Educação

Centro Educacional de Pesquisa Aplicada forma alagoanos há quase 60 anos

Idealizado por Ib Gatto Falcão, o complexo educacional é um dos maiores da América Latina e um cartão-postal da rede estadual

Por Fonte: Agência Alagoas 16/09/2017 11h42
Centro Educacional de Pesquisa Aplicada forma alagoanos há quase 60 anos
Reprodução - Foto: Assessoria

Na avenida mais movimentada de Maceió, ele chama atenção pela imponência: são 11 escolas, 7.827 alunos, gerações de alagoanos formados e quase 60 anos de tradição de um dos maiores complexos educacionais da América Latina. Um dos principais cartões da rede estadual alagoana, o Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa) é o tema da última reportagem da série das escolas históricas da rede estadual.

O espaço inaugurado em 1958 teve todas as suas escolas construídas até o ano de 1971 e teve como um de seus idealizadores Ib Gatto Falcão. A filha dele, Inalda Gatto Falcão Brêda, explica que o projeto original prezava pelo ensino integral e atenderia desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. O espaço tinha uma proposta similar à Escola Parque, em Salvador, e que fora idealizada pelo baiano Anísio Teixeira, um dos maiores teóricos da educação brasileira e presidente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (atual Inep).

“Ele [Ib Gatto] sempre foi um grande fomentador da Educação e sempre se correspondia com o Anísio Teixeira. O Anísio, inclusive, foi quem levou o projeto ao Ministro da Educação, à época, e pediu para ele olhar com carinho, pois era muito importante. Acredito que o Cepa foi um grande passo para a educação alagoana, uma prova da consolidação dele foi que muitas crianças saíram de escolas particulares para estudar em um local gratuito e com ensino de qualidade”, afirma Inalda Gatto Falcão Breda.

O presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IGHAL), e ex-secretário de Estado da Educação, Jayme Lustosa de Altavila, explica que o Cepa foi um projeto avançado para a época.

“O Dr. Ib Gatto foi o grande baluarte do ensino de Alagoas, com o apoio do Anísio Teixeira. Acredito que um conglomerado, como o Cepa, proporciona interação e segurança aos alunos e professores, além do próprio patrimônio público. O modelo proporciona desde a educação infantil até a preparação para o vestibular. Apesar da crítica, pelo espaço do Cepa ser, na época, um local pouco habitado, o tempo comprovou que foi uma ideia que deu certo”, explica o presidente do IGHAL. 

Formando gerações

A educadora Josefa da Conceição chegou ao Cepa no início da década de 80 com o sonho de ser professora. Chegava para estudar em uma das mais respeitadas instituições na formação de professores de Alagoas, a Escola Estadual José Correia da Silva Titara, mais conhecida como Instituto de Educação.

Após mais de 30 anos de sua formatura do magistério (concluiu em 1984), Josefa ainda mantém laços com a instituição e as companheiras de turma.

“Eu sempre vi o Cepa como um dos complexos educacionais mais importantes da América Latina. O fato dele ter várias escolas e espaço para atividades físicas é fantástico. Ele tem uma importância muito grande no impulso educacional no nosso estado. O Instituto de Educação, principalmente, tem sua importância porque de lá saíram grandes profissionais. À época, existiam outras instituições de ensino, a exemplo do Bom Conselho, mas o Instituto da Educação tinha tamanha importância que, quando saíamos com o diploma, rapidamente conseguíamos ser alocadas devido ao conceito de formação do local”, relembra Josefa.

O professor Zezito Araújo, o supervisor de diversidades da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), também foi aluno do complexo educacional, passando pelas escolas estaduais José Correia da Silva Titara e Moreira e Silva. No Cepa, o menino tímido descobriu seu potencial e capacidade de liderança, chegando a ser vice-presidente dos grêmios estudantis do Cepa.

“Foi uma experiência muito boa estar na vice-presidência do grêmio, à época, no Instituto de Educação. O grêmio funcionava como um canal de comunicação e criação de atividades culturais na escola. Nós que organizávamos os torneios de futebol de salão, muito forte na época. Além disso, sempre tivemos grande aceitação entre as turmas e conseguíamos administrar os conflitos entre estudantes e direção da escola, recebendo o reconhecimento até dos professores e direção. Também fomos pioneiros, porque fomos a primeira turma mista do Instituto, que antes só recebia mulheres”, comenta Araújo.

Um amor para toda a vida

Quem passou pelo Cepa como professor ou aluno guarda memórias felizes da instituição. É o caso da educadora Madalena Oliveira. Com 32 de serviços prestados à Escola Estadual Princesa Isabel, a educadora, que também foi diretora da unidade de ensino, criou uma confraria de ex-servidores da instituição que se encontra regularmente, fortalecendo laços de amizade e com o próprio Cepa.

“Nesta instituição, fui professora, secretária e gestora e afirmo que ela arrebata os corações de todos que passaram por aqui, seja como servidor ou aluno. Foi daí que surgiu a ideia da Confraria”, relatou Madalena.

Outra apaixonada pelo Cepa é a professora Cleonice de Barros, pioneira da ginástica rítmica em Alagoas. A educadora, que, durante 30 anos lecionou em quase todas as escolas do complexo educacional, formou equipes famosas e que representavam Alagoas com maestria e beleza em competições Brasil afora.

Homenageada durante a primeira edição do Festival de Ginástica das Escolas Públicas da Rede Estadual, em 2016, Cleonice emocionou-se ao ver as ginastas do Cepa e, quebrando o protocolo, correu para abraçar as meninas após a apresentação.

“Amo o Cepa e amo a ginástica rítmica. Toda vez que venho aqui me renovo, pois aqui só tem amor. O Cepa é o meu pedacinho do céu”, afirmou.