São muitas as recomendações e incontáveis os benefícios da prática rotineira da atividade física, inclusive com efeito terapêutico para pessoas com diabetes e pressão alta. E é por esse tema que caminha o livro Princípio ativo: corpo em movimento, do professor Jean Toscano, lançado pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal). O assunto pode parecer repetitivo e de conhecimento comum, mas o autor garante que os leitores terão acesso a um conteúdo diferenciado, com linguagem acessível e baseado em pesquisa científica.

“Como o exercício físico pode reduzir a pressão arterial nas pessoas com hipertensão? Aumentar a vigilância do sistema imunológico dos que foram diagnosticados com câncer? Reduzir as taxas de açúcar no sangue dos diabéticos? Desobstruir as placas de gordura que se encontram nos vasos dos que estão com doenças cardiovasculares? Essas doenças fazem parte das dez principais causas de morte no Brasil e no mundo”, relata o professor, ao citar algumas das questões que são respondidas na publicação.

Docente do Instituto de Educação Física e Esportes (Iefe) da Ufal, Toscano leciona uma disciplina que aborda o efeito terapêutico dos exercícios para pessoas com doenças crônicas. Na obra, há o relato de algumas intervenções do pesquisador, como em sobreviventes de câncer, realizadas em um hospital de referência em Maceió. “No livro, apresento evidências científicas mais recentes sobre a temática, com uma narrativa objetiva, na qual todos que tenham interesse poderão compreender como nosso corpo, ao estar em movimento, produz substâncias (princípios ativos) que imaginamos encontrar apenas em remédios”, argumenta.

Segundo o autor, o livro também traz um capítulo que explica como as pessoas fisicamente ativas, ao serem infectadas com a covid-19, reduzem significativamente o risco de hospitalização, intubação e morte. “O desafio desse livro é avançar no entendimento de clichês como ‘pratique exercícios’, ‘atividade física faz bem para saúde’. Apesar de corretos e bem-intencionados, pecam por não terem uma ação concreta, nem a especificidade necessária”, justifica.

O pesquisador adianta que a publicação ainda tem dicas de como incorporar o exercício na rotina do dia a dia para que se torne, de fato, um hábito”. “O diferencial é que o texto traz uma narrativa que evita jargões e termos técnicos que dificultam a compreensão até mesmo de profissionais. Qualquer pessoa interessada compreenderá o que ocorre lá por dentro do nosso corpo quando pomos nossos músculos em movimento”, destaca o autor.

Exercício com orientação

Toscano ressalta que os exercícios físicos, assim como os medicamentos, devem ter uma prescrição, respeitando as condições corporais e o estado de saúde de cada indivíduo. “Quando vamos tomar um remédio, temos que saber quantas vezes tomar, por quanto tempo e efeitos colaterais. Com o exercício é do mesmo jeito. Não é só colocar um tênis e sair por aí sem rumo. É preciso saber qual o tipo de modalidade de exercício mais eficiente, quantas vezes por semana deve ser feito, qual a duração, a intensidade e o gasto calórico a ser atingido”, orienta.

E alerta: “O que é bom para uma pessoa com diabetes não necessariamente será bom para alguém com placa de gordura no coração. A intervenção deve ser planejada visando o efeito que se quer obter na condição clínica da pessoa”.

A motivação para escrever o livro, explica o autor, foi justamente repassar essas orientações. “Há um exponencial número de estudos que apontam o quanto as pessoas podem se beneficiar ao terem um estilo de vida fisicamente ativo. Acredito que essas informações não devem ficar restrita apenas a um pequeno número de pessoas, e sim a quem de fato interessa, que são aqueles que estão com alguma doença crônica e querem melhorar a sua saúde mesmo estando com algum diagnóstico clínico”, reforça.