Economia

Mais da metade dos trabalhadores da Grande São Paulo não sonham com trabalho formal

Por Assessoria 02/05/2025 11h31
Mais da metade dos trabalhadores da Grande São Paulo não sonham com trabalho formal
Empreender ou atuar de forma autônoma já é o principal sonho de 42% dos trabalhadores da Região Metropolitana, que também criticam a qualidade de vida profissional no país - Foto: Assessoria

A ideia de estabilidade no emprego formal já não seduz como antes. Segundo a pesquisa "Tô no Trampo", realizada pelo Instituto Badra, apenas 45% dos trabalhadores da Região Metropolitana de São Paulo têm como desejo principal um emprego com carteira assinada. Para outros 42%, o sonho é abrir o próprio negócio ou trabalhar de forma autônoma, em busca de maior liberdade e renda.

O estudo, feito entre os dias 24 e 28 de abril de 2025 com 1.503 entrevistados em mais de 100 pontos de fluxo urbano da região, mostra um retrato de insatisfação e desejo por mudanças profundas na vida profissional dos paulistas. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Entre os dados mais contundentes está a percepção sobre a qualidade de vida do trabalhador brasileiro: 49% consideram ruim ou muito ruim, enquanto apenas 16% a classificam como boa ou muito boa. Para 34%, é regular, e 1% preferiu não opinar.

A proposta de redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais, sem corte de salário, é vista como positiva por 69% dos entrevistados, que acreditam que a medida melhoraria a qualidade de vida. No entanto, 57% enxergam possíveis prejuízos para as empresas, e 41% temem impactos negativos para o país como um todo.

Satisfação e insegurança andam juntasApesar das críticas, 74% afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com seu trabalho atual. Já em relação ao futuro, o cenário se divide: 26% querem crescer na mesma área, e outros 26% planejam mudar de setor nos próximos dois anos.

Mas a instabilidade financeira ainda ronda os trabalhadores: cerca de um terço acredita ser provável ou muito provável perder a principal fonte de renda nos próximos 12 meses.

A renda mensal também ilustra um cenário de vulnerabilidade: quase 70% recebem entre R$ 1.500 e R$ 3.000 por mês, e 10% ganham até um salário-mínimo, dos quais 62% são mulheres. A desigualdade também aparece entre os que apontam baixa remuneração como maior dificuldade: 61% são mulheres, contra 39% homens. Já a carga horária excessiva afeta igualmente ambos os gêneros (50% cada).

O desejo de empreender aparece de forma expressiva mesmo entre quem já está no mercado formal: três em cada dez trabalhadores com carteira assinada afirmam querer abrir um negócio próprio. Entre os motivos, destacam-se o sonho da independência financeira e da melhoria de renda, em um país onde o trabalho assalariado já não representa, para muitos, uma garantia de progresso.

Sobre a pesquisaA pesquisa “Tô no Trampo” buscou compreender como os moradores da Grande São Paulo se relacionam com o trabalho atualmente, abordando temas como vínculos formais e informais, remuneração, satisfação, jornada, exigência de qualificação e expectativas para os próximos anos. O levantamento contou com 1.503 entrevistas presenciais em diversos municípios da região metropolitana, com 95% de nível de confiança.