Educação
Estudante de Rio Largo é finalista na Olimpíada de Língua Portuguesa
-Escrevendo o Futuro, com a crônica “Morada Clandestina”, inspirada no lugar onde vive.
A estudante da Escola Municipal Marieta Leão, Tatiane Vitória da Silva Santos, 15 anos, cursando o 9º ano, escreveu a crônica 'Morada Clandestina'. A adolescente venceu a Etapa Escolar, Municipal, Estadual, Regional e segue para a Final que acontecerá no dia 13 de dezembro em Brasília-DF. A professora, Jacira Maria, orientadora desse texto, afirma que esse resultado traz esperança e realiza o sonho dos demais alunos que serão representados pela estudante finalista.
Confira a crônica:
Morada clandestina
Cai à noite na capital alagoana, a vida ganhava novos tons. A cidade marchava a pleno vapor. Estava a caminho de casa dentro do coletivo próximo ao aeroporto de minha cidade. Esqueci os aviões para perder-me por alguns momentos naquela observação única e fria, daquele estranho baile de desigualdade. Famílias comuns se instalaram e fizeram morada debaixo do viaduto. Eram casas feitas de papelão e lona preta. Envolvida no êxtase de tudo o que passava a minha frente, busquei palavras, para expressar momentos tão distintos: De um lado tinha o cenário dos aviões aterrissando e alçando voos e do outro tinha aquela imagem que insistia em permanecer comigo. Naquele momento alguém deu sinal que ia descer. Aproveitei para ficar sondando, assuntando aquela cena. Um garoto com pouco mais de seis anos tomava banho como veio ao mundo, ali mesmo debaixo do que ele considerava moradia.
Os automóveis jogavam seus faróis, buzinavam, pessoas passavam distantes. E o garoto parecia não se importar. Diante dele tina apenas uma bacia com água. Mas, o semblante denunciava um encantamento semelhante a de um atleta em uma piscina olímpica. Retornei o olhar para o outro lado e vi um avião grande e belo que subia devagarinho... Aquela cena trazia ainda mais alegria aquele garotinho. O pequeno não se deixava levar pelo barulho. Ele apenas acenava com entusiasmo. Parecia-lhe incomum aquela cena. Perguntei-me sem resposta: Como dois lados costumavam andar juntos e serem tão diferentes.
Em poucos minutos o avião já estava distante. No entanto, minha imaginação permanecia aterrissada, neutralizada!
Até que fui interrompida pelo motorista que me perguntou para onde eu ia. De súbito vi que o avião agora se parecia com um pássaro livre voando, buscando entre as nuvens seu destino. Coloquei no vento o ouvido e escutei a brisa. Enfim, converti em choro meus doces pensamentos... Levantei a cabeça e lei um outdoor com uma propaganda, seguida da frase: “Existem coisas que precisamos fazer e preferimos ignorar sua existência.” Mais uma vez fui interrompida pelo condutor: – Qual é mesmo seu destino? Pedi para que seguisse em frente.
Nesse momento, desliguei a câmera que registrou tudo e não fez nada.
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