformadora de um mundo mais justo.", conta Evelynne.
Além do material capturado, a proximidade com as comunidades ribeirinhas fez com que o projeto se tornasse reconhecido mundialmente. Os estudos levantados auxiliarão no entendimento do impacto da procura pelo açaí e de produtos amazônicos num geral para a população, que os utiliza em sua dieta tradicional e os impactos no aumento da demanda.
"O trabalho da Evelynne é muito interessante, porque mostra a dualidade entre o papel do ser humano, ao mesmo tempo prejudicando os serviços ecossistêmicos, ao mesmo tempo que contribui com a sua conservação. Como o ecossistema vem sendo degradado com a urbanização e como as comunidades ribeirinhas protegem esse local. Esse é um estudo bastante importante mostram também o papel do ser humano na manutenção desse local, através da proteção territorial das comunidades tradicionais. Para o UFAL é muito interessante porque ele é um estudo de uma escala espacial muito grande, podendo render estudos complementares e conta com parcerias interessantes, com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da Inglaterra através da University of East Anglia e também da Universidade de Ciências da Vida da Noruega, além de proporcionar a uma estudante de Alagoas uma experiência em estudos de nível global", ressalta o orientador de Evelynne, o professor João Campos Silva.
A dedicação e a pesquisa de Evelynne é uma contribuição valiosa sobre a relação simbiótica entre as comunidades ribeirinhas e o delicado ecossistema amazônico, oferecendo considerações preciosas para a conservação de um dos tesouros naturais mais vitais do nosso planeta.
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