Economia
Donas de negócios: o crescimento do empreendedorismo informal entre mulheres em Alagoas
Apesar da alta informalidade, empreendedoras vêm buscando capacitação, estruturação e novas oportunidades para transformar ideias em negócios sustentáveis

Em Alagoas, 114 mil mulheres empreendem, mas a maioria ainda atua na informalidade. Apenas 22,06% — cerca de 25 mil — estão formalizadas, enquanto 77,94% — cerca de 89 mil — conduzem seus negócios sem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), segundo dados do IBGE, e analisados pelo Sebrae Alagoas. Apesar dos avanços nos níveis de escolaridade e da busca por profissionalização, ainda existe uma grande lacuna entre as donas de negócios informais e as que operam de forma regularizada.
No cenário nacional, as mulheres representam 33,6% do total de empreendedores informais — um crescimento de três pontos percentuais nos últimos anos, conforme a pesquisa “Empreendedorismo Informal sob a ótica da PNAD Contínua”, realizada pelo Sebrae Nacional, com recorte do 4º trimestre de 2015 ao 4º trimestre de 2024.
Diante desse panorama, o Sebrae Alagoas tem atuado ativamente no incentivo à formalização, oferecendo orientação gratuita e especializada para quem está começando ou deseja evoluir no seu negócio.
“Através do Sebrae, as mulheres empreendedoras têm acesso a capacitações práticas, programas de aceleração, orientação jurídica e consultorias. A formalização amplia as oportunidades de crescimento, traz credibilidade, facilita o acesso ao crédito, permite participação em licitações e contribui para a organização financeira do negócio”, explica Érica Pereira, analista de relacionamento empresarial e gestora do programa Sebrae Delas.
De sonho a negócio estruturado
Gerlane Maria é um exemplo inspirador de como a formalização pode transformar vidas. Mãe solo, ela encontrou na costura uma forma de sustentar o filho com dignidade e autonomia. Há cerca de oito anos, foi convidada por uma empresária para dar aulas online de modelagem e costura. No início, a oportunidade parecia promissora — mas logo vieram as frustrações.
“No primeiro mês, vendemos R$49 mil em materiais e recebi apenas R$400. No segundo mês, vendi R$35 mil e recebi R$350. Mesmo assim, continuei, porque via que as mulheres estavam aprendendo, transformando suas vidas, e não quis abandoná-las”, lembra.
Após ser desligada do projeto, ela decidiu seguir por conta própria, oferecendo aulas gratuitas. Foi a sugestão de uma aluna que despertou a virada de chave: criar um grupo pago. O que começou com uma expectativa de 10 pessoas, logo atraiu mais de 200 alunas.
Com o crescimento das turmas e a necessidade de mais organização, Gerlane procurou apoio. Foi através de uma amiga que conheceu o Sebrae e o programa Efeito Furacão. “Eu precisava sair do amadorismo. Sabia que tinha uma empresa lucrativa nas mãos, mas ainda me comportava como se fosse só uma ajudinha. O Efeito Furacão me ajudou a enxergar isso”, relembra.
Durante a formação, a empreendedora identificou que, em menos de seis meses de empresa, teve um prejuízo de R$8 mil por não cobrar da forma adequada e decidiu seguir os passos para se tornar uma empresária formalizada.
Após o processo, Gerlane fundou a Escola de Moda Companhia da Costura, em Maceió. Hoje, três anos depois, a escola conta com fila de espera, aulas de segunda a sábado e já está em expansão. “Compramos o terreno ao lado para ampliar. Muitas alunas saem daqui já empregadas. É uma sensação de missão cumprida”, conta.
Mais do que ensinar costura, Gerlane diz que sua escola promove inclusão, autoestima e oportunidades reais. “A escola é uma ferramenta de transformação para mim e para quem passa por aqui. E o Sebrae faz parte desse sonho. Havia uma Gerlane antes de se formalizar, e outra depois. Hoje, não empreendo mais sozinha. Sempre que tenho uma dúvida, recorro ao Sebrae. Eles foram fundamentais para transformar um sonho em um negócio sustentável”, conta a empreendedora.
Crescer com apoio e estratégia
Segundo Érica Pereira, o programa Sebrae Delas tem impactado positivamente a vida de centenas de mulheres em Alagoas. “Mostramos que formalizar o negócio é garantir mais segurança e abrir portas reais: emissão de nota fiscal, acesso a crédito, previdência, licença-maternidade e muito mais”, informa.
Eventos como o Conexão Delas e Mulheres do Agro também fortalecem essa rede, conectando empreendedoras a oportunidades de negócios, capacitações, acesso a crédito e políticas públicas. “É um movimento que estimula o protagonismo feminino com estratégia, conhecimento e pertencimento”, finaliza Érica.
O Sebrae Alagoas oferece consultorias que estão disponíveis por hora marcada nas unidades de Maceió, Arapiraca, Penedo e Delmiro Gouveia, além das Salas do Empreendedor espalhadas por diversos municípios do estado.
Mais lidas
-
1Iluminada
Lua do Veado: quando e como será o fenômeno lunar que só acontece em julho
-
2Plantão do sexo
Orgia entre funcionários de hospital durante expediente vaza na web e vira caso de polícia
-
3Mistério e suspense
O que acontece no final de Ángela? Entenda desfecho da minissérie espanhola
-
4Invencível amor!
Quando Diná se apaixona por Otávio Jordão em 'A Viagem'?
-
5Sobrevivência nas profundezas
A impressionante histórial real por trás de 'O Último Respiro'