Economia

Coagro discute barreiras internacionais que travam liderança global do Brasil em biocombustíveis

Conselho temático da CNI destaca sustentabilidade da produção brasileira e contesta restrições da União Europeia e dos EUA

Por Assessoria 28/03/2025 16h02
Coagro discute barreiras internacionais que travam liderança global do Brasil em biocombustíveis
Brasil enfrenta uma barreira para conquistar os mercados da União Europeia e dos Estados Unidos na área de biocombustíveis - Foto: Assessoria

Um dos líderes globais na produção de alimentos e de biocombustíveis, o Brasil enfrenta uma barreira para conquistar os mercados da União Europeia e dos Estados Unidos na área de biocombustíveis. Estes países, especialmente os europeus, travam negociações com o Brasil, alegando preocupações com o desmatamento e a competição entre a produção de alimentos e de algumas das matérias-primas dos biocombustíveis.

“É uma barreira falsa, que impede o país de avançar e se tornar líder mundial neste setor”, contestou o vice-presidente do Conselho Temático da Agroindústria (Coagro) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Pedro Robério, durante a primeira reunião ordinária do colegiado de 2025, realizada em Maceió-AL, nesta sexta-feira (28).

Segundo ele, o conselho temático convidou dois especialistas renomados para discutir o tema e subsidiar as ações em defesa do setor, que tem condições de atender às exigências dos mercados internacionais. “O Brasil não cresce mais porque estes mercados estão travados por conta de alegações falsas, que dificultam as negociações. Vamos atuar para dissolver essa resistência e mostrar que o país é o mais preparado para liderar o mercado de biocombustíveis no mundo”, disse Robério.

Reunido pela primeira vez fora de Brasília-DF, o Coagro acompanha a legislação, estuda e debate o aperfeiçoamento das regras, dos regulamentos e da tributação que impactam a agroindústria. O conselho também busca estreitar o diálogo entre empresas, governo e parlamentares para garantir a expansão do segmento.

O Conselho é liderado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra de Andrade, que fez a abertura da reunião. “Essa mobilização é muito importante porque, hoje, a agroindústria tem um peso muito grande para garantir o equilíbrio da nossa balança comercial. Esta é uma pauta a ser defendida tanto pelo setor produtivo quanto pelo governo”, afirmou.

O primeiro convidado foi o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, que ressaltou o trabalho feito no país pela sustentabilidade. “A gente tem trabalhado do ponto de vista técnico, no desenvolvimento de novas tecnologias que permitam menores emissões de carbono, tanto da produção agrícola quanto na produção de biocombustível. E a gente tem que trabalhar muito para, efetivamente, demonstrar a sustentabilidade desses sistemas criativos no Brasil”, disse.

A segunda convidada foi a sócia e pesquisadora sênior da Agroicone, Luciane Bachion. Os números apresentados por ela na reunião do Coagro revelam que, entre 2000 e 2010 e 2010 e 2020, o desmatamento no Brasil registrou queda de 50%. Além disso, o país conta com alternativas para a produção de biocombustíveis que evitam o impacto sobre a produção de alimentos.

Segundo ela, o Brasil tem grande potencial para atender à demanda de biocombustíveis para aviação (SAF), por exemplo, sendo um dos principais produtores de matéria-prima. Além dos entraves impostos, principalmente, pela União Europeia, ela diz que o país precisa investir para agregar valor à sua produção e evitar a exportação de insumos seguida da importação do combustível refinado.

“Para superar as barreiras internacionais, o Brasil tem que demonstrar que sua produção não compromete a segurança alimentar, utilizando áreas de pastagem degradadas e tecnologias como o etanol de milho de segunda safra. O país aposta na conciliação entre biocombustíveis e produção de alimentos para se firmar como líder sustentável no setor”, afirmou.

A reunião contou com a participação do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Luiz Baptista Lins Rocha; dos representantes da CNI, Cássia Cajueiro e Fabrício Silveira; das federações das Indústrias de Mato Grosso do Sul, Amaury Eduardo Pekelman, da Paraíba, Edmundo Coelho Barbosa, de Pernambuco, Renato Augusto Pontes Cunha, de São Paulo, Jacyr da Silva Costa Filho. Também estavam presentes no encontro os representantes da Abramagro, Manoel Gomes; Abag, Henrique Araújo; da Abiq, Fábio Scarcelli; e CICB, Emílio Carlos Bittar.