Educação
Jovens com deficiência têm apoio especializado para concluir graduação
Em Alagoas, Unit celebra diploma da primeira aluna surda enquanto investe em estrutura física e pedagógica para atender necessidades dos alunos
A educação transforma vidas e abre novos horizontes. Estas duas máximas ganham novas dimensões quando se fala na Luta pela Educação Inclusiva, que é celebrada nesta quarta-feira, 14 de abril. A data valoriza o exercício da cidadania, a profissionalização, a liberdade financeira e principalmente a autonomia. E nada melhor do que ver, na prática, esta realidade. Rafaella de Jesus Pessoa Rangel que o diga: ela é a primeira surda de Alagoas a se formar em Gestão de Recursos Humanos, diploma obtido no último mês, pelo Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL).
A nova profissional confessa que sempre gostou de atender pessoas e que RH era a área com a qual mais se identificava, porém abre espaço para um propósito maior. “Agora posso ajudar os surdos a entrarem no mercado de trabalho. Me formar no nível superior é realizar o sonho de ser uma pessoa melhor, que pode ajudar quem tem o mesmo problema que eu. Estou muito feliz por essa conquista”, afirma a jovem de 24 anos.
Rafaella Rangel destaca o apoio da instituição para que ela conseguisse concluir o curso superior. “A Unit colaborou muito, disponibilizando intérprete de Libras para facilitar a minha comunicação. Os professores também me ajudaram muito, fazendo uso de estratégias para que eu conseguisse um melhor desempenho”, frisa.
Flávia Araújo, intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) da Unit, esteve ao lado de Rafaella durante sua jornada pela educação superior e sente-se igualmente emocionada.
“Ver a Rafaella colando grau, pegando o diploma provoca uma sensação indescritível, de muita gratidão e satisfação por ter sido uma peça importante na comunicação entre ela e a instituição. Saber desse nosso papel é muito importante enquanto profissional. Ver que a Rafaella agora pode ir para o mercado de trabalho, fazer parte desta conquista me deixa muito feliz”, revela.
Se engana quem pensa que Rafaella se deu por satisfeita com esta conquista. Ela revela que quer seguir adiante e motivar outras pessoas. “Eu acredito que o meu exemplo pode fazer outros surdos serem encorajados a buscar um diploma. Os surdos são capazes, só precisam de estímulo para entrar na faculdade. Agora eu quero fazer uma especialização, não sei exatamente em qual área, mas algo envolvendo gestão de pessoas”, adianta.
Estrutura para educação inclusiva
Um levantamento feito em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o Brasil tem cerca de 10 milhões de pessoas com problemas auditivos, o que corresponde a 5% da população do país, e que dentre estes, 2,7 milhões não ouvem nada. Entre os surdos, apenas 7% têm curso de nível superior completo.
Em Alagoas, todavia, no que depender da Unit, essa estatística de graduados deve crescer não somente entre surdos, mas entre cidadãos com diferentes necessidades especiais. É o que garante a psicopedagoga Verônica Wolff, coordenadora do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS) da Unit/AL.
“Temos uma equipe multiprofissional que auxilia o aluno com deficiência ou transtorno de aprendizagem no que se refere às suas peculiaridades pedagógicas e psicossociais. Durante a graduação, fazemos este auxílio através de provas adaptadas, se o tipo de deficiência requer este tipo de adaptação e o aluno realmente solicitar; fazemos um trabalho junto aos professores para desenvolver essas provas e ampliar o tempo de aplicação, o que também é muito importante para que possam realizar as avaliações com mais êxito. A Unit não mede esforços para a inclusão e é muito bom fazer parte deste processo, fazendo com que a acessibilidade aconteça”, explica a coordenadora.
O NAPPS, composto pela psicóloga Vanessa Leandro e a assistente social Maíra Vilar, em parceria com Verônica, dispõe de uma sala de recursos, com todas as ferramentas, materiais e tecnologias assistivas para os alunos com deficiências terem uma inclusão completa.
Segundo Verônica Wolff, a Unit oferece atualmente quatro intérpretes de Libras. Atualmente a instituição tem cinco alunos surdos, outros alunos com deficiência auditiva, três autistas, cadeirantes, alunos com transtorno global, TDAH [transtorno de déficit de atenção e hiperatividade], três disléxicos, além de alunos com deficiência visual. Todos eles são acompanhados pelo NAPPS, que faz a ponte com o professor.
“Quando o aluno ingressa na instituição e apresenta algum tipo de deficiência ou transtorno, apresentamos à equipe de professores as peculiaridades e necessidades que ele tem”, complementa.
No caso específico de Rafaella, a formatura da jovem deixou a equipe do NAPPS com sensação de satisfação. “Ela foi nossa primeira aluna a se formar, é uma experiência maravilhosa, sentimos que o dever foi cumprido. E não podemos deixar de falar do mérito da Rafaella, claro. Os desafios para ela foram muitos, mas ela conseguiu manter o foco. Rafaella foi fantástica”, celebra Verônica Wolff.
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